segunda-feira, 28 de julho de 2008

Balloons e One na seleção do Dia da Animação

É oficial!!!
O Balloons e o One, filmes que eu e o Diego produzimos na National Film Board, entraram para a seleção do dia internacional de animação de 2008. Os filmes fazem parte de uma seleção de aproximadamente 10 filmes brasileiros, que serão exibidos em 130 cidades do país simultaneamente no dia 28 de outubro, o dia internacional da animação.

O dia da animação é uma produção da ABCA, A Associação Brasileira de Cinema de Animação. Para conhecer um pouco mais sobre o evento do dia, visite o site oficial, clicando aqui.

Para assistir ao Balloons e ao One, clique aqui


Conheça a vinheta de abertura do dia da animação, feita pelo amigo Thomas Larson:

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Influência da animação canadense no Brasil

Essa segunda-feira dia 28 de julho estarei em Brasília com Daniel Schorr e Belinda Oldford falando sobre a influência da animação canadense no Brasil. Segue abaixo o texto que mandei para o folheto do evento com algumas mudanças e links interessantes. De forma alguma quero fechar o assunto com esse texto. Ele é altamente discutível, só um ponto de vista prematuro sobre o nosso mercado:

A influência de Norman Mclaren e seu conjunto altamente premiado de obras teve grande impacto nos diretores de seu tempo. Tanto nos realizadores mais próximos quanto no mundo cinematográfico, estendendo o conceito de filme autoral como obra de arte. Ainda hoje vemos a ressonância dessa influência na animação canadense, mesmo nos trabalhos mais comerciais.

A National Film Board é o simbolo da preservação dessa autorialidade. O experimentalismo, o desenvolvimento de novas técnicas e as questões não-comerciais marcam cada produção do estúdio desde a sua criação e fazem dele uma força única e necessária.

Um ponto culminante para nós foi o famoso workshop dos anos 80 em que a NFB veio ao Brasil e formou realizadores. Desse núcleo de treinamento saíram os artistas que modelaram nosso mercado disseminando a herança Mclariana, inspirando as gerações seguintes e desenvolvendo dezenas de projetos de multiplicação do conhecimento. Entre os projetos mais bem sucedidos se encontra o festival Animamundi, responsável pela a formação de centenas de profissionais.

Outro canadense que teve grande influência no Brasil foi Richard Williams. Diretor de animação do mega sucesso hollywoodiano "Who Framed Roger Rabbit" é considerado uma das lendas da animação e escreveu provavelmente o livro mais lido pelos animadores, tanto aqui quanto no resto do mundo: The Animator's Survival Kit. Abrindo com isso a caixa de Pandora quanto à técnica da animação 2D norte-americana.

A soma desses fatores seminais à sustentabilidade financeira oferecida pela publicidade brasileira fizeram da conjuntura atual de nosso mercado um caso a parte no mundo. Nossa formação é autoral, parcialmente auto-didata e artesanal, e não industrial-"clássica". Os realizadores tendem a formar estúdios pequenos, multidisciplinares, que produzem trabalhos comerciais onde, ocasionalmente, desenvolvem seus trabalhos autorais (auto-financiados ou através de apoios e editais).

Outro ponto que merece atenção foi a explosão da produção independente infantil para TV. Hoje, muitas das séries que nossas crianças assistem são produzidas ou co-produzidas no Canadá e esse "Boom" teve um reflexo determinante. Primeiro porque nossas novas audiências foram formatadas para conceitos de produção comerciais e culturais dos quais não tínhamos acesso. Segundo porque nosso mercado, por ser formado por autores e pequenos estúdios, tem uma dificuldade compreensível em se industrializar, deixando o Brasil de fora de um mercado internacional viável.

Em meio a essa questão surgem as novas tecnologias digitais mudando, principalmente, os modos de produção industrial, diminuindo prazos e orçamentos e forçando mudanças de paradigma. Vemos, no Canadá, o surgimento de softwares como ToonBoom, o Maya e a Sandee que visam acompanhar as novas necessidades do audiovisual e viabilizar produções. Os grandes complexos industriais começam a ficar cada vez menos atraentes e a formação de estúdios artesanais com produções integralmente digitais é cada vez maior.

Ao mesmo tempo os computadores e os softwares começam a custar cada vez menos. Muitas das informações "secretas" dos grandes estúdios hoje são senso comum, podem ser achadas em livros e na internet. O mercado fechado do passado se torna um terreno fértil para novas idéias e temos acesso ao que está sendo feito hoje, no mundo todo, em tempo real. Um bom exemplo de toda essa renovação é a sala de projeção virtual do YouTube distribuindo filmes como os vencedores do Oscar "The Danish Poet" e o "Ryan", ambos da produzidos pela NFB, e a sala de projeção virtual da AWN.

Nesse momento podemos prever uma reinserção do Brasil. Mão de obra (concentrada em pequenos estúdios), capacidade artística(diferenciada) e acesso à tecnologia nós já temos. Desenvolvemos inclusive nossa própria versão viável de tecnologias (ver as novas salas Rain ou os SMDs). Parece que o que falta agora são de roteiristas, produtores e investidores para explorar um mercado que gera bilhões fora daqui.