sexta-feira, 25 de maio de 2007

Debutante animada - Jornal o Dia (Kamille Viola)

Anima Mundi chega a sua 15ª edição, em junho, consagrado como evento de animação que mais atrai público no mundo. E com o mérito de ter estimulado a produção nacional.

Rio - Em junho, o Anima Mundi chega à 15ª edição, com o status de terceiro mais importante festival de animação do mundo — atrás dos de Annecy, na França, e Hiroshima, Japão — e o de maior público. Mas seu principal mérito é ter estimulado a produção nacional em animação. O evento, de 29 de junho a 8 de julho no Centro Cultural Banco do Brasil e na Casa França-Brasil (além da edição em São Paulo ), foi essencial para o desenvolvimento e crescimento do mercado brasileiro na área.

“Em 1993, quando começou, o Anima Mundi fez uma retrospectiva de tudo o que Brasil tinha produzido em curtas-metragens autorais de animação. No ano seguinte, tinha um filme brasileiro. Essa era toda a produção nacional. Em 1995, não tinha nenhum”, lembra o animador Marcelo Marão, 35 anos, que participou da competição cinco vezes e levou dois prêmios: pelos curtas ‘Chifre de Camaleão’ (2000) e ‘Engolervilha’ (2003).

“Em 1996, terminei ‘Cebolas São Azuis’ e tinha cinco filmes brasileiros competindo. Por mais ridículo que pareça, na época isso foi saudado como um renascimento da produção brasileira. Este ano, foram mais de 300 curtas brasileiros inscritos”, comemora ele.

O Anima Mundi também foi importante ao dar acesso, em tempos pré-YouTube, ao melhor da produção estrangeira. O longa ‘A Viagem de Chihiro’, de Hayao Miyazaki, foi visto por aqui pela primeira vez no festival, em 2002. O francês ‘Bicicletas de Belleville’, de Sylvain Chomet, foi mostrado em 2003 no evento. ‘O Velho e o Mar’, de Alexander Petrov, vencedor do Oscar de melhor curta de animação em 2000, foi exibido pelo Anima Mundi no mesmo ano.

Os debates e workshops trouxeram gente do quilate do brasileiro Carlos Saldanha, um dos diretores de ‘A Idade do Gelo’; Jason Spencer-Galsworty, de ‘A Fuga das Galinhas’, e Doug Sweetland, da Pixar, entre outros. “É um dos pontos altos do festival. Você vê coisas que não veria no circuito e sai dali cheio de idéias”, diz Eliane Gordeeff , uma das autoras de ‘Sete Kptais’, selecionado para este ano. “Fiz um workshop em 2002 e no ano seguinte tive um filme escolhido”, conta Erica Valle, que agora concorre com ‘Primeiro Movimento’.

PREMIADOS DE TODO O MUNDO

A 15ª edição começa dia 29 de junho, mas a lista dos concorrentes aos prêmios já foi divulgada. Entre os destaques, Bill Plympton, que teve dois curtas selecionados: ‘Don’t Download This Song’, clipe de Weird Al Yankovic, e ‘Shut Eye Hotel’. Ian Mackinnon, do estúdio que fez os bonecos de ‘A Noiva-Cadáver’, participa com ‘Adjustment’, que já levou vários prêmios e concorre também no Festival de Annecy, na França, o mais importante do mundo. Também merecem atenção ‘Lavatory — Love Story’, novo curta do russo Konstantin Bronzit, já premiado no festival; ‘Chestnuts Ice Lolly’, de JJ Villard, que já teve filme exibido em Cannes, e ‘Conte de Quartier’, de Florance Miailher, que competiu em Cannes ano passado.