quinta-feira, 31 de maio de 2007

Retrato de família

Adieu Quebec, Adieu Canadá!

Hoje é o nosso vôo. Primeiro vamos pegar um avião até Toronto (1 hora de vôo) e depois um para São Paulo (11 horas de vôo) e depois eu ainda tenho que pegar um para o Rio (mais 1 horinha). Sendo que vou passar umas 10 horas no aeroporto de São Paulo esperando por esse último vôo.

É o fim da nossa jornada mas não o fim da história. Vamos continuar postando Workshops atrasados, histórias e feedbacks sobre bastante coisa que aconteceu aqui no Canadá e não tivemos tempo de colocar no Blog. Vamos manter vocês atualizados sobre o lançamento dos filmes na web, exibições em festivais etc...e também vamos estar postando datas e feedbacks sobre as palestras e Workshops que nós daremos no Brasil, eu no Rio e Jonas em São Paulo.
Além de fotos e vídeos de passeios, viagens e outras aventuras.

Bom, até lá! Vejo vocês no Brasil!

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Debutante animada - Jornal o Dia (Kamille Viola)

Anima Mundi chega a sua 15ª edição, em junho, consagrado como evento de animação que mais atrai público no mundo. E com o mérito de ter estimulado a produção nacional.

Rio - Em junho, o Anima Mundi chega à 15ª edição, com o status de terceiro mais importante festival de animação do mundo — atrás dos de Annecy, na França, e Hiroshima, Japão — e o de maior público. Mas seu principal mérito é ter estimulado a produção nacional em animação. O evento, de 29 de junho a 8 de julho no Centro Cultural Banco do Brasil e na Casa França-Brasil (além da edição em São Paulo ), foi essencial para o desenvolvimento e crescimento do mercado brasileiro na área.

“Em 1993, quando começou, o Anima Mundi fez uma retrospectiva de tudo o que Brasil tinha produzido em curtas-metragens autorais de animação. No ano seguinte, tinha um filme brasileiro. Essa era toda a produção nacional. Em 1995, não tinha nenhum”, lembra o animador Marcelo Marão, 35 anos, que participou da competição cinco vezes e levou dois prêmios: pelos curtas ‘Chifre de Camaleão’ (2000) e ‘Engolervilha’ (2003).

“Em 1996, terminei ‘Cebolas São Azuis’ e tinha cinco filmes brasileiros competindo. Por mais ridículo que pareça, na época isso foi saudado como um renascimento da produção brasileira. Este ano, foram mais de 300 curtas brasileiros inscritos”, comemora ele.

O Anima Mundi também foi importante ao dar acesso, em tempos pré-YouTube, ao melhor da produção estrangeira. O longa ‘A Viagem de Chihiro’, de Hayao Miyazaki, foi visto por aqui pela primeira vez no festival, em 2002. O francês ‘Bicicletas de Belleville’, de Sylvain Chomet, foi mostrado em 2003 no evento. ‘O Velho e o Mar’, de Alexander Petrov, vencedor do Oscar de melhor curta de animação em 2000, foi exibido pelo Anima Mundi no mesmo ano.

Os debates e workshops trouxeram gente do quilate do brasileiro Carlos Saldanha, um dos diretores de ‘A Idade do Gelo’; Jason Spencer-Galsworty, de ‘A Fuga das Galinhas’, e Doug Sweetland, da Pixar, entre outros. “É um dos pontos altos do festival. Você vê coisas que não veria no circuito e sai dali cheio de idéias”, diz Eliane Gordeeff , uma das autoras de ‘Sete Kptais’, selecionado para este ano. “Fiz um workshop em 2002 e no ano seguinte tive um filme escolhido”, conta Erica Valle, que agora concorre com ‘Primeiro Movimento’.

PREMIADOS DE TODO O MUNDO

A 15ª edição começa dia 29 de junho, mas a lista dos concorrentes aos prêmios já foi divulgada. Entre os destaques, Bill Plympton, que teve dois curtas selecionados: ‘Don’t Download This Song’, clipe de Weird Al Yankovic, e ‘Shut Eye Hotel’. Ian Mackinnon, do estúdio que fez os bonecos de ‘A Noiva-Cadáver’, participa com ‘Adjustment’, que já levou vários prêmios e concorre também no Festival de Annecy, na França, o mais importante do mundo. Também merecem atenção ‘Lavatory — Love Story’, novo curta do russo Konstantin Bronzit, já premiado no festival; ‘Chestnuts Ice Lolly’, de JJ Villard, que já teve filme exibido em Cannes, e ‘Conte de Quartier’, de Florance Miailher, que competiu em Cannes ano passado.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Fim da Linha

Agora é oficial. ACABOU.... acabo de sair da sala de cinema onde fizemos o mix final do som com a versão final do filme. Não foi fácil...o que segue é um resumo de todo o drama que rolou nos últimos 2 dias.

22 de Maio: Online
Chegamos cedo na NFB (eu e Jonas) para nossa sessão de Online que foi feita ao mesmo tempo para os dois filmes e para abertura da Torill.

Basicamente o que fazemos no online é corrigir as cores já que toda nossa edição é feita offline (na sala de avid e final cut). Quando um documentário vai para o online se faz muito mais edição que numa animação.

Eu não sei se entendi bem essa parte mas acho que a grande diferença do online e do offline é a seguinte: Quando editamos offline vemos uma versão preview (com compressão) do filme numa ilha comum (um bom Mac com avid ou final cut já é o bastante). Dai não temos conexão nenhuma com a imagem final mas podemos fazer o 'básico' da edição em tempo real (cortes, movimentos de câmera etc).

Depois de todo esse grosso feito vamos para a ilha online, onde usamos um equipamento super caro (o software principal se chama Symphony) para ver como a imagem final vai se comportar no monitor de tv, numa tela de LCD widescreen etc. A ilha online é tão cara que não podemos usa-la por muito tempo. Temos que marcar hora e usar da melhor forma o tempo que temos... Existe uma fila inacabável de filmes da NFB esperando para passar pelo online (por isso existe a edição offline para o grosso, que é muito mais barata).

O meu problema foi que meu filme tem várias cores e todas elas estavam em movimento, com degrades e chapadas em um mesmo arquivo de vídeo.... Isso significa que para corrigir qualquer problema tínhamos que ir frame a frame e isso não era uma opção viável. A outra opção seria ter elementos separados em diferentes layers.

Por sorte 70% das cores funcionaram bem mas o azul no final ficou verde e sem nenhuma saturação... O que tivemos que fazer então foi re-renderizar algumas coisas separadas do meu projeto de After para poder isolar o fundo azul e corrigir as cores. Isso é muito fácil quando você tem tempo mas estávamos no meio da sessão quando decidimos por essa solução.

O que resultou numa corrida final para ter tudo pronto até as 17:00 quando a fita final tinha que ser gravada. Entre uma e outra correção David (o técnico do Online) fez o filme do Jonas e da Torill.... No fim eu já estava uma pilha de nervos :) Principalmente porque até aquele momento eu havia estado bem tranqüilo quando aos meus prazos e resultados. Eu tinha bastante tempo para corrigir cores ou renderizar elementos separados SE eu soubesse que iríamos precisar disso na última hora. Na verdade eu nem sabia que podíamos fazer isso na sessão de online... Houve uma certa falta de comunicação nesse caso... Tudo porque o Online é algo caro e fechado (quem sabe dos detalhes está trabalhando e quem não sabe não pode ajudar muito).

No fim acabamos conseguindo. Não acho que ficou perfeito meu online mas é o projeto Hot House (fazemos o que podemos).

22 de Maio: Final Mix
No dia seguinte pensei comigo que não teríamos mais nenhum problema mas quando chegamos na sessão descobrimos que a versão final que saiu do online havia sido fechada com 23.98 frames por segundo e não 24 como deveria ter sido.

Pra quem sabe o que significa até faz sentido porque quando você converte de 24 frames por segundo (que é o fps original no qual animamos) para 23.98 fps fica mais fácil para irmos para 29.97 que é a contagem para vídeo (TV, DVD etc) sem perdas.... Entendeu? Nem eu....

O que acontece é que toda essa conversão técnica não casa com a música e acabou que tínhamos que esperar o vídeo com 24fps para finalizarmos o Final Mix. Enquanto isso trabalhamos com a versão do filme que tínhamos que era o meu Picture Lock. Isso foi bem ruim porque essa versão não tinha toda a animação que precisávamos.... Só na última hora de Final Mix é que usamos a versão final do filme.

O filme abaixo além de provavelmente estar fora de sync ainda mostra o vídeo antigo.


Quanto a edição de áudio do Final Mix acho que foi ótima. Esgotamos as possibilidade, testamos diferentes efeitos para os momentos de impacto e acho que fizemos o melhor que podíamos.

Fechamos bem essa parte e agora só vou ver a versão final mesmo na segunda quando nossos filmes vão passar na sala de cinema, com o público (pela primeira vez) e com o mínimo de compressão possível.... Ou melhor, vai ser o dia decisivo para ver a reação que as pessoas vão ter sobre o filme.

Eu sai da sala de cinema (após a sessão de Final Mix) com uma sensação estranha... é engraçado porque sei que algumas pessoas vão odiar, outras vão andar e outras vão gostar... e provavelmente eu mesmo vou acabar odiando o filme daqui a alguns anos. Mas a sensação continua. É uma mistura de saudade antecipada disso tudo + dever cumprido + acho que fiz M. Não sei explicar.

sábado, 19 de maio de 2007

The Bill Plympton Show!

Antes de ontem fomos à Cinemateca de Quebec para assistir ao Workshop do Bill Plympton.

O cara é muito engraçado. Faz bem o tipão Cartunista Americano, sacando piadas de humor negro a torto e a direita. Não esconde que a sua intenção é viver fazendo o que gosta: Filmes de animação que fazem as pessoas rirem e o fazem viajar pelo mundo inteiro ganhando algum dinheiro.

O próprio workshop é parte dessa "estratégia de sobrevivência do animador independente"... Ele sai por ai dando o que ele chama de "The Bill Plympton Show" que é como se fosse uma comédia de palco (ou Stand Up Comedy como eles chamam por aqui). E a coisa parece ser bem ensaiada, ele conta as mesmas piadas e técnicas em todos os lugares... como podemos ver nos vídeos da UCLA e da Creanimax.

Ele começou falando bastante dos macetes e regras que ele usa para seus filmes. O primeiro ele chamou de Dogma para fazer curtas de animação de sucesso.
Dogma para fazer curtas de animação de sucesso:

  1. Curto: Isso significa algo entre 3 e 7 minutos. Filmes curtos não deixam a platéia de saco cheio, são mais fáceis de tapar buracos de programação para os compradores (brodcasters) e ficam prontos mais rápido. O curta acaba sendo o preferido de outros tipos de compradores também... como por exemplo a sociedade de câncer do pulmão que comprou o curta 25 maneiras de parar de fumar. O Filme é o mais bem sucedido comercialmente e dá dinheiro até hoje.

  2. Barato: Não contratar uma equipe gigante, não fazer um estilo impossível, não gastar dinheiro com efeitos especiais, não usar talentos de voz super conhecidos, não desenhar todos os quadros da animação (full animation ou by1).... em outras palavras: Manter simples e direto ao ponto. Ele diz que os filmes dele ficam com custo em torno de $1.000,00 (dolares americanos) por minutos e que mais de $5.000,00 por minuto fica difícil de dar lucro.

  3. Engraçado: "Quando as pessoas vêem um filme de animação elas esperam rir!"...Bill acha que rir tem um efeito medicinal e que é muito mais fácil um filme ser bem sucedido de for engraçado do que se for "chato".
Conclusão: O filme perfeito pra ele é "Bambi versus Godzilla" de Marvin Newland que é bem curto, super barato e muito engraçado. O filme só tem 15 quadros de desenho.


Ele falou bastante dos filmes de Don Hertzfeld também. Super baratos e super engraçados.

Esse vídeo é a abertura do Animation Show (como vocês podem perceber) que está rolando aqui em Montreal. Nós vamos tentar comparecer nas duas semanas que ainda nos restam, fiquem ligados para um post sobre isso.

Por outro lado, depois de ensinar tudo isso ele também diz: "O que eu sei na verdade!? Eu nunca ganhei um Oscar!"... Essa história toda é só o jeito que ele escolheu fazer seus filmes: "O filme Ryan por exemplo! É grande, caro e nem um pouco engraçado e ganhou um Oscar". Na verdade ele diz ainda que nem sabe porque o filme "My Face" foi nomeado, pra ele é uma idéia estúpida sobre a música que deu pra fazer na época com o dinheiro que ele tinha ...e é só isso!

Sinto que a todo momento ele transforma a própria obra em piada. Na verdade o mundo para ele é uma piada. Isso ficou bem claro ao assistir "O Sábio" onde Bill faz pouco da seriedade da filosofia e mostra sua própria filosofia 'escrachada' de vida. Como ele mesmo disse: "Pra mim todo animador deveria ter 8 anos de idade" e muitas vezes parece que ele tem mesmo (ou pelo menos uns 18 :)

Por outro lado ele afirma que sua carreira começou mesmo quando ele foi nomiado ao Oscar e numa segunda parte do Workshop dá uma lista de como mandar seus filmes para festivais que começa com o próprio...

Como mandar seus filmes para os festivais:
  1. Oscar: Mandar primeiro para o Oscar (todos acharam que ele estava brincando e houve uma grande gargalhada na sala)..."Funcionou com o Ryan!" - Disse ele sério... Para mandar você precisa pagar $400,00 (dolares americanos) para um cinema em Los Angeles exibir o filme durante algumas semanas (4 eu acho). Dai você passa a ser elegível para lista do Festival. Qualquer um pode entrar na lista. O Oscar então escolhe dos elegíveis os melhores (o que é chamado de Short List). Dessa Short List eles fazem mais uma seleção de onde saem então os nominados ao Oscar. Parece que no Oscar eles tem até categoria de estudantes e etc... Ou melhor, funciona quase como um festival normal.

  2. Cannes: Todos os compradores estão lá. Ótimo mercado para vender seus filmes.

  3. Sundance: Melhor lugar para curtas independetes.

  4. Annecy: "Se eles gostarem do seu filme vale a pena, vão te tratar como um rei". Ótimo mercado também.

  5. Os outros: Ottawa, Hiroshima, Zagreb, Stuttgart, Clermont Ferrand etc... O Anima Mundi infelizmente não entrou na lista... certamente porque ainda não tem o tipo de "mercado"($$$) que animadores como o Bill procuram.
O Workshop continuou assim. Como ganhar dinheiro e ser bem sucedido... Como ir aonde está o 'negócio' e como fazer seu 'marketing pessoal'...Notas de dinheiro voaram para todos os lados e... Digo, ele não falou de marketing pessoal mas na saída ele fez um desenho para cada pessoa dentro da sala em um cartão postal do seu novo filme. Vendeu livros e DVDs baratos e deu autógrafos em todos.
Outra dica que ele deu foi como tirar o máximo de grana dos seus filmes:
  1. Cinemas: Vender seus filmes para shows, compilações e exibições em cinemas (após ter colocado em todos os festivais possíveis, é claro). Um dos que pagam melhor é o Animation Show (já citado acima)... Ele disse que conseguiu $5.000,00 por "Guide Dog", o que já pagou praticamente toda a produção do filme.

  2. Exibições privadas (fora dos cinemas): Escolas, livrarias, corporações, linhas aéreas, hospitais, associações etc... Como os filmes dele sempre tem um teor "educativo" vale a pena explorar bem esse tipo de mercado.

  3. TV: Depois de fazer todas as exibições privadas possíveis vamos para os broadcasters (o que quer dizer que agora você está a um passo de perder o seu filme já que fica mais fácil de copiar em casa). Para as TVs do mundo inteiro ele faz contratos de 2 anos não exclusivos. O que quer dizer que ele pode vender para duas TVs no mesmo território. Pelo que eu entendo quer dizer que você vai cobrar menos para exibirem o filme mas em compensação você evita a famosa geladeira ou coisa parecida... O que quer dizer que o canal de TV não pode vetar seu filme se eles quiserem.

  4. DVD: Singles, Compilações e Especiais. Os singles são os DVDs que possuem apenas um curta (o que pra mim não é muito justo mas acho que o Bill não vende muitos singles).

    As compilações são um conjunto de curtas em um só DVD que podem ser de apenas um autor ou de um grupo de diretores (como é o caso do DVD Avoid Eye Contact feito apenas por diretores de Nova York).

    Os especiais são compilações que reunem filmes de um único tema. Um dos especiais que estavam a venda era uma compilação de filmes Ambientais que ele fez. A vantagem dos especiais é que eles apelam para a necessidades dos compradores. Por exemplo: Se você é um ativista do green peace provavelmente vai comprar o DVD ambiental, se você é um animador vai preferir o Collection of 2005 Academy Award Nominated Short Films.

    A NFB também faz muito isso, o problema é que se você acaba comprando o mesmo filme duas ou três vezes para poder ter todos os filmes que você quer comprando os especiais e as compilações. É tipo um macete para empurrar alguns filmes que nunca vendem também...vale a pena se você for comprar só uma compilação, mas dai ela tem que ser muito boa.... bom, acho que vocês entenderam o truque :)

  5. Internet: O próximo passo é a internet. Itunes foi basicamente o mercado que ele citou. Faz sentido. Depois que você explorou todas de todas as formas rentáveis você vai para web mas apostando em uma ferramenta que já funciona bem... Tipo, algumas pessoas (talvez não no Brasil ainda mas certamente em outros paises como EUA e Canadá) pagam um preço (pequeno mas considerável em termos de web) para dar download dos filmes e colocar em seus Ipods. Existem outros canais como sites que pagam por visualização de conteúdo etc... Um problema sério que ele aponta é o You Tube, claro, já que os filmes estão sendo exibidos sem retorno.

    Ele também citou a web como uma boa forma de promoção e merchandizing para produtos como DVDs, posters, livros, arte original (tipo frame dos filmes) etc.

  6. Comissão: O último retorno financeiro citado são os trabalhos comissionados que virão através da publicidade que o filme vai fazer por você: Comerciais de TV, Workshops e palestras etc... Abaixo dá pra ver como os filmes podem trazer esse tipo de retorno.



No dia seguinte exibiram alguns filmes no mesmo local: Os primeiros e os melhores trabalhos da carreira. Também foi exibido um filme que ele fez tirando sarro de animação abstrata. Depois desse veio um filme abstrato tirando sarro das animações dele feito por um outro diretor. Foi bem engraçado porque o filme era uma brincadeira com os filmes de Norman Maclaren mas no centro de tudo sempre viamos um frame do filme "My Face" e diversos sifrões ($) voando pela tela. Acho que Bill não gostou desse filme quando ele foi lançado mas agora parece que ele faz como todo o resto: Leva na Brincadeira.

Nesse segundo dia a Martine Chartrand também foi ao evento e descobrimos que ela é uma amiga antiga do Bill. Acabou que ela nos chamou pra Jantar com ele! Fizemos vários desenhos no papel da mesa do restaurante que demos de presente uns para os outros. Reclamou-se bastante do You Tube e todos encheram a cara de vinho....Foi um dos melhores vinhos que já bebi... e melhor ainda porque foi pago pelo curador de animação da Cinemateca de Quebec que estava com a gente :)

(da esquerda para direita) Diego Stoliar, O curador da Cinemateca, Bill plympton, Martine Chartrand, o marido dela e Jonas Brandão.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Terminamos!!

Ahhh. Finalmente. Ontem entregamos nossos filmes. Estou bastante contente com os resultados! Agora, estou ansioso para ouvir ao som final que o Luigi preparou. Eu ouvi apenas o começo da edição, mas não sei como ficou, no final das contas. Vou ver só na semana que vem, quarta feira, dia da nossa mixagem final.

Essa semana foi muito tensa. Eu tinha várias pequenas coisinhas pra mudar. E várias pequenas coisinhas dão um trabalhão, porque são várias, então eu fiquei muito tempo consertando tudo. Agora, que tudo está pronto, sinto o bom compromisso do "dever cumprido".

Aí vai um trechinho do vídeo final. :)





Agora, temos praticamente duas semanas só pra explorar Montreal. Semana que vem vou fazer outra visita ao pessoal da Toon Boom. Eles foram muito gentis em nos ceder duas licenças do Toon Boom Solo e do Toon Boom Storyboard para realizarmos os filmes. No meu caso, eu fiz o filme todo 99% no Solo. O 1% se deve a uns poucos ajustes que eu acabei fazendo no after. Nada importante. Vamos assistir a algumas produções feitas nos softwares lá na Toon Boom. E, de quebra, o Sergio de La Cruz, vendedor da Toon Boom, vai tentar marcar umas visitas a alguns estúdios de Montreal. Se a gente tivesse mais tempo e dinheiro, ele teria nos levado a Toronto e Ottawa. Muitos dos estúdios canadenses importantes estão por lá.

terça-feira, 15 de maio de 2007

Eliana Russi

Durante a nossa vinda para o Canadá, fizemos bons amigos, e conhecemos pessoas muito competentes e extraordinárias. Uma dessas pessoas, e uma colega nossa, é a Eliana Russi. A Eliana trabalhava no Consulado Geral do Canadá, e é uma das principais responsáveis pela nossa vinda aqui e da aproximação cultural Brasil-Canadá. Ela agora está deixando o consulado, e está indo para a ABPI-TV, onde certamente irá realizar um ótimo trabalho.

Segue abaixo a carta que Eliana mandou a todos os que estiveram envolvidos com o seu trabalho de alguma forma:


"Caros amigos e parceiros e colegas,

Nos últimos 3 anos implantei e desenvolvi Consulado Geral do Canadá o setor de Arte e Indústrias Culturais, com forte enfoque no audiovisual, acredito que foi um bom trabalho, muitas parcerias se fizeram, muitos projetos já estão em desenvolvimento e agradeço imensamente o apoio, profissionalismo e amizade de todos que compartilharam esse momento.

O esforço terá continuidade, as empresas canadenses e o Governo do Canadá têm interesse em manter fortes os laços de cooperação e comerciais.

Eu me despeço, novamente agradecendo a colaboração de todos e me coloco à disposição na Associação Brasileira de Produtores Independentes de Televisão, ABPI-TV, na função de Gerente Internacional, onde tenho o objetivo de fortalecer a presença comercial da produção de conteúdo audiovisual independente brasileiro no mercado internacional."

Muito obrigado pela força Eliana, e muita sorte e sucesso no seu novo trabalho!

segunda-feira, 14 de maio de 2007

GE996

Achei esse curta num site chamado Daily Motion. Ele foi feito por um artista chamado Pistachios.

Acho que tem alguma coisa a ver com meu filme.


Tirando a cena da boca no espaço gostei bastante, diz alguma coisa próxima do que eu quero dizer...não sei se isso faz sentido mas vai lá, o curta vale a pena.

O outro vídeo dele chamado Curare também é bem legal.

The Thief and the Cobbler

Em meados dos anos 60, o animador Richard Willians, responsável pela direção de animação de "Who frames Roger Rabbit", começou um projeto de longa de animação que demorou 26 anos para ser completado. O projeto recebeu o nome de"The Thief and the Cobbler", e foi finalmente finalizado e exibido em 1993.
Durante todo esse tempo, Richard Willians se dedicou ao filme longa durante suas horas vagas. Assim como Orson Welles, Willians pegava trabalhos pra TV para poder financiar o seu projeto. Foi nesse período que ele contratou alguns dos famosos "Nine old men", como Ken Harris e Art Babbit, para trabalhar no filme. Nessa época, Willians assistiu esses animadores em algumas sequências, de modo a aprender muito com eles. No "Animator`s Survival Kit", Willians comenta um pouco sobre a experiência.

O filme tem um visual super bonito, inspirado por arte persa, arte moderna, Escher, e um monte de outras referências. Segundo Richard Willians, para a Animation Magazine, ele havia feito todo o filme sem storyboard, de maneira a deixá-lo muito mais livre para criar.

Trailler do filme


O filme de independente passou pelas mãos de muitos estúdios, para poder ser finalizado e distribuido. Em 91, o filme estava sendo financiado pela Warner. Nesta mesma época, a Disney havia começado a trabalhar em Alladin, o que seria um adversário comercial para a Warner. A Warner pediu a Willians para elaborar uma versão do filme com sequências finalizadas, e o que não estivesse finalizado que fossem inseridas imagens do storyboard, para mostrar pros investidores. Como Willians não tinha feito nenhum storyboard, ele acabou fazendo pra essa exibição. Dizem que a Warner se irritou com o não comprometimento com os prazos de Willians, e não gostou da versão do filme que ele fez para mostrar pros investidores. Então Willians foi afastado do filme, e a produção foi para outro estúdio, que teve a meta de terminar o mais rápido e barato possível.

Acabou que o filme foi super modificado... colocaram diálogos no filme, coisa que originalmente ele quase não tinha... eliminaram sequências inteiras animadas, porque não gostavam de uma das personagens que aparecia... trocaram as vozes originais, colocaram cenas musicais... acabou que o filme foi finalizado, e muito mal exibido e distribuido. Foi lançado em VHS, em poucas cópias. O filme hoje é artigo de colecionador, e circula no submundo dos animadores em cópias de cópias. No Youtube é possível encontrar alguns vídeos relacionados ao filme.

Cena estilo Escher


Uma sequência do filme misturada com storyboard


Richard Willians trabalhando no filme

domingo, 13 de maio de 2007

Festival Internacional de Animação Erótica

Uhhh lá lá, está nu ar u site du Festival de animacion erótíca de 2007. Graaauuu....

Não, falando sério. Tem um clipezinho dos vencedores do ano passado no You Tube.


1)Deu no Jornal
2)Soda Sexo
3)Engolervilha (E a internacionalmente famosa cena da galinha)

Dêem uma olhada no site do Festival esse ano.

Mais do curso da NFB nos anos 80

Segue o texto enviado por Marcos Magalhães que fala sobre a criação do Curso da NFB nos anos 80. Tomei a liberdade de linkar os assuntos com informações relevantes e curiosidades. Divirtam-se:

O curso de animação do Núcleo de Animação da Embrafilme foi a primeira atividade do CTAv, construído graças ao primeiro acordo com o NFB nos anos 80. Em 1984, eu fui chamado por Carlos Augusto Calil, diretor de operações não-comerciais da Embrafilme e responsável pela aproximação com o Canadá, para organizar o projeto de animação do Centro, junto com o NFB.

Aqui conto uma historia curiosa:

Alguns anos antes, em 1981, eu morria de vontade de ir ao Canadá conhecer meu grande ídolo (e de quase todos os animadores da época e de hoje) Norman McLaren. Havia a chance de conseguir bolsas, pelo consulado e pela própria Embrafilme.

Neste ano veio ao Brasil um animador canadense (Jean-Thomas Bedard) para falar sobre o NFB na Cinemateca do MAM. Foi como um "papo animado" (do Anima Mundi) em que ele mostrou seus filmes ("Age de Chaise" era o mais famoso, por ter sido recentemente premiado em festivais) e falou do trabalho no NFB. No final, formou-se aquela clássica fila do gargarejo, com todos querendo falar e perguntar coisas ao convidado.

Eu era muito tímido e não quis insistir. Preferi sair e ir deixar minha namorada em casa. Ao descer no ônibus no Leme ficamos andando na calçada e eu lamentando a timidez e a oportunidade perdida... de repente, olho para uma pessoa vindo na direção contrária e era... o canadense que acabáramos de ver no MAM! Tremenda coincidência. Ali, foi muito fácil me apresentar e logo fomos tomar chope na Fiorentina e iniciar uma amizade.

Com as dicas do Jean-Thomas, me animei a tentar a ida ao Canadá e acabei conseguindo a bolsa que me fez viver um estágio pouco usual na época no NFB, pioneiro ao próprio Hot-House ( três meses, ampliados depois para cinco, de outubro de 1981 a março de 1982). Foi quando fiz o meu filme ANIMANDO e encontrei o mestre Norman McLaren, que me ajudou muito no filme.

Jean-Thomas confirmou sua amizade, inclusive nos ajudando (a mim e a minha namorada, que já se tornara minha esposa) a encontrar apartamento em Montreal e nos adaptar a esta vida estranha e gelada daí...

Pois bem, quando fui chamado para o trabalho do Núcleo me pediram indicações ou aprovação de nomes de animadores canadenses que estariam querendo vir ao Brasil para um trabalho mais longo, como professores de animação. Entre eles, estava o Jean-Thomas e o Pierre Veilleux, que foram escolhidos em comum acordo.

A próxima etapa era procurar os animadores brasileiros aptos a seguir o curso. Tarefa árdua, pois havia muito poucos no mercado. O medo era de indicações políticas e pistolões que arruinariam o bom projeto do curso. Para evitar isso, propus ao Calil uma excursão pelo Brasil para catar os animadores em suas cidades. Isso aconteceu, em cerca de 15 capitais, onde eu anunciava no principal cinema cultural da cidade o futuro Núcleo, exibia filmes canadenses e brasileiros e convidava animadores presentes a se inscreverem.

Hoje em dia me orgulho bastante desta seleção finalizada em conjunto com os canadenses. Todos os 10 tiveram bastante influência (ou continuam tendo) na formação e multiplicação da arte da animação no Brasil. Isso era o principal objetivo do projeto.

Aqui vale ressaltar um texto relevante sobre a criação do Anima Mundi e o papel que o Núcleo de Animação da NFB teve nessa história. Voltando ao texto do Marcos:

Desta forma, reunimos o Núcleo inicial de 10 alunos de todo o Brasil, a maioria na faixa de 20 e poucos anos:

  • Aida Queiroz - Mineira de Belo Horizonte, aluna da UFMG. Hoje co-diretora do Anima Mundi e da Campo4 Desenhos Animados.
  • Cesar Coelho - Cartunista carioca, formado em Belas Artes na UFRJ. Hoje co-diretor do Anima Mundi e da Campo4 Desenhos Animados.
  • Fábio Lignini - Animador de uma pequena empresa em Belo Horizonte, a "Pirilampo". Fez o curta mais premiado do CTAv, "Quando os Morcegos se Calam", entre outros vencedor do Festival de Hiroshima na categoria "Primeiro Filme". Hoje animador senior da Dreamworks em Los Angeles.
  • Rodrigo Guimarães - Arquiteto e animador gaúcho, hoje diretor da empresa Dr. Smith.
  • Léa Zagury - Designer formada na PUC, carioca. Fez mestrado na Cal Arts, em Los Angeles. Hoje co-diretora do Anima Mundi.
  • Patricia Alves Dias - assistente de cinema, pernambucana de Olinda, hoje produtora da MULTIRIO.
  • Telmo Carvalho - desenhista gaúcho, então radicado em Vitória, ES. Telmo hoje faz oficinas de animação por todo o Brasil e realizou vários curtas premiados.
  • Cao Hamburger - então animador de filmes super-8 em São Paulo, não pôde concluir o curso pois no meio do mesmo ganhou a verba para fazer o primeiro curta (Frankenstein Punk) de sua hoje gloriosa carreira de cineasta e diretor de TV.
  • José Rodrigues Neto - arquiteto cearense, o mais velho da turma (já estava perto dos 40), foi depois responsável pelo Núcleo de Animação de Fortaleza. Fez o curta esotérico "Evoluz", muito interessante.
  • Daniel Schorr - formado em comunicação na PUC, carioca. Meu ex-sócio na Oficina de Cinema de Animação (em Vila Isabel, no Rio) e na revista universitária de cartuns "Art&Manha". Participou do primeiro grupo que fundou o Anima Mundi. Hoje é um dos diretores brasileiros trabalhando no National Film Board do Canadá.
Depois da primeira fase apenas cinco destes alunos (Aida, Cesar, Patricia, Fábio e Rodrigo) ficaram para a segunda fase quando produzimos o filme coletivo "ALEX", em 1986. Os que sairam continuaram suas carreiras ou iniciaram a regionalização do projeto, levando trucas 16mm para Núcleos Regionais em seus estados.

Marcos Magalhães.

sábado, 12 de maio de 2007

Curso da NFB nos anos 80


Foto1 - Jean-Thomas Bedard.


Foto2 - Aida Queiroz.


Foto3 - Jose Rodrigues Neto.


Foto4 - Daniel apresentando as suas primeiras idéias de projeto final do curso para os professores e turma.
Na primeira mesa: Rodrigo Guimarães.
Na segunda, de costas: Aída Queiroz e Cesar Coelho. Lea Zagury escrevendo.
Na esquerda: os três professores - Jean-Thomas Bedard, Marcos Magalhaes (escondido atrás do Jean) e Pierre Veilleux.
Na terceira mesa: Fábio Lignini, Patricia Alves Dias, Cao Hamburger e Telmo Carvalho.


Foto5 - César Coelho.


Foto6 - Rodrigo Guimarães.


Foto7 - Marcos Magalhães e Patricia Alves Dias.
Detalhe do livro: "O que é BUROCRACIA" - Marcos procura entender a Embrafilmes e a National Film Board.


Foto8 - As obras no recém ocupado CTAv para construção dos estúdios de som. O prédio antigamente pertencia à Merenda Escolar, lá eram feitas as refeições para as escolas publicas do Rio de Janeiro. Ao ser transformado em centro de produção de filmes tudo foi reformulado (com projeto brasileiro e equipamentos canadenses). O Núcleo de Animação foi o primeiro a funcionar
e os primeiros filmes foram feitos em meio a poeira e barulho de obras. Quem já trabalhou com acetato, pode imaginar como é difícil lidar com poeira.


Foto9 - Um dos técnicos de cinema formados em estagio no NFB na época ajudando Pierre Veilleux a descarregar uma das 4 trucas 16mm portateis trazidas para o projeto e
depois distribuídas a varias cidades no Brasil.


Foto10 - Em algum restaurante de Vila Isabel ou São Cristovão (lugares mais habitáveis perto do CTAv).

Da esq p/ dir: Rodirgo Guimarães, José Rodrigues Neto, o garçon, Patricia Alves Dias (de costas), Sida, Jean-Thomas Bedard e Pierre Veilleux.


Foto11 - No refeitório do CTAv.

Da esq. p/ dir: Rodrigo Guimarães (RS) , José Rodrigues Neto (CE), César Coelho (RJ), Daniel Schorr (RJ), Telmo Carvalho (ES - escondido), Fabio Lignini (MG), Patricia Alves Dias (PE),
Lea Zagury (RJ).


Foto12 - Pierre e Aida Queiroz (MG).


Foto13 - Daniel Schorr (primeiro plano), Pierre e Aida Queiroz (fundo).


Foto14 - Fábio Lignini e Rodrigo Guimarães.


Foto15 - César Coelho e Rodrigo Guimarães.


Foto16 - Léa Zagury e Daniel Schorr.


Foto17 - Ainda sem descrição.


Foto18 - César Coelho, Fábio Lignini, Rodrigo Guimarães, Patricia Alves
Dias (de costas), Daniel Schorr e Telmo Carvalho (de costas).


Foto19 - Telmo Carvalho, José Rodrigues Neto e Fábio Lignini.


Foto20 - Fábio Lignini.


Foto21 - Daniel Schorr experimentando muletas para o exercício de animação
caminhadas, orientado por Jean-Thomas Bédard. Ao fundo: Lucia Mello,
assistente de produção do Núcleo, e Telmo Carvalho.


Foto22 - Léa Zagury, Pierre Veilleux e César Coelho.


Foto23 - A primeira turma do Núcleo (1985) trabalhando com animação sobre a
película.

Na mesa da frente: Patricia Alves Dias (de costas).
Do outro lado: Rodrigo Guimarães e Aida Queiroz.
Na segunda mesa: César Coelho (de costas), Cao Hamburger e Lea Zagury.
Ao fundo:José Rodrigues Neto.


Foto24 - Rodrigo Guimarães na truca 16mm.


Foto25 - Léa Zagury na truca.


Foto26 - Daniel Schorr na truca.


Foto27 - Fábio Lignini.


Foto28 - Jean-Thomas Bedard e Telmo Carvalho filmando o filme do Telmo ("O
Musico e o Cavalo") na truca 16mm.


Foto29 - Pierre (camisa listrada ao fundo), Daniel (camisa azul) e técnicos de som do NFB.


Foto30 - Fábio Lignini, de Belo Horizonte, hoje um dos animadores senior dos estúdios Dreamworks.


Foto31 - Rodrigo Guimarães, de Porto Alegre, hoje em dia à frente do estúdio Dr. Smith.


Foto32 - Pierre e Tim Rescala que foi o autor da brilhante trilha sonora (quase sinfônica) do desenho animado "ALEX" produzido coletivamente no segundo ano do Núcleo de Animação do CTAv. Este filme merece uma restauração..


Foto33 - Pierre Veilleux.

Agradecimentos:
Obrigado a Pierre Veilleux e ao Daniel Schorr por terem tido o trabalho de separar e scannear as imagens. Sem esse esforço inicial o álbum não seria possível.

Obrigado ao Marcos Magalhães por ter feitos um comentário extensivo para todas as imagens.

Obrigado a todos que comentaram e ajudaram a tornar o álbum o mais preciso possível.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Fedendo a Aranha

Homem Aranha realmente é um filme muito ruim. Eu falei que ia postar sobre ele mas acho que não vale a pena. É pior que 300, que eu já havia achado bem ruim.

Simplesmente espere para ver na TV aberta quando sair ai no Brasil! Não se enganem com o trailer... Vocês sabem, é bem fácil fazer um trailer atrativo para um filme, por exemplo:



Bom, pelo menos esse vídeo fez desse post algo que vale a pena ver :)

Chairman Stoliar Guevara met the Walrus

Hahahah... eu comprei um boné meio cubano aqui em Montreal, dai James fez um desenho meu durante a sessão de mix da música.

O estilo do James é muito característico. Ele submeteu um filme chamado I met the Walrus para o Animamundi desse ano que foi feito sobre uma entrevista gravada com John Lenon que nunca foi usada para nada. O filme é muito legal, cheio de piadas e referências. Eu adorei e acho que tem um grande potencial para festivais.



O estilo uma mistura de animação tradicional com Motion-Graphics. Tem um pacing rápido e inteligente. Vale a pena conferir se entrar na programação do Anima.

terça-feira, 8 de maio de 2007

Nos finalmentes....

Estamos chegando ao final da nossa aventura. Temos um prazo para entrega do filme marcado. Quinta feira da semana que vem. Um pouco de correria pra todo mundo. Felizmente, eu e o Diego estamos bem próximos de acabar. Eu acabei a animação dos personagens. Falta só animar os balões de fala, e corrigir uns objetos.

Por um lado, fico um pouco triste com o fato de estar voltando pro Brasil, porque eu já estou tão acostumado ao ambiente, aos amigos que fiz aqui, a trabalhar com animação e falar disso o dia todo... por outro, sinto muita falta do Brasil, da namorada, dos amigos e parentes. Vem chegando um momento que você diz: Chega! Sinto a falta da minha casa.

Mas ainda temos mais três semanas até voltar. Vamos aproveitar ao máximo, já que teremos algum tempo depois da semana que vem para andar bastante por Montreal!

Logo logo coloco um clipezinho novo do meu trabalho em progresso. Prometo pra sexta. Hehe.

Madame Tutli-Putli

Madame Tutli-Putli é o próximo filme de animação que a NFB vai estar lançando esse ano (no festival Annecy em junho). Nós vimos o filme aqui e é muito bom. Digo, a técnica de animação foi uma das coisas mais emocionantes que eu já vi, está em outro nível, de verdade... Chuta a bunda de 99% dos filmes de 3D por ai.

Eles misturaram stopmotion com olhos reais recortados e colados digitalmente nos personagens. Mesmo vendo o making of eu não tenho a menor idéia de como isso foi feito com tanta precisão. O resultado é muito bom. Só vendo para saber... Se esse filme aparecer por ai no Animamundi desse ano não percam.

No site da NFB além de poder ver o Trailler e o Making of você pode baixar papeis de parede como esse acima.

Um dos diretores do filme já apareceu por aqui na sala do Hot House. Jason Lee que está fazendo o Making of do Hot House trabalhou no filme e veio me dizer isso agora mesmo enquanto eu escrevia esse post.

Desenhando

Juntando os desenhos de ontem (da sessão de modelo vivo) com alguns que fiz no metro de Montreal.

Eu achei bem difícil a sessão de modelo vivo porque estava só com minha caneta e meu pequeno sketchbook. Fazer modelo vivo em um papel pequeno já é difícil, com caneta então é muuuito difícil... Pelo menos pra mim ainda é. Você não pode apagar, o que quer dizer que cada linha tem que (teoricamente) estão no lugar certo.

O que normalmente acontece é que você vai desenhando uma parte do corpo relativa a outra anterior e o desenho acaba bizarro, deformado e desproporcional. Na minha opnião o melhor processo é ir amarrando o desenho aos poucos. Você desenha um pedacinho do ombro, uma linha no pulso, um cotovelo e por ai vai. Sempre prestando atenção em distâncias e espaços negativos... procurando amarrar todo o desenho a cada linha... Ou pelo menos foi o que tentei fazer.

Os desenhos de metrô apesar de terem sido feitos no mesmo papel e com a mesma caneta se configuram em um exercício completamente diferente. Como a pessoa está se mexendo o tempo todo eu tento primeiro colocar o gesto, o felling geral do que a pessoa está fazendo, tentando ilustrar o que ela está pensando. Depois eu entro com mais alguns detalhes para tornar o desenho mais expressivo ou tridimensional... Mas tento me concentrar só no que é essencial para mostrar essa primeira impressão que tive.

Acho que é isso. Depois mais desenhos :)

Modelo Vivo

Ontem fomos a casa do Dale para participar de uma sessão de modelo vivo no apartamento do vizinho dele.

A casa é muito maneira. Dale e sua namorada moram numa fabrica desativada perto da estação Rosemont do metro. Cada apartamento no prédio é um loft gigante, umas duas vezes o tamanho da nossa sala aqui na NFB.

Dale é fã de quadrinhos e ele e a namorada são animadores, dai você imagina como é a casa da figura. Além disso eles são fanáticos pelo Brasil. Como já mencionei eles jogam capoeira aqui em Montreal. Nas paredes da casa dele devem haver uns 5 ou 6 berimbaus, todos funcionando, com cabaça, haxixe e baqueta. Discos do Jorge Benjor (Lp mesmo, de vitrola), coletâneas de música brasileira e etc. Ele também conhece um bocado de artistas brasileiros de quadrinhos, só não consegue pronunciar todos os nomes.

A casa dele tem bem o estilo canadense: Um monte de culturas misturadas - Mascara africana, luminária japonesa... Bem eclético e "underground". Eles adoram essas coisas. Acho que por isso que eles gostam do Brasil. Não tem nada mais culturalmente underground do que o Brasil :)

A coleção de quadrinhos e ilustração dos dois é enorme e de alta qualidade, ele mostrou um bocado de coisa legal pra gente. Também mostrou os Prints das artes dele, alguns dos quais ele vende. Dêem uma olhada no blog do Dale que tem bastante coisa legal: Ostrich Industries.

Vocês também podem dar uma olhada na página de Flickr dele. Lá tem bastante das imagens que ele mostrou pra gente.

Logo que chegamos no prédio fomos recebidos pelo vizinho... O cara manda muito bem em modelo vivo...Também pudera, ele foi o animador responsável pelo cachorro no Triplets de Belleville. O nome dele é Florian Fiebig e hoje ele está trabalhando no filme Persepolis, já citado em outro post aqui no site.

Esses dois quadros estavam expostos no ateliê onde participamos da sessão.


Depois colocaremo os desenhos que fizemos na sessão. Até lá curtam os blogs dos dois :D

sábado, 5 de maio de 2007

Free Comic Book Day

Ficar em casa é tão bom, dá tempo de colocar todos os posts em dia.... :)

Uma coisa que esqueci de dizer é que hoje é tudo FREE no mundo dos quadrinhos. Um bocado de Lojas vão estar dando exemplares específicos de graça (Ok, então não é tuuuudo de graça).

Confira tudo no site oficial do Free Comic Book Day.

Imax e as 300 aranhas

Hoje vamos ao cinema ver Homem Aranha 3 no Imax.

Pra quem não conhece o cinema Imax é o que há de maior e 'melhor' em termos de sala de cinema. A tela é gigante, o som é de primeira, cheio de nove horas e a película é de 70mm (a de um filme normal é de 35mm).

Mas todo esse poder de fogo é como uma armadilha. Uma faca de 2 gumes.

"Do que você está falando cara!? Se tá viajaaaaannnndo... É Imax, é fodasso".....humm, vejamos na prática:

Umas semanas atrás fomos pela primeira vez ao Imax ver o '300 de Sparta' mas a decepção foi tão grande que eu nem postei nada sobre isso.


(Impressionante como nessa telinha pequena a sensação é outra!)

Primeiro que o roteiro é chato e bobo até dizer chega. Tem uma certa mensagem de obediência cega ao comando militar, nacionalismo etc.... Também rola uma questão sexual tipo homofobia e exploração da mulher. Como se não bastasse, os diálogos são regados daquelas frases Hollywoodianas que eu odeio...sem mais comentários sobre isso... Minha sensação é que eu podia pensar mais sobre todas as questões levantadas no filme e fazer uma boa crítica mas não vale mesmo a pena, a coisa toda foi muito mal feita para perder tempo com isso.

Sobre os efeitos: Alguns são até bem legais mas outros são toscos. Não sei se os detalhes aparecem na tela de 35mm mas na de 70mm!? Nossa, dá pra ver até o recorte mal feito nas cabeças cortadas.

Nem a maquiagem me agradou muito. Pode ser até que ele seja indicado para Oscar por isso já que todos os atores usavam 2 quilos de tinta mas não achei nada inovador (ou se quer ajudando a história.... se é que esse milagre era possível). Até o spartano corcunda que deveria ser um show de efeitos (tipo um Gollum) não passou de uma fantasia de espuma.

"Mas os cenários são foda né!?"... De novo a armadilha: Na tela de 35mm talvez mas na de 70mm quase exergavamos a compressão da imagem. Tinha aquela sensação de compressão mas com um gaussian blur por cima (técnica comum usada para esconder imperfeições). Eu procuro não prestar atenção nesse tipo de coisa da primeira vez que vejo um filme mas tava muito na cara. Algumas cenas se salvavam!

É verdade também o que já disseram: Espadas cortam cabeças e saem limpinhas, todas as vezes. A única coisa que achei decente é que o sangue é todo digital e assume uma linguagem irreal, de quadrinhos...mas foi só isso.

Até os créditos que são todos em animação não me convenceram. Além de mal animados os fundos pareciam ter sido feitos com imagens de internet...tipo gif (nem se deram ao trabalho de pegar um JPEG).

Isso é meio chato porque eu me interesso bastante por esse tipo de cinema "virtual" mas acho que o roteiro fraco é que me colocou contra o filme.

O Homem Aranha 3 não parece melhor que isso. Já disseram que a história fede. Que os caras encheram de vilões e subplots e que chega um ponto onde você não se importa mais com nada. Comentaram também que os efeitos são dos mais baratos (principalmente o Homem-Areia). Mesmo assim vai valer a pena ir ao cinema porque conseguimos combinar com boa parte da galera para irmos juntos.



O engraçado é que eu gostei dos outros 2 (Dá pra ver que não sou tão exigente assim). É bom ter uma expectativa mais baixa para o terceiro... Na verdade eu tô esperando uma baita bomba...tipo aquelas do Duende Verde que transforma todos os espectadores em esqueletos.

Isso me lembra mais uma vez que: Cinema é expectativa.

Music Mix

No vídeo abaixo dá para ter uma boa noção de como ficou o mix da música para o meu filme.
Claro que essa versão ai foi no começo da sessão. Bastante coisa mudou mas foram mais detalhes e correções. O grosso é isso ai mesmo.



O próximo passo é a edição de som onde vamos pegar o Foley (efeitos sonoros) e editar junto com essa música mixada para ter as tracks finais de audio.

Com essas tracks é que vamos para o Mix Final que é o último passo de som onde sentamos num cinema de verdade com o nosso filme na tela grande e escolhemos em que caixa cada som vai...quando chegarmos nesse passo falo mais sobre isso.

Voltando ao Mix o que fizemos basicamente foi escolher entre as tracks gravadas quais são as melhores para usar e aonde. Assim fomos montando layer a layer toda a música. Para isso a gravação foi feita em vários passos (ex: um para a base de acompanhamento, um para melodia, um para os efeitos, um para o ritmo etc)

Como todos os sons do meu filme vieram de um mesmo instrumento (por causa do conceito ONE, minimalista etc) só precisamos que 1 músico tocasse a cada passo.

Apesar de toda performance ter sido cuidadosamente escrita em partitura tivemos que corrigir várias coisinhas. Parece besteira mas cada toque que o músico dá no instrumento na gravação cria uma sujeira e todas as sujeiras juntas fazem a música ficar estranha.

Outros tipos de correção tinham a ver com o ritmo porque nem tudo que vemos no filme é tão fácil de transcrever para partitura, ou de ser tocado tão precisamente (ainda mais com o prazo que o Luigi teve para compor as músicas para os 8 filmes ou com a gravação acabando à 1 da matina). Tivemos que esticar algumas partes ou atrasar outras para que os impactos musicais acompanhassem o timing definido na animação.

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Music Recording Session

Acabo de sair da sessão de gravação para música do meu filme e foi fantástico.

Primeiro demos uma passada geral na estrutura gravando tudo o que o Luigi havia escrito para a trilha, da forma mais "acadêmica" e precisa possível. Depois gravamos sons de Foley com o violoncelo (sons para os cometas, vulcões, zooms dos planetas etc). Fizemos uma pequena biblioteca de improvisos e fomos para parte mais legal onde piramos o cabeção.

Nessa última parte pedimos para Sheila (a musicista que estava no Chelo) para tocar a mesma melodia que já havíamos gravado mas batendo com a madeira ao invés de faze-lo com a fita da baqueta (a baqueta do Chelo tem uma madeira que segura uma fita como vocês podem ver no vídeo abaixo onde Sheila se aquece para gravação).



Nesse vídeo podemos ver ela passando tudo o que o Luigi escreveu previamente, incluindo alguns sons de Foley para o chelo.

Ela acabou usando a técnica de bater com a madeira para toda a melodia do filme, assim temos bastante para escolher na mixagem.

No fim da sessão, logo antes de entrar na parte do improviso e experimentação eu estava começando a ficar meio nervoso. Tínhamos apenas alguns minutos de estúdio e ainda não sentia confiança no material que possuíamos. Acabamos cortando a gravação das batidas no bojo do chelo que serão usadas para o rítimo. Elas serão capturadas posteriormente pelo Luigi. Ainda bem porque pra mim ter essa parte improvisada vai ser essencial, bem melhor do que a parte em que tentamos capturar perfeitamente o que estava escrito.



Nosso problema agora é que temos muito material gravado e apenas 1 hora de mixagem. Apesar de que boa parte é Foley de violoncelo e pode ser jogada para edição. Na mixagem fazemos apenas o que entra como música. Na edição é onde colocamos os efeitos sonoros. Sendo assim, se dividirmos bem o que é efeito e o que é mixagem ganhamos mais 1 hora de edição pra resolver os problemas do Foley e nos concentramos apenas nas partes melódicas na mixagem.

Luigi ainda não ouviu o Foley normal (digo, sem ser o Foley feito com o violoncelo) que fizemos na noite passada. Ele vai tentar ver antes da mixagem porque isso pode mudar a forma com que montamos a música, afinal, se pretendermos trazer algum som do Foley para o primeiro plano talvez seja uma boa idéia dar mais espaço para isso na hora de mixar a música (quer dizer, espaços vazios na música para entrada dos efeitos).



A minha mixagem deve acontecer depois de amanhã. Logo em seguida vem a edição e dai terei a música final para o meu filme. Tomara que depois disso eu ainda tenha mais umas 2 ou 3 semanas para animar em cima da música. Seria muito legal poder sincronizar algumas animações com a música já que no Flash isso não é tão complicado de fazer.



Hoje eu também fiquei para ver a gravação para os filmes do James, da Maya e da Jody. Todos foram demais. O do James está hilário com uma festa de DNAs no final com uma música tipo Doo Wah Diddy. E a da Jody é claro é no estilo Blue Grass só que bem rápido.

Ps: Desculpem se o que eu escrevi não faz muito sentido.... é que já é 1 am. Eu vou dormir e amanhã de manhã corrijo qualquer idiotice que eu tenha escrito!

terça-feira, 1 de maio de 2007

Foley Session

Hoje fizemos a sessão de Foley. Eu fiquei na sala das 18:00 à 1:00 da manhã e acompanhei a direção de todos os filmes.

O filme da Jody até agora parece o mais legal em termos de som, o foley foi perfeito e muito criativo. A história dela ajuda muito porque tem dois monstros fêmeas, uma que tem 3 pernas e uma que precisa usar botas de borracha porque baba muito. As duas tocam Blue Grass juntas no final. Todos os sons feitos para esse filme foram perfeitos e acho que minha voz vai ficar no mix final como uma das personagens: Messy Moly.

Acho que talvez o James mantenha minha voz no filme dele também como um dos caras que se encontram no começo. Também fiz as pulgas e as mitocôndrias mas acho que essas não vão ficar.

Esses dois filmes tem muitas coisas nojentas rolando no Foley. Muito macarrão e gel de cabelo foram usados para atingir o nível certo de nojeira.

Nos filmes do Jonas e do James eu pedi para ficar dentro do estúdio como assistente da Karla (a artista de Foley). Não pude ajudar muito mas deu pra ver de perto como ela faz as coisas. É impressionante como ela é profissional. Antes de vir para o estúdio ela recebe os vídeos e estuda cada um. Faz uma lista de Foley do tipo:

-Whossh dos cometas
-Bumpt dos balões
-Smugh da baba
-Spluft das mitocôndrias

Uma lista bem completa para cada filme.

Depois ela faz uma pesquisa em casa e vai recolhendo o material que ela vai precisar no estúdio. Muitas vezes o som vem de algo parecido com o que vemos na tela: Como os utensílios nos balões do filme do Jonas (feitos com utensílios de cozinha dentro de um saco de lixo inflado). Outras não dá pra ter a menor idéia de como ela chegou na conclusão do que usar para produzir determinado som: Como para as pulgas do James que apertam a mão uma da outra (feitas com cascas de ovos).

Na hora de gravar ela e o técnico de som tem diversos códigos e nomenclaturas. Quando ele pede para que ela grave um "wild" por exemplo quer dizer que eles vão gravar fora de sync, várias versões do mesmo som (para ter uma pequena biblioteca de sons originais).

A Karla trabalha com Foley desde 1992. Ela começou como mímica e com isso desenvolveu um bom senso de timing para sincronizar o som com a imagem. Também acho que esse background meio circense ajuda bastante na variedade de coisas que ela pode produzir. No último Hot House por exemplo ela até cuspiu fogo.

A minha sessão de Foley foi bem rápida porque já estávamos meio sem tempo. Não sei nem o que vou manter de Foley e SE vou manter algum som fora o da música. Tudo depende de como correr a gravação com o Violoncelo amanhã. Depois de amanhã começamos a mixagem que é quando tomamos todas as decisões do que vai entrar ou não.

Segue abaixo um pedaço da sessão de Foley para o meu filme:



Saimos da NFB logo após a gravação do Foley do filme do Dale que foram apenas algumas riscadas com lápis no papel e tivemos que pegar um taxi para casa pois o ônibus e o metro já haviam parado.