sábado, 31 de março de 2007

Underground do mercado de animação no Canadá

Ontem sai com Dale e sua namorada para um pub chamado Casa del Popolo , que por sinal é muito legal. Eles tem shows com Djs toda noite, o mês inteiro. Cada dia com um artista diferente. Quem tocou ontem foi uma mulher bem eclética, até funk Carioca rolou na parada, não pude conter as gargalhadas. Esse é o bar que o Kid Koala costuma tocar, mas pelo que vi no quadro de avisos lá parece que ele não vai sair da toca tão celo.


Foi uma pena ter de sair cedo por causa do horário do metrô. De qualquer forma deu para beber umas cervejas e tirar do Dale umas informações valiosas sobre o mercado de animação no Canadá.

Dale é de Toronto que acredito ser a cidade com maior mercado do país. Os animadores (tanto em Toronto como no resto dos estados) trabalham por contrato temporário que variam entre algumas semanas e alguns meses (No máximo 6). Isso se aplica na grande maioria para trabalhos individuais (propaganda, sites, e-learning etc) e, normalmente, se você está sendo contratado por um estúdio, você vai trabalhar lá dentro. Só recentemente o trabalho remoto está começando a virar moda ( recentemente mas rapidamente).

Quando é um freela para um cliente direto funciona como no Brasil, você trabalha em casa e se vira como puder. Nos estúdio os produtores são os responsáveis por ter dar os recursos e por te cobrar pelo trabalho, eles ficam em cima de você mas te dão toda ajuda necessária, assim como também o diretor do projeto. Dale contou uma história hilária sobre um animador mais "experiente" que foi lhe aconselhar sobre macetes do mercado e disse:"A primeira coisa que você tem que saber é: Não saia com sua produtora!" e continuou "A segunda é: Se sair, não seja um idiota!". Os produtores e os diretores são ótimos contatos para o próximo trabalho e ter uma boa relação com eles é essencial.

Outra coisa comum aqui e diferente do Brasil é o salário semanal. Todos contam por semana. Um animador em flash iniciante aqui (tipo estagiário) ganha $700,00 por semana. Isso pode ir bem mais longe conforme você vai progredindo. Dependendo do tipo de trabalho você pode ganhar de 2 em 2 semanas, por cenas ou por pacotes de trabalho produzido, mas o mais comum é por semana.

É muito raro um estúdio ter uma equipe fixa. O trabalho por contrato temporário é o padrão. Quando você está trabalhando em uma série o contrato pode chegar até a 1 ano, ou (agora vem a malandragem) eles podem colocar você de sócio do estúdio. O que em outras palavras quer dizer: funcionário sem benefícios. Não sei o quanto isso é comum maaaas....

A grande diferença com o Brasil é que aqui no Canadá tem estúdio a dar com pau. Mesmo em cidades menores (como Halifax) ou não tão voltadas para negócios (como Montreal) não é difícil achar emprego na área. No último caso você faz um bico com ilustração, ou trabalha 1 mês no Starbucks. Emprego aqui é o que não falta :) E mesmo quando falta, o salário que você ganha por projeto normalmente é o bastante para ficar uns 3 meses procurando o próximo projeto (segundo a namorada do Dale que trabalha com animação Stopmo a 10 anos em Toronto).

Outra coisa interessante é que, pelo que entendi, o mercado comercial e o mercado de arte não se dão muito bem aqui. Alguns amigos do Dale fizeram cara feia quando ele disse que vinha para NFB. Eu percebo (e isso sou eu, ninguém fala disso) que muitos diretores da NFB detestam trabalhar para o mercado comercial (pudera, é bem melhor fazer o seu filme do que ter que desenhar ursinhos etc).

Em Montreal parece que as coisas não são tão fáceis como em Toronto mas mesmo assim alguns conseguem sobreviver de animação (outros simplesmente se mudam para Toronto).

E o Brasil? me digam o que vocês acham da diferença!? Cada estado tem o seu mercado de animação. Eu só conheço os mercados do Rio e de São Paulo. Comentem sobre o seu estado. Nós sabemos que o Blog já se espalhou pelo Brasil, tem gente de Maceió, Salvador, Aracaju, Paulista, Porto Alegre.... como é o mercado na sua cidade? Se você é de outro país e fala português comente também. Sabemos que tem uma galera boa na América Central e na Europa acessando. Como é o mercado por ai! Estou curioso :P

quinta-feira, 29 de março de 2007

Paul Driessen está entre nós!


Acabei de me dar conta que um senhor barbudo e de cabelos brancos que sempre almoça com a gente e, inclusive esta manhã eu lhe cedi a minha cadeira e lugar na mesa para ele comer, é o Paul Driessen. Cara, esse lugar é fenomenal!!!

Exposição da Disney no museu de Fine Arts

Ontem, fomos à exposição da Disney no Museu de Fine Arts de Montreal. A exposição se chama "Once upon a Time", e foi teve sua primeira edição em Paris. Desde lá, ganhou o primeiro mundo, e foi exibida em países como Alemanha, EUA e Canadá, agora. A exposição se concentra nas artes conceituais que dezenas de artistas contratados pelo estúdio produziam, para conceber a estética do filme e fornecer referências para animadores, storyboard e background artists, no que diz respeito à ambientalização, personalidade das personagens, luz, sombra, cores, enquadramentos, e por aí vai. Além disso, a exposição também disponibilizou ilustrações e outros materiais que a equipe criativa da Disney se basearam para fazer seus filmes, como por exemplo as maravilhosas gravuras de Gustave Doré para a Divina Comédia, de Dante Alighieri, ou os primeiros filmes animados, criados por Émile Reynauld e exibidos em seu Praxinoscópio. A exposição é bem barata, custa 15 dólares canadenses, e às quartas-feiras todas as pessoas pagam metade.

A exposição é dividida em quatro momentos:

O início da animação, com exibição dos primeiros filmes de Émile Cohl, Émile Reynauld e Winsor McCay, além de algumas ilustrações originais desses sujeitos e um Praxinoscópio real, daquela época.

As origens de Disney e de seu estúdio, com as primeiras referências que Disney utilizou para começar a fazer animação, os seus primeiros livros (Alguns, autografados pelo Edward Muybridge), os primeiros esboços do Mickey, os primeiros storyboards de Ub Iwerks, as primeiras artes de Art Babbit, o primeiro Oscar de Disney pela Branca de Neve e os Sete Anões.

A era de ouro do estúdio, que era a parte maior da exposição, com centenas de ilustrações criadas especialmente para os filmes de Disney, por artistas como Mary Blair, David Hall, Gustaf Tenggren, além de originais de vários artistas que inspiraram a equipe, como por exemplo ilustrações de Arthur Rackham. As artes se espalham por várias salas, e não se resumem só às pinturas, gravuras e desenhos a lápis, mas se ampliam, sim, às esculturas feitas por artistas da Disney com os personagens, bonecos de pano, maquetes, filmes expressionistas dos anos 20 e filmes de Chaplim, cartazes, artworks originais dos filmes, feitas em acetato, e por aí vai. Os filmes abordados nesse momento foram: Branca de neve e os sete anões, Pinocchio, Bela Adormecida, Peter Pan, Fantasia e A dama e o vagabundo.

Disney e a arte moderna e contemporânea, que mostra uma fase que Disney quis trazer a arte moderna pra dentro do estúdio. Há uma sala só para o filme Destino, que foi um curta que Disney começou a fazer com Salvador Dali, projeto que permaneceu interrompido por anos, em decorrência da morte de Walt Disney, e que foi retomado e finalizado nos anos 90, com acréscimo de animação em computação gráfica 3D. Nas paredes figuravam os storyboards e artes conceituais do próprio Dali. Num outro momento desse bloco, estavam expostos também vários painéis e esculturas modernas de artistas como Andy Warhol, que traziam o Mickey e o Donald no contexto da Pop Arte.


A exposição é bem bacana. Eu fiquei realmente muito contente em poder ver os originais desse povo todo. Eu tenho alguns livros que têm reproduções desses originais, mas ver as texturas, a gramatura do papel, as tintas, é outra coisa. Na saída, havia uma lojinha, com um monte de cacarecos legais e caros. Acabamos comprando, Diego e eu, o catálogo da exposição, que é um calhamaço com fotografias de todas as peças expostas na exposição, com textos a respeito das obras, dos artistas, e do estúdio. Compensa, porque apesar de tudo ser mais caro lá, contraditoriamente eles ofereciam o catálogo no preço mais barato do mercado. Na Amazon, o livro sai por 75 dólares americanos (Ainda que agora está em promoção), e a gente pagou 54 dólares canadenses.


Hoje à noite vamos assistir na cinemateca Québécoise vários episódios de Silly Simphonies, em 35 mm. Nham-nham-nham!!

terça-feira, 27 de março de 2007

Basic Love - Progress Review

O Progress Review é uma reunião que temos com a chefia para mostrar como progredimos nas últimas duas semanas. Mostramos o animatic e rediscutimos qualquer questão que possa estar ainda atrapalhando a história e analisamos o que já foi feito em termos de produção (animação, pupets, cenários etc) para saber se tudo está correndo bem, se precisamos mudar o caminho que estamos trilhando e também para definirmos mais ou menos o que faremos nas próximas semanas.

No review de hoje estavam Mike Fukushima, Torill , Maral e Randall, todos esperando por cada hot houser numa salinha de reunião distante do nosso estúdio. Num primeiro momento eu pensei estar indo para o abatedouro mas não foi nada disso. Eles gostaram bastante do que eu mostrei até agora. Acho que ainda existem preocupações deles (e minhas) de como tudo isso vai funcionar junto no final, mas Torill como sempre acalma tudo dizendo que nessa fase isso é normal, é a hora de tomar as decisões mais difíceis.

Michael parece ter gostado dos testes de animação, ele recomendou para que Maral me levasse até a Sandde! Essa foi a parte excitante da reunião, eu quero muito conhecer a Sandde. Hahahaha. Eu não vou contar quem ela é ainda mas tomara que eu venha a conhece-la logo!

Abaixo vocês podem ver os testes de animação que eu apresentei no review:



Talvez não de para ver TODOS os frames porque é vídeo de internet mas dá para ter uma idéia. PS:Se você quiser ver mais frames o ideal é tocar pela segunda vez!

Meu problema vai ser conseguir criar um ritmo compreensível e variado. Que tenha leitura mas que ao mesmo tempo seja uma experiência sensorial para o espectador. Ele sente e entende o que é mas não consegue explicar em detalhes.

O outro desafio é manter as formas ambíguas. Você vai poder ler o filme tanto quanto algo macroscópico quanto algo microscópico. Pode ter acontecido no espaço sideral ou no espaço biológico. Bom, pelo menos essa vai ser minha intenção e meu desafio, vamos ver se será possível!

No geral foi Ok. Estou mais preocupado que antes mas foi Ok!

segunda-feira, 26 de março de 2007

Na bilbioteca da NFB - Parte 01

Quem de alguma forma possui um vínculo com a NFB tem acesso à biblioteca e videoteca da instituição. É possível emprestar quantos livros você quiser por duas semanas, e quantos filmes você quiser, por uma semana, tudo gratuitamente. Geralmente, os filmes estão em VHS, mas é possível encontrar uma coisa ou outra em DVD. Vale lembrar que os filmes são todos produções da NFB, então se você quiser assistir a um filme do Bruce Willis, procure em outro lugar!

A biblioteca é um lugar pequeno, mas muito generoso. Como é muito difícil encontrar livros de animação em qualquer lugar do mundo, a pequena estante do gênero pode parecer encantadora. Há muitos títulos em francês interessantíssimos. Livros de teoria, dissertações de mestrado. Pena que eu não consigo entender muito da lingua ainda. Mas muitos dos títulos disponíveis estão em inglês, e tem muita coisa bacana.

Um dos livros que eu peguei, e que eu acho muito legal, é o "Unsung Heroes of Animation", de Chris Robinson. O livro é uma coletânea de textos sobre 25 animadores independentes, como Ryan Larkin, Igor Kovalyov e Koji Yamamura. Cada capítulo aborda um diretor específico, e em poucas páginas são traçadas suas biografias, retrospectiva de suas carreiras, e comentários acerca de alguns filmes específicos, ilustrado com still dos filmes e às vezes fotos dos diretores. É um dos poucos livros de animação que fogem do perfil técnico e da Bouncing Ball, e é bem legal pra quem quer começar a conhecer esses senhores gentis da animação.

O mais legal da biblioteca é que vira e mexe você retira um livro e vê na fichinha de locação dos livros vários nomes conhecidos. Esse livro, por exemplo, tinha sido pego pela Wendy Tilby. Um outro livro, pelo Paul Driessen. Isso é muito bacana. É muito legal imaginar que todas as pessoas que acabaram me transformando e me incentivando, indiretamente, a fazer animação, passaram por aqui, e tiveram acesso a tudo que eu estou tendo.

Andreas Deja

Haha, eu conheço alguém que conhece o Andreas Deja. Hauhauhauhauha.
Marieve da ToonBoom encontrou com ele na exposição da Disney no Museu de Fine Arts de Montreal.


Pra quem não sabe quem é o sujeito: Hoje é o cara responsável por toda animação do Mickey nos longas que possivelmente possam ser feitos na Disney. Ele também animou a Lilo do 'Lilo e Stitch' caso seja necessário uma referência mais direta sobre a qualidade do bacana.

Ele e James Baxter são meus animadores preferidos. Os caras são muito feras mesmo. Você pode ouvir uma entrevista com ele no Animation Podcast em 1, 2 e 3 partes e outra na FPS Magazine.

Notem que eu acho que quem tirou a foto foi o Roy Disney (Ou será que é o filho dele?).... de leve, disfarcem e finjam que vocês não viram isso!

Desapontado com os Filmes

Infelizmente fomos ao cinema ver Pinocchio e a projeção não era em 35mm. Assim que vimos os pixels da compressão de DVD demos um grande Ahhhhh.... Não acreditei! Bom, de qualquer forma foi bom ver o clássico na tela grande. Fazia tempo que eu não via Pinocchio, ainda mais com uma sala lotada de gente. Novamente a Disney me impressionou, toda a platéia acompanhou a história de perto até o fim. Assim que o Geppetto dançou com o Pinocchio ainda de madeira bem no começo do filme já deu pra sentir que seria ótimo ver tudo de novo, mesmo sem os 35mm de qualidade. Na verdade fiquei com vontade de ver mais uma vez.

Encontramos novamente a Tamu (revista FPS e Autodesk) e mais um animador amigo dela. Ela nos indicou o endereço correto da loja de DVDs La Boire Noire. A loja é careira mas tem coisas realmente legais. Eu comprei um DVD do Samurai Jack temporada 3, um de um curta baseado no quadrinho do Mignola (feito no estilo dele que eu adoro) e o Filme sobre a história de Michelangelo (Agonia e Extase)...Só isso deu $60. Não sei se foi um bom negócio mas nem sempre é!

Em compensação fomos também a um sebo de quadrinhos. Lá adquiri O número 1 do Akira, 4 quadrinhos daqueles finos e de capa dura (estilo eropeu) e mais um manga chamado Ping Poing (muito bom). Mais uns $60. O dia foi dispendioso mas acho que valeu a pena no final.

Na verdade não sei se valeu tanto a pena. É bom para você comprar coisas que nunca vão aparecer no Brasil mas parece que algumas coisas são mais baratas pela Amazon. Não tem como definir uma regra muito fixa sobre o que comprar aqui no Canadá, o que comprar ai no Brasil e o que pedir na Amazon. Acho que o que for raro e nunca for para o Brasil vale comprar aqui. Menos o que tiver na Amazon. Coisas de informática tipo microfones, fones, memory key são muito mais caros aqui (comprem no Brasil). Cameras de foto e vídeo são equivalentes os mais baratas na Amazon. Mas por outro lado Notebooks aqui são beeem baratos, tipo $800 um bem bom. Ainda estou aprendendo :/

sexta-feira, 23 de março de 2007

Come again in spring

Ontem foi um dia bem diferente na NFB. A nossa amiga Belinda Oldford, esposa do animador Brasileiro e nosso padrinho aqui, Daniel Schorr, exibiu em primeira mão o seu filme "Come again in Spring". É um filme muito bonitinho, sobre um velhinho que alimenta os pombos no inverno, e é visitado pela morte. Ele diz que não pode ser levado, porque os pombos precisam dele pra sobreviver, e pede à morte que volte novamente na primavera. A morte, traiçoeira, faz três perguntas para que o velhinho responda. Caso ele não consiga, ele morre naquele momento. O filme de pouco mais de 10 minutos é bem poético, e era inicialmente um projeto do Ishu Patel, um dos grandes nomes que já passaram aqui pela NFB. Ishu Patel acabou se aposentando mais cedo, na época que ele estava começando esse projeto, e a Belinda acabou herdando o projeto.

Foram 6 anos até a exibição de ontem. Belinda tem um estilo de animação arrojado, de desenho tradicional mais realista, o que dá um trabalhão pra fazer, e o filme sofreu sérias mudanças no decorrer da produção. Depois que ela tinha tudo animado, ela começou a colorir tudo em acetato. Mas como o estilo dela é um estilo bem difícil de se animar, as cores não ficaram pra trás. Ela quis um efeito meio aquarelado, com várias manchas, o que fez com que as cores também fossem animadas. E isso estava levando muito tempo, então os produtores exigiram que ela fizesse no computador. Acabou sendo uma confusão juntar o que já estava pronto em acetado, e simular as mesmas cores e efeitos no Painter, sendo que ela nem sabia usar o software direito. Acabou que com tudo isso, depois de seis anos, ela estava muito contente em poder finalmente exibir o trabalho finalizado. Bacana! Fiquei muito feliz por ela, e durante a exibição, conforme as pessoas iam chegando, eu fui ficando nervoso também.

Todo filme feito aqui tem a tradição de passar por isso. Logo após a mixagem final, os diretores e produtores promovem o que eles chamam de Playback, que seria uma primeira exibição do filme, pra ver como o filme é recebido, e repassar e ver se está tudo ok. E os playbacks são grandes eventos. As pessoas saem de seus escritórios e vão andando em direção ao teatro, e no caminho vão gritando "Playbaaack!!", batendo nas portas que estiverem fechadas, e as pessoas param o que estiverem fazendo para irem assistir. Eu acho que nós vamos ter algo assim por aqui. Dá um nervoso que só... :)

Dia muito cheio de novidades

Hoje foi um dia cheio. Fomos até uma exibição de alguns filmes da Disney em 35mm. Steam Boat Willy e uns 10 outros. Eles fazem parte de uma enorme exibição dos artistas europeus que trabalharam para Disney que está rolando no Montreal Museum of Fine Arts.

Nos disseram que a visita, para que vejamos tudo, deve durar umas 4 horas. Além das artes de produção também estão sendo exibidos os longas da Disney: Na sexta vai passar Fantasia e no domingo Pinoquio... Entre muitos outros. Uau!!! Certamente vou estar lá.

Ver os clássicos em pelicula é certamente uma experiência impagável, principalmente para quem trabalha com animação. A principal diferença é que na pelicula não existe compreesão de video. O que se traduz em mais cores do que é possível se ver no computador ou na tv e mais resolução também (Ou melhor, resolução total). Você basicamente consegue ver a textura do papel no traço.

Eu me diverti muito hoje com os filmes da Disney. É incrivel ver como eles ainda funcionam com o público. Na verdade eu me identifico mais com o movimento do que com as gags em si. Enquanto todos estavam rindo das muitas flautas que Donald tirava da manga eu estava rindo da forma como se movia ou como Mickey dançava etc. Mesmo nos filmes mais antigos eles acertavam a mão com a animação. Apenas o bastante para contar a história de uma forma cativante.

Fomos a esse cinema com Jody, Carla e Matt Forsythe. Matt é um dos contribuidores do site Drawn que muitos ai no Brasil devem conhecer. No fim da seção Matt encontrou com um amigo que depois descobrimos ser Emru Townsend, um dos jornalistas/animadores da revista FPS magazine que eu leio ai do Brasil. Quando saímos do restaurante conhecemos Tamu Townsend, a irmã de Emru. Conversando melhor com ela na ida até o metrô descobri que ela trabalhou mais de 2 anos na Toonboom, é grande amiga do Segio e da MarieEve (nossos 2 contatos lá) e que agora ela está na Autodesk (Empresa que faz o Max e o Cad até onde eu sei). Ela também escreve para FPS também e já tinha ouvido falar da 2Dlab no último festival de Ottawa. Incrível o número de contatos e coincidências.

Na verdade isso acontece aqui o tempo todo. Parece que todos os caras muito muito bons (Fora os do Brasil claro :D) são sempre do Canadá. Outro dia estava conversando com o Dale sobre um curta que eu adoro chamado Basin Street Blues e ele me disse com toda naturalidade do mundo: "Ah! Do Kid Koala!? Esses caras são aqui de Montreal, eles tem um bar em no centro e toda primeira sexta do mês eles dão uma festa especial lá que fica cheio de animadores, eu conheço um deles e a gente pode ir lá, agente fala com eles etc"... Eu não havia percebido mas enquanto ele falava eu acabei babando no teclado. Tentei disfarçar, fingir que eu nem ligava muito para aquilo, mas acho que nem deu. Esses caras são realmente muito bons. Um deles é um DJ de mão cheia e o outro anima em After Effects.

Basin Street Blues


Kid Koala Live


Conto mais das exibições da Disney depois que conseguirmos ir até o museu

quinta-feira, 22 de março de 2007

Site Oficial do Hot House 4

Está no ar agora o novo site oficial do Hot House 4. Clique no link Podcast para ver os animadores falando sobre seus projetos.

Desenhando no Metrô

Ah! o metrô de Paris.....digo, de Motreal!

Sério, o metrô daqui é do tipo velhaco. Pequeno e balança a bessa (o que atrapalha um pouco na hora de desenhar). Ele nem é tão velho assim na verdade. Foi instalado nos anos 80 mas como Montreal não é uma cidade muito grande acho que eles não acharam necessário fazer um metrô peso pesado.

Os canadenses são bem mais sutis que os brasileiros. Muitos ficam vários minutos parados na mesma posição quando estão sentados no metrô. Isso é um ponto positivo para desenhar. De qualquer forma eu tento não gastar mais do que 2 minutos em cada desenho, tentando baixar essa média para 1 ou menos.

Tento sempre me prender aos textos sobre desenho gestual do Walt Stanchfield (É, de novo ele) quando estou fazendo esses desenhos. A algum tempo atrás eu conversei com os responsáveis pelo site da Animation Meat e eles permitiram que eu traduzisse os textos para o português. Ainda está na minha lista de coisas que tenho que fazer antes de morrer.

Ps: Sei que não sou o melhor em português maaaas é melhor do que nada. Quem estiver disposto a me ajudar favor entrar em contato :)

quarta-feira, 21 de março de 2007

Animando a Borboleta

Hoje eu passei o dia criando o design e animando a borboleta do meu filme. Ainda não vou colocar o teste mas vou falar um pouco sobre o processo que eu usei e alguns insights sobre animação que me vieram a cabeça enquanto eu trabalhava.

Primeiro eu defini bem meus key frames e breakdowns esboçando mais ou menos aonde e como eu queria a borboleta e aumentando a exposição de cada quadro para definir mais ou menos o timing geral. No fim disso eu tenho um pencil test da minha animação (que fica meio engasgado mas já te dá uma boa noção do movimento final). Nesse primeiro passo eu faço meus testes e experimento bastante. É muito mais fácil errar aqui e consertar, ou experimentar, do que depois.

Quando estou fazendo essa primeira pincelada na animação sempre me vem na cabeça a frase do Rembrandt que o Richard Willians cita no Survival Kit:'Comece com o que você sabe e o que você não sabe vai se revelar para você'. Eu sempre penso:O que tem que estar lá? Que quadros são essenciais para essa animação? Que poses certamente vão entrar nessa cena? - Começando por ai fica bem mais fácil chegar a conclusão de como fazer os quadros "secundários" entre esses quadros essenciais, e antes que você perceba sua cena está pronta.

Outro ponto importante que me ocorre nesse processo é pensar que um timing constante é, na maioria das vezes, mais chato que um que varia de velocidade, tanto em termos de deslocamento de massa (movimento da borboleta pela tela) quanto em termos de coordenação motora(como a borboleta bate suas asas). Variar em todos esses aspectos e tentar adicionar pequenas reações e peculiaridades do movimento das borboletas é o que vai deixar a animação mais rica e, conseqüentemente, a borboleta viva.

Uma coisa que ficou legal nessa pequena animação da borboleta foi a variação de tamanho. Ela começa o vôo perto da tela, vai para longe (ficando bem pequena) e volta para perto chegando quase a tocar na lente. Isso me lembra também das aulas de Walt Stanchfield. Eu adoro tudo que ele escreve. Uma das coisas mais básicas e óbvias que aprendi com ele foi a tornar mais consciente o controle de tamanhos, superfícies, sobreposição e contorno durante a animação. Isso é beeeeem óbvio mas me atingiu como um raio: 'É claro! Que burro'. Esse é outro "macete" para enriquecer sua cena. Os curtas do Roger Rabbit tem cenas alucinantes que abusam demais desse conceito.

Outra coisa legal sobre essa pequena cena da borboleta é que eu vou misturar 3 formas de animar no Flash:Recortes com tweening (Usando os mesmos desenhos deformados mas fazendo o Flash animar para você), Recortes quadro-a-quadro (usando os mesmos desenhos mas deformando-os a cada quadro e corrigindo detalhes etc) e Animação Full (Redesenhando cada quadro. Principalmente para os momentos onde ocorre rotação tridimensional)

Bom, acho que está bom para esse post!

La Boite Noire

Montreal é uma cidade surpreendente. Conversando com Luigi Allemano a respeito de um curta que eu vi na sessão Panorama do Animamundi, "Svetlonos", de Vaclav Svankmajer, filho legítimo em talento e técnica de Jan Svankmajer, descobri que há uma loja de DVDs aqui em Montreal em que você consegue encontrar todo tipo de curta independente de animação, coletâneas e coisa e tal. Se você não achar, eles encomendam. Eu nunca imaginaria uma lojsa assim em qualquer parte do mundo. Talvez só em Montreal mesmo. A loja se chama La Boite Noire, e fica na rua St. Denis, não muito longe da casa que estávamos ficando antes de encontrarmos o nosso apartamento por aqui.

Desde o Animamundi eu venho procurando sem sucesso por vídeos desse filme. Acabou que esta manhã eu encontrei um clipe, montado por algum tcheco bacana, com uma pequena parte do filme. Pensando bem, o cara tirou a trilha original, que é ótima, e colocou uma música do Apocalyptica eu acho, ou coisa assim, então talvez ele não seja tão bacana assim.



PS: Estranhamente "Svetlonos" ficou na mostra Panorama e não entrou na mostra competitiva do Animamundi... Ele, "Flatlife" e História trágica com Final Feliz" foram os melhores filmes que eu vi ano passado!

terça-feira, 20 de março de 2007

Testes de Animação

Hoje fiz uns testes de animação. Agora no começo ainda estou pensando em termos de assets: Animações soltas que eu posso utilizar depois para montar o filme.

Animando assim eu posso usar o máximo das vantagens que o computador pode me proporcionar em termos de reutilização. Posso repetir a mesma animação várias vezes, cortar quadros para deixar os tempos diferentes, deforma-las, mudar sua posição, tamanho, cor etc.

Só assim eu vou conseguir criar o efeito de time-lapse (Filme em alta velocidade) sem precisar animar cada quadro, um-por-um. É claro que depois que eu posicionar esses assets no filme eu precisarei completar a animação final com pedaços "não-reutilizados" para que o filme não pareça pobre. Na minha opinião quando apenas repetimos as mesmas animações é possível perceber que tudo é uma grande reutilização de coisas (a não ser que fique muito bem feito).

Bom, a explosão (galaxia) ainda não é final, só um primeiro teste.

Exibição na Concordia

Ontem fomos na Concordia, uma universidade conhecida aqui do Canadá que tem um curso de animação muito bom (Que fica na estação Guy Concordia do metro).



Lá assistimos a uma exibição selecionada pela NFB de filme sobre o tema: Água. Eu não gostei muito dos filmes mas foi legal ver como os canadenses lutam contra o governo sobre alguns aspectos. Hoje o Canadá não tem problemas com água mas eles sabem que, como em todo resto do mundo, a água é um problema que está se agravando depressa. A maioria dos documentários criticava o estado por ter entregue o controle da água nas mãos das empresas privadas que acabam colocando um preço alto e vendendo a água que deveria ser para os canadenses no mercado externo. Ouvimos muitas vezes a expressão "Ouro Líquido" nos filmes.

Muitos culpam o governo e suas ações, também, por um problema que aconteceu a algum tempo atrás quando muitas pessoas ficaram doentes por causa de água contaminada (detalhe que alguns podem não saber é que aqui se bebe água potável da bica).

Só o último filme, que era de ficção live action, mostrou uma idéia legal. Mas a atuação não era nada boa. Resumo: Não ficamos para ver o debate depois da projeção.

segunda-feira, 19 de março de 2007

Balloon - Animatic

Aí segue o meu animatic. O tempo não está 100%, mas digamos que está 92%. :)

Primeiro contato com o som

Hoje tivemos todos uma reunião com Luigi Allemano. Luigi é um animador, e também designer de som, e é ele o responsável pela trilha de todos os filmes do Hothouse desse ano. Ele também trabalhou nos filmes do ano passado. Hoje nós tivemos a oportunidade de conhecê-lo e ouvir um pouco a respeito de teoria de som (Ele falou sobre Eisenstein e Michel Chion), com várias referências em animação. Também ficamos sabendo como funcionou o trabalho de som ano passado, e ele mostrou vários exemplos dos filmes do ano passado, passo-a-passo.

Eu gostei muito do som que ele fez pros filmes do ano passado. Simplesmente, são todos muito diferentes, com conceitos totalmente diferentes. Hoje ele se sentou com cada um dos Hot Housers e foi apresentado aos projetos todos. Cada encontro durou mais ou menos meia hora. Luigi foi muito atencioso, assistiu aos nossos animatics, perguntou, pediu pra ver de novo, e foi anotando tudo o que nós dissemos.

Conversamos sobre a trilha, sobre ruídos, sobre o ritmo do Animatic. Disse que gostou do ritmo do animatic, que parece conveniente, o que é muito bom.

Eu tenho duas referências de som que acredito serem bacanas pro filme. Uma delas é o "Atama Yama", de Koji Yamamura. A outra é "Dimensions of Dialogue", de Jan Svankmajer.
O filme do Svankmajer eu peguei de referência pra ruidagem. Penso em utilizar sons misturados, de coisas sento amassadas, trituradas, batidas, socadas e regurgitadas para as falas, ou mesmo balões. O filme do Yamamura veio pra ilustrar um pouco o tipo de trilha que eu estou querendo colocar, só no comecinho, e talvez no final. Eu pensei em colocar uma frase de música japonesa tocada com o Koto, que é este instrumento de cordas aí da foto, e que está bem presente no "Atama Yama". Acho que daria um ar meio místico/divino ao filme.

Bem, aí vão os dois vídeos citados, chupinhados do Youtube.









Aí vai um vídeo bônus. Trata-se de "When the day breaks", produção aqui da NFB, com direção das famosas Wendy Tilby e Amanda Forbis. Esse filme ganhou um monte de festivais, inclusive a palma de Ouro de Cannes, além de ter sido indicado ao Oscar de melhor curta de animação. Estou colocando esse filme porque Luigi Allemano trabalhou como animador dele, e é um dos meus filmes favoritos de animação.


Relatório de produção no Canadá

Algumas pessoas vêm me perguntando sobre o panorama e perspectiva de trabalho com animação aqui no Canadá, como as coisas funcionam, etc e tal. Ainda não sei como as coisas funcionam direito, mas parece que há muitas ofertas para animação por aqui. O Diego assina uma lista da AWN (Animation World Network), e vira e mexe saem uns "Precisa-se de animador...". No Brasil consolidou-se um interesse comum em buscar parcerias com o Canadá. O Canadá é um dos maiores produtores de séries de TV em animação e documentário do mundo, e esse interesse do Brasil não é novo. Pelo que eu sei, desde os anos 80 as pessoas no Brasil vêm tentando solidificar as relações entre os dois países. Neste momento, estamos caminhando para algo mais concreto, graças a iniciativas de ambos os governos e produtores. No Brasil, algumas produtoras estão em negociação e/ou já fecharam co-produções de séries de animação para serem feitas em parceria com Canadá no Brasil. O próprio fato de estarmos aqui é uma iniciativa de longa data, e é fruto dessas parcerias todas. Ano passado, tive a oportunidade de participar do "Animando com o Canadá", que aconteceu no Senac, e do "1. Forum de co-Produção Brasil-Canadá", da ABPI, e saí muito otimista de que as coisas realmente estão acontecendo.

A Eliana Russi, do consulado do Canadá, me mandou hoje um texto sobre a produção Audiovisual no Canadá. Trata-se de um relatório sobre Público, gênero de produção, emprego, etc e tal. Eu ainda não li o texto todo, é bem grandinho, mas talvez ajude a responder um pouco o que as pessoas estão procurando conhecer.

Para ver o texto, é só clicar na imagem do Jacob Two-Two abaixo, que é um dos meus desenhos canadenses favoritos. :)


domingo, 18 de março de 2007

Primeira Neve na Cabeça

Essa foi a primeira tempestade de neve que tomamos nas ruas de Montreal. Saimos de um pub chamado Brutopia que fica em Concordia (centro da cidade) e tivemos que enfrentar bastante neve até chegarmos ao metro.

Acho que no vídeo vocês não verão bem a neve por causa da resolução. O audio também não está muito bom por causa do vento. Mas é engraçado ver a Maya aprendendo a falar palavrões em português. Olllha só o que viemos ensinar para os canadenses!?





Na saída do metro tivemos que andar mais 10 minutos para chegarmos em casa. Essa foi a pior parte e a pior aventura no Canadá até agora. Não percebemos de início mas nem os canadenses se atreviam a sair da estação Vendôme, só os brasileiros otários foram loucos o suficiente para sair a pé naquelas condições! Em menos de 30 segundos descobrimos porque não havia ninguém na rua. Tivemos que tapar os olhos e a boca para conseguir correr debaixo daquela neve toda. A neve parecia areia entrando nos olhos, a boca congelava no frio e não sabíamos com certeza aonde estávamos pisando. Não haviam nem carros na rua. A situação estava tão ruim que o Jonas passou correndo por nossa rua (Grosvenor - que se fala sem o S: Grovenor) sem perceber.

Estamos bem mas vou pensar duas vezes antes de sair sem meu casacão novamente. "O inverno já está acabando" uma ova!

Basic Love - Animatic

Bom, não sei se vale a pena ou não colocar isso mas... segue ai o animatic do meu filme.

Os momentos "coloridos" em que os "planetas" chegam perto da câmera ainda vão mudar um bocado. A borboleta no final ainda não é definitiva. Vocês certamente não vão entender algumas coisas porque está tudo muito esboçado, mas também porque a HISTÓRIA beira o incompreensível. Bom, de qualquer forma, divirtam-se:



O que significam os números? O que são essas coisas que quase se tocam? porque uma borboleta no final? - Essas são perguntas que vocês tem que responder e não eu :). Cada um vai e deve ter sua leitura sobre o filme, assim como eu tenho a minha. Opniões e idéias sempre são bem vindas. Quem quiser dizer o que entendeu do animatic também é bem vindo (mas sem idéias de girico, por favor).

Dia do Santo Bebum!

Hoje é dia de Saint Patrick, o santo Irlandês mais bebum da américa do norte. O feriado é comemorado no Canadá, Estados Unidos, Austrália e mais em alguns outros países. Aqui no Canadá ele só serve para a galera encher a lata e se vestir de Leprechaun. Muitos canadenses colocam aquela cartola verde gigante e se dirigem para o centro para ver a parada. Hoje viemos para a NFB então perdemos a parada. Segue ai um vídeo mostrando alguns momentos.



Não fomos nós que gravamos (como vocês podem perceber), é só para vocês terem uma idéia.

A Jody nos disse que a parada é bem grande mesmo, cheia de carros políticos (porque estamos perto das eleições aqui) e pessoas vomitando na rua. Quuueeeee divertiiido!
Pena que não fomos. Agora de volta ao filme nosso de todos os dias.

sexta-feira, 16 de março de 2007

Wallpaper!

Hoje eu comecei a fazer os meus testes de animação. Acabei não indo muito longe, porque enquanto eu estava desenhando, eu senti alguma dificuldade em trabalhar movimentos de cabeça dos personagens, porque suas cabeças originalmente são chapadas, sem profundidade. Eu tentei adicionar um pouco de profundidade, pra deixá-los mais geométricos, e pra que eu pudesse girar e inclinar a cabeça, e achei que o efeito de grosseria ficou um pouco melhor representado nele assim. Mas, por outro lado, daria muito trabalho pra animar, porque eu teria que simular uma tridimensionalidade, e isso fugiria um pouco da maneira que eu estava pensando em trabalhar dentro do software. Dá um pouco de receio de começar a animar assim, e não dar conta de terminar tudo a tempo. E outra, pensando bem, a animação não pede muito isso. Talvez fosse legal trabalhar com as formas bidimensionais mesmo, porque tudo é chapado. As nuvens, os balões de fala, tudo. Fiz uma enquete aqui no estúdio e todo mundo ficou dividido. Bom, seria legal que vocês opinassem também!

De qualquer forma, eu gosto de ambos os resultados, e é um pouco difícil escolher, mas acho que vou optar pelo que já tinha sido optado. Hehe. As cabeças chapadas. Acho que deixa tudo mais simples e mais icônico, e a idéia do filme é ser bem simples mesmo, minimalista. Bom, como eu ia colocar uma imagem disso tudo que eu estou falando, resolvi montar um Wallpaper, pra quem gostasse e quisesse usar, de brincadeira. A resolução da imagem é 1024 x 768.


5 Minutos atrás na NFB



quinta-feira, 15 de março de 2007

Hot House Family

Tá bom, agora chega de baboseiras sobre o Canadá. Vamos falar um pouco sobre o NFB.

A galera que está participando do Hot House é muito legal. Apesar do nosso inglês limitado acho que estão nos recebendo muito bem.

Maya:
É Turca naturalizada canadense (casou com um canadense mas já se separou). Muito gente boa. Já aprendeu até alguns palavrões em português. Ela entende alguma coisa do que agente fala porque já teve um namorado latino e algumas coisas tem som parecido.

O filme dela é sobre nuvens. As nuvens em cima das cabeças dos personagens ficam negras com maus pensamentos. A técnica é bem legal. Mistura recortes de papel, stopmotion, after effects etc. Os personagens de recortes de papel estão bem legais, ela fica com eles pendurados num quadro de cortiça atrás de mim.

Jody:
Toca um tipo de guitarra havaiana, daquelas de colo. Acho que hoje vamos ver um saral de Bluegrass music onde ela vai se apresentar. Jody é bem tímida e introspectiva. Acho que é a mais velha dos 8 do Hot House.

O filme dela é sobre 2 monstrinhos que tocam jazz. A técnica é animação tradicional, no papel mesmo.

James:
É o mais engraçado da galera. Um humor inglês/canadense bem sutil. Cheio de "absolutely" e "Totally". Saca algumas piadas rapidamente. Gosta de Mutantes e vai mandar seu filme pro Animamundi desse ano.

Seu filme também é com animação tradicional. Os 'encontros' vão acontecendo cada vez em um nível menor (com zoom in até chegarmos em um nível microscópico). Os personagens vão apertando as mãos, se cumprimentando, até vermos 2 DNAs dançando em uma festa. Não sei se eu expliquei bem mas vai ser bem engraçado.

Oliver:
É o mais caladão de todos. Também pudera, ele está com uma dor de dente terrível. Se bem que acho que mesmo sem a dor ele ia continuar sendo o mais caladão de todos. Acho que ele é canadense com descendência oriental, algo bem comum em Montreal.

O filme dele é sobre respeito a personalidade de cada um. Acho que ele deve ter tido alguns problemas com a dele e com o fato dele ser caladão. O filme vai ser feito todo em flash com rotoscopia de vídeo.

Carla:
É a mais doida de todos. Se veste toda com bichinhos pendurados, coisas rosas peludas, casaco de pelo quadriculado etc. Ela é uma multi-artista, já trabalhou com várias coisas: de taxidermista a palhaço de festa. A primeira impressão é impactante mas no fundo ela tem um coração fofo.

O filme dela é em stopmotion com um estilo meio Tim Burton só que com insetos de verdade. Um estilo bem forte.

Dale:
Acho que o Dayle deve ser o mais experiente dos Hot Houser's. Ele fez faculdade de animação aqui no Canadá (Não lembro qual agora) e trabalhava em um estúdio em Toronto antes de vir para o Hot House. Ele acabou explicando o Frame Thief (Programa que o pessoal do Stopmotion está usando aqui) pra gente porque ele sabia mais que o pessoal daqui. Joga capoeira e toca berimbau. Esteve no Brasil no natal de 2006, em Salvador.

O filme dele é o mais legal de todos. É um stopmotion + arte digital experimental. Ele vai capturar borrões de tinta no Frame Thief e depois vai desenhar criaturas em cima dos borrões. As cores vão se misturando e formando criaturas mais e mais complexas. Muuuuuito foda.

Bom, esses são os animadores que como nós estão fazendo os filmes do Hot House. Além deles temos a equipe de profissionais e animadores daqui da NFB mesmo, que ajudam a gente a resolver os problemas:

Maral:
Canadense + Árabe, o que também é muito comum aqui em Montreal. Ela não é animadora na verdade. Ela estuda história do cinema eu acho, mas durante muito tempo trabalhou na frente do festival de Ottawa. Só recentemente ela veio para o NFB. No momento ela é a responsável por gerenciar o Hot House.

Torill:
É a diretora do NFB que acabou de ganhar o Oscar. Ela é um doce. Muito tranqüila. Ela e a Maral tem me ajudado bastante com a idéia do filme. Ainda não vi o filme dela mas acho que eles vão mostrar pra gente aqui mais cedo ou mais tarde.

Randall:
Ele parece um pouco com o ator que faz o Gandalf no Senhor dos Anéis, então seu apelido é Randalf. É a pessoa da parte técnica mais próxima de nós. Qualquer dúvida sobre softwares de animação e problemas no computador é com ele, apesar dele ter feito faculdade de Artes (o que o deixa meio chateado). É como no Brasil, empresa estatal, segurança etc. Dai ele acaba ficando por aqui mesmo. Randall adora colocar coisas engraçadas penduradas pelas paredes do estúdio ou coladas em livros (Como a foto dele próprio assoprando a vela do seu bolo de aniverssário de 13 anos).

Tem bem mais gente, depois eu vou falando de cada um.

Unha Encravada

Ok, isso não tem nada a ver com o NFB mas está realmente atrapalhando meu filme. Na quarta tive um problema sério de unha encravada e acabamos parando no Hospital. Parece que vou acabar usando mesmo o seguro internacional de saúde que fizemos antes de sair do Brasil.

Aqui só para falar com o médico eu paguei $100,00 e mais uns $40,00 para remédios, gaze, esparadrapo etc. Ficamos até mais ou menos meio dia no hospital. O pessoal da NFB disse que tivemos sorte porque as vezes a fila aqui é de mais de 5 horas para ser atendido.

Quanto ao seguro, o processo para reembolso de tudo isso é bem chato. Pelo que eu entendi eu preciso ficar bom para saber qual foi meu gasto total (que é todo pago com meu próprio dinheiro) e dai então juntar tudo (notas do hospital e recibos de farmácias) e mandar por CORREIO para a empresa do seguro. Só então eles vão verificar SE e O QUE eles vão estar me reembolsando.

Acho que isso significa: Hospital agora só se eu estiver com o pé na cova.

A experiência nesse caso está sendo realmente traumática e seria muito mais se não fosse pela boa vontade e elegância dos Quebequences. Todos são bem gentis e tranquilos. A médica me tratou muito bem, de forma muito simpática. Também achamos o hospital bem menos assustador do que no Brasil.

Tomara que os antibióticos funcionem. Agora não preciso nem tomar a aspirina, só o Red Bull já vai ser o suficiente.

Fechamos a Estória (?)

Ontem nós fechamos a idéia dos nossos filmes. Acabou não tendo uma apresentação formal como imaginávamos, portanto eu não sabemos ao certo como as pessoas estarão lidando com seus trabalhos. Mas todos estão muito empenhados em seus projetos. De um modo geral, todos tem ficado umas 8 horas aqui trabalhando. Passando os olhos pelas mesas e pranchetas, dá pra ver que vão sair uns filmes bem legais!

Eu terminei uma primeira versão do meu animatic. Ainda preciso mexer em mais coisas, mas por enquanto eu vou me dedicar a algumas outras coisas que eu acho mais importantes pra essa frase de criação, como definir o que vai aparecer dentro dos balões de fala, que é parte da narrativa, além da estética do filme. A estética está bem definida, é bem aquilo do projeto que eu mandei, só ficou faltando mesmo o conteúdo dos balões. Eu não estou tão decidido assim por usar colagens de fotografias. Talvez fique um pouco poluído, já que o projeto tem um perfil mais minimalista e simplista. Pensei em substituir as fotografias por desenhos, que seria mais fácil pra eu executar. Também pensei em preencher os balões com várias texturas diferentes, impressões de papéis, e ir trocando, como se fossem canais de TV. Acho que daria mais dinâmica. Mas tudo tem que ser testado, ainda, e é o que eu pretendo fazer.

Já fiz o meu super sofisticado cenário, que é composto por um fundo azul com uma dúzia de nuvens. E hoje terminei de montar os personagens no Toon Boom Solo. Eu pretendo fazer a animação 100% digitalmente, e vou misturar um pouco de animação quadro a quadro com recortes. É o que eu estou mais acostumado a fazer, e acho que é possível atingir um resultado bacana, em pouco tempo.

A construção dos personagens que eu mencionei trata-se na verdade de pegar o desenho do model sheet do teu personagem, e ir separando-o em pedaços, membro-a-membro. No Solo você tem como criar uma relação de hierarquia entre as partes, de modo que quando você balançar a cabeça, por exemplo, ele balançara os olhos, boca e nariz também.

Como os meus personagens são bem icônicos, não tem roupa, e eu pretendo animar os membros com desenhos quadro a quadro, e talvez morphing, a hierarquia está mais ou menos simples. Eu poderia ter dividido o personagem mais, como por exemplo dividir as pernas e os braços em três partes cada, mas não acho que vá ser necessário. A hierarquia do personagem é exatamente essa da imagem aí em cima. A figura corresponde a um único personagem. A do outro é bem parecida.

Embaixo, os resultado final, já com um teste de "tone", pra plicar uma sombrinha neles (A direção da sombra está toda errada. Como eu disse, é só um teste).


Amanhã eu começo a fazer os testes de animação e os testes com os balões de fala. Se eu conseguir, eu coloco uns gifs animados. :)

Chez Brasil

Ai galera que pensa em vir para Montreal. Abaixo vocês podem ver o flyer da pousada que ficamos por uns dias no bairro do Plateau. Bem aconchegante. Perfeito para quem quer passar uma semana por aqui ou para quem está chegando e não sabe para onde ir (que foi o nosso caso). O atendimento é em português claro! E em algumas manhãs temos direito a música brasileira ao vivo :) hehehe.... Não incluso no preço :P

terça-feira, 13 de março de 2007

História Chata ou História Incompreensível?

Eu tenho tido alguns problemas quanto a minha história. O conteúdo tem que fechar até amanhã e eu ainda não sei ao certo o que o meu filme vai ser. O fato de estar trabalhando com formas muito básicas e minimalistas é mais complicado do que parece. Eu não quero que o filme seja chato, incompreensível ou clichê.

O problema é que quanto mais abstrato mais leituras diferentes terá mas também mais incompreensível será. Quanto mais figurativo mais clichê (vai parecer que eu não fui até o fim com toda a idéia do minimalismo). Quanto mais informação mais confuso. E por ai vai!

O fato é que fazer um filme sem personagens, sem piadas e beirando o incompreensível é um grande desafio e isso está me deixando doido. Talvez eu precisasse ter uns 80 anos pra fazer esse filme da forma certa.

Acaba que no fim do dia eu tento trabalhar as idéias mas tudo parece tão chato. Assim que estiver definido eu tento colocar o animatic aqui! Acho que eu to precisando mesmo é tomar umas drogas bem pesadas tipo: coca cola de estômago vazio ou red bull com aspirina.

Ufa!


Hoje todos nos reunimos com a Maral e a Torill. Eu fui o primeiro, a cobaia. Hehe. Estava um pouco nervoso, mas deu tudo certo. Desde quinta passada, eu me concentrei em repensar o meu roteiro, porque além de longo, algumas coisas não estavam claras. A idéia básica do meu filme é a de que dois caras se encontram no céu, presos a uma bexiga cada um. Eles ficam brigando por todo o espaço descomunal do céu, até que seus balões estouram e eles caem. A maneira com que os balões estouram foi muito discutida semana passada, além da duração do projeto. Mas o que estava pegando pra mim era a maneira que os balões estouram.

Eu gosto do jeito que está, mas resolvi tentar criar outras coisas... Criei uma versão da história com um carinha só, que brigava com pássaros, criei uma versão com um cachorro, e por aí vai. De qualquer forma, ainda acho que a primeira versão é a melhor. Então decidi bater o pé, e reduzir as ações ao essencial (Até porque é um filme de 30 segundos). Fiz um animatic, mas mesmo o animatic estava com um pouco mais de 30 segundos (36, exatamente), o que consistia em outro problema.

Mas a reunião de hoje foi muito tranquilizante. A Torill elogiou o uso dos balões de fala, falou que a idéia foi manipulada de uma maneira muito elegante, o que foi pra mim o maior tranquilizante que eu poderia ter. A Maral também disse que o projeto estava legal, que o ritmo no animatic estava bom, e que a idéia dos 30 segundos era mais pra gente desenvolver algo que pudesse ser apresentado nessa duração, mas que o resultado no final poderia ter menos ou mais, o que quer dizer que meus 36 segundos estão ok. Ambas deram uma sugestão para incrementar o final que eu gostei muito, e vou utilizar.

Cara, que bom... Eu estava muito desanimado. Primeiro você gosta da idéia. Depois você acha uma merda. Depois você perde o interesse. Eu estava mais ou menos assim... Isso não é saudável... Agora eu voltei a ter meu entusiasmo! Iupi! :)

domingo, 11 de março de 2007

Apartamento novo

Hoje finalmente estamos nos mudando para um apartamento novo, de aluguel.
Os donos do prédio disseram que é a melhor área da cidade, mas parece que todas as áreas por aqui são boas já que todos os donos de apartamentos dizem a mesma coisa :)

Conseguimos o local através de um site chamado Craglist:
http://montreal.craigslist.org/apa/
Mais detalhes depois que estivermos acomodados :)

Primeira exibição de projetos


Esta quinta feira foi o dia mais importante da semana pra gente. Foi quinta feira o dia da primeira exibição dos projetos para uma audiência na qual consavam todos os oito participantes do Hothouse mais membros da direção do programa, como a Maral, Michael Fukushima, a Torill Kove, David Verall entre outros.

Todos tivemos que preparar um storyboard para apresentar às pessoas, e cada um teve 3 minutos para apresentar sua ideia e materiais, além do espaço de 30 minutos para discussão de cada projeto. A audiência teve início às 9:30 da manhã e terminou lá pelas 14:00. Foi bem interessante. Pela primeira vez pudemos saber do que se tratavam os projetos de cada um. De um modo geral, todos os projetos são bem diferentes, embora haja algumas semelhanças entre alguns, como por exemplo o do Diego e o do James, um dos canadenses, que tem o uso de alguns símbolos com referência à genética.

Pra apresentação eu fiquei bem nervoso. Eu e o Diego fomos os únicos que preparamos a apresentação pra ser exibida por um computador, e nos fomos os únicos a receber um microfone de lapela pra gravação do audio pro making of, então ficamos numa posição bem desconfotável, porque tínhamos que ficar do lado do laptop, em pé, ao lado da mesa, de frente a todos, e o cabo do lapela não deixava a gente se mexer muito, deixando a gente coloado à mesa, bem pouco à vontade. Também tivemos que usar o nosso melhor inglês, que nem é tão melhor assim, e isso ficou mais desconfortável ainda. E é claro, o mais difícil, falar pra tanta gente importante assim.

De certa forma, pude ver que várias pessoas se interessaram pelo meu projeto. Algumas até vieram falar comigo depois, o que me deixa mais confiante e otimista. Mas eu recebi muitas críticas, principalmente da Torill, David e Michael. A primeira, e que que era uma das críticas que eu estava esperando ouvir, é de que o filme estava muito longo. De fato, eu concordava, mas eu quis provocar algumas discussões em relação às ações. Com muitas ações, talvez fosse possível discutir e se chegar a pontos essenciais. E de fato isso aconteceu. Recebi algumas sugestões, fui questionado sobre algumas abordagens. É aí que vem o jogo de cintura. Às vezes, você nem pensou sobre aquilo que as pessoas estão perguntando, mas você é capaz de elaborar alguma resposta que possa ser minimamente convincente. Isso é legal também, porque te ajuda a olhar ângulos que você não veria normalmente, e às vezes esses ângulos seriam pontos de vista comuns à audiência. E todos naquela sala eram como se fosse a tua primeira audiência, então é legal ter esse retorno, pra você experimentar se a tua idéia funciona ou não. Mas foi muito complicado, porque as pessoas falavam comigo, sugeriam coisas e as vezes faziam perguntas, e eu nao conseguia entender o que elas estavam falando. Isso me deixou um pouco chateado, porque eu sinto como se estivesse deixando de aproveitar tudo. Mas foi tudo muito legal, e é uma experiência que vai voltar a se repetir, e talvez eu consiga lidar com tudo de uma forma mais natural. Aí estão algumas imagens do meu storyboard. Talvez o Diego coloque tambem. O storyboard dele está super bonito, e a idéia dele, além de ser bacana, já está bem fechada. Se vocês pedirem, ele coloca. :p

Eu tenho que terminar o meu novo storyboard para o Content Lock, que será nessa próxima quinta feira. Ou seja, tenho uns 5 dias pra reavaliar tudo, redesenhar, e reapresentar o meu projeto. Depois de quinta, o filme não deve sofrer mais alterações, e deveremos começar de fato a produção. Na verdade, eu já modifiquei a história, está bem mais curta (Embora eu goste menos) e eu estou construindo um animatic bem "rascunhoso", pra ver se a coisa funciona nos 30 segundos. Mas está difícil. :p

sexta-feira, 9 de março de 2007

Macetes para se vestir no Canadá

Como calcular o frio
A primeira coisa que você animador precisa saber é como calcular o frio. Primeiro temos o frio "real". A isso somamos o vento e a humidade. Dai temos a sensação térmica, que é o que realmente vale.

Exemplo:
frio real de -20 + Vento Forte + Humidade de 40% = sensação térmica de -40

Mochila para roupas
O primeiro macete é sempre andar com uma mochila vazia para as roupas de inverno. Todos os lugares aqui são aquecidos e você vai morrer de calor se não tirar as roupas sempre que entrar em algum lugar. Na mochila você normalmente vai colocar o casacão, as luvas, o gorro e o cachicol. Tenha certeza que todos vão caber lá dentro sem que te incomodar.

Casação impermeável
É importante ter um casaco pesado, a prova d'agua, que te mantenha aquecido. De preferencia peludo por dentro. Principalmente se você está vindo no inverno. Não adiana ficar colocando milhões de roupas, e camisas etc. O ideal mesmo é ter 1 que resolva o problema. Muita roupa = muito tempo para se vestir + muito calor nos lugares fechados. O casacão é o seu melhor amigo aqui :)

Gorro Grande
O gorro tem que ser bem grosso pra aguentar o frio. Bem grande para tapar a cabeça e as orelhas ao mesmo tempo e de preferencia preto para que você possa usar como tapa-olho, tipo aqueles de avião para dormir, se você precisar. Ele foi bem útil na viagem já que sentamos em frente a tela no avião que ficou a noite inteira ligada.... Bom, nunca se sabe quando você vai precisar dormir até mais tarde....

Corta vento
Algumas roupas, como Tecktel podem ser usadas para cortar o vento. Você pode usa-las por cima de uma outra roupa mais quente e quardar na mochila quando entrar em algum lugar. O Daniel Schorr diz que isso é meio brega mas se a sua roupa não está cortando o vento direito (tipo roupa de renda, furadinha) esse é o único jeito.

Underwear
Ainda não consegui comprar a minha. Isso faz muuuiita falta. Eu estou usando uma de lycra mas ela não ajuda muito. Com a humidade parece que está molhada, dai parece que se sente mais frio. O ideal, eu acho, seria comprar uma de flanela. A flanela parece ser uma boa opção porque corta o frio e mantém o calor do lado de dentro.

Cachecol
Esqueça os de renda, furadinhos da vovó. Esqueça os finos e curtos como os que você acha no Brasil. Você vai precisar de um de flanela, longo e com 1 ou 2 palmos de largura. Ele protege a garganta e até a boca, como se fosse uma máscara. Sem isso você vai ficar com a boca toda ferida e correndo o risco de pegar uma pneumonia ou coisa do tipo. Lembra o Mentor do He-man? É assim que tem que ficar.

Bota impermeável
Botas que entram água são um perigo. Seu pé vai ficar molhado com a neve e com a umidade e você vai congelar ou ter alguma doença séria. Compre uma bota quente. Quem sabe com pelo interno. Não compre uma bota justa ou apertada já que, além da meia grossa, você também vai ter que usar uma sola térmica. Cuidado com o uso de muitas meias, depois de um dia inteiro de bota você vai ficar com um cheiro danado de ruim.

Palmilha Térmica
As botas sozinhas podem não dar conta dos dias mais frios. As palmilhas térmicas são baratas e podem ajudar bastante. Eu consegui achar uma na Dollorama (ou melhor, custou só 1 dollar) que além de térmica acaba com o mal cheiro, muito útil não!?

Luvas
De couro com pelo por dentro parecem ser as melhores. Mas você sempre pode achar alguma de flanela que ajude. Na dollorama infelizmente só tem algumas de trabalhadores. Ainda não achei a melhor loja para comprar isso. Para os dias mais frios é melhor você ter pelo menos duas.

Meias
As da Dollorama resolveram bem. São bem grossas , tipo uns 3 ou 4 cm. Elas deixam o pé meio preto, tipo, soltam pelos, mas por 1 dollar tá bom demais.

Quarda-chuva
Quando a neve começa a derreter e o clima esquenta começa a chover, ou a cair neve molhada (quando está bem frio chamamos de neve seca). Dai é bom você ter um guarda chuva. Com a falta de prédios altos (muitas casas) o vento aqui castiga, então arrume um guarda-chuva resistente e não aqueles de 5 reais.

Lojas no Canadá

Dollarama
Essa é a minha loja favorita. Tudo por 1 dollar ou menos. Tem meias grossas muito boas. Também é legal para comprar biscoito já que a maquina aqui da NFB não devolve a notinha e agente tem que pegar nota de tudo. Lá tem mesmo bastante variedade: de tocha para fazer um lual na neve (????) até sapato pra cachorro. É uma loja bem comum, tem em vários lugares.

Winners
É como uma Renner ou C&A ai do Brasil. Não é tão barata mas se você quer roupa nova e boa é a melhor opção.

Payless Shoes
Até agora só vi uma, perto da estação Berri-Uqam do metrô, foi onde comprei minha bota. É bem barata e variada em termos de calçados, tudo o que você vai precisar aqui no Canadá. Ainda bem que deixei para comprar a bota aqui! Ela acabou custando c$54,99 = R$ 110,00

Brechó
Existem alguns Brechós que recebem roupas doadas em boas condições e vendem a preço de banana. É claro que tem bastante tranqueira mas procurando você sempre acha algo que preste. Pergunte na loja porque muitas vezes eles tem um dia expecial de promoção. Na que nós fomos tinha uma promoção de metade do preço uma vez a cada duas semanas. Jonas comprou um casaco pesadão por c$14,00 = R$28,00.

McGill Underground Shopping
É um shopping bem grande que fica no subterrrâneo da estação McGill do metrô. Ainda estamos pesquisando o lugar. Fomos pela primeira vez ontem. Visitamos uma dollorama pra comprar mais meias e uma papelaria tipo Casa Mattos, com a pequena diferença de que aqui encontramos lápis ColErase, comprei todos que eles tinham :) Depois vou comprar mais.

Mais sobre lojas no Canadá depois....

quarta-feira, 7 de março de 2007

Chegando na NFB

Eu acho video bem melhor que foto :)





Muito tempo sem postar

A gente ainda está meio enrolado aqui, como o Jonas já explicou. Até ontem eu não tinha dormido direito e nem tido tempo para fazer um post sequer. Inclusive esse post está sendo feito as pressas porque estamos deixando um hotel para ir pra outro e já estamos meio atrasados para chegar no NFB.

Algumas coisas importantes:

O NFB é enorme, o maior lugar de produção de cinema que eu já vi na vida. Muito fácil se perder lá dentro. Mesmo as pessoas que trabalham lá não conhecem bem tudo. Numa das salas de arquivo tem mais de 150.000 entradas, sendo que muitas são rolos inteiros de negativo... Imagina quanto material isso dá!?

As cameras Oxberry são fantásticas. Uma pena que apenas poucos animadores 'das antigas' as usem. Existe uma enorme, controlada por computador mas que parece estar com os dias contados. É mesmo incrível e uma pena ao mesmo tempo.

Além de toda a aparelhagem de edição, captura, estúdios de gravação e produção a NFB também tem áreas administrativas enormes. Só a parte de correio parece uma agência grande de correios ai do Brasil.

Bom, temos que sair.... mais no próximo post.

Dia 06-03

Hoje foi um dia cheio de coisas. Tanto eu quanto o Diego tivemos uma reunião com Maral e Torill para falarmos sobre nossos projetos. Temos que entregar um storyboard na quinta e explicar para todos, inclusive os outros participantes do Hothouse, em linhas gerais o desenvolvimento de nossos filmes. Foi bem legal, tanto a Torill quanto a Maral são muito atenciosas e orientam muito bem. Recebi uma série de ótimas críticas e sugestões, que devem acrescentar bastante ao meu trabalho nesta fase. Ainda tenho muitas dúvidas sobre uma série de coisas a trabalhar no projeto. Mas confesso que estou mais aliviado por conseguir fechar o modo de realização do filme. Muitas pessoas vão trabalhar com after, stop motion, pixilation, animação 2d tradicional na velha mesa de luz. O Diego, inclusive, em Flash. Originalmente, eu pensava em fazer a animação do modo tradicional. Mas estava muito inseguro, por não ter tanta experiência assim com animação e, sobretudo, por não ter feito muitas coisas deste modo. Eu estou acostumado a animar com o Toon Boom Solo, de que sou usuário há uns 8 meses. E o NFB não tem licensas do Toon Boom Solo. Hoje eu e o Diego fomos visitar a Toon Boom, cuja sede fica ao Norte de Montreal, num bairro mais industrial.

O prédio é bem bacana, um estilo mais romântico-antigo. Há um monte de cartazes pendurados na parede, e é menor do que eu imaginava. O Sergio de La Cruz, vendedor responsável pelo Brasil, nos recebeu com a maior gentileza, e me cedeu uma licensa temporária do Toon Boom Solo, assim como ele havia feito para o meu projeto de conclusão de curso na faculdade, Um Lugar Comum. Então, de agora em diante, estarei fazendo tudo no software, o que deve simplificar muito as coisas pra mim. Espero que, uma vez com o conteúdo fechado, que deve assim estar até quinta da semana que vem, conforme nosso cronograma, não levarei muuuuito tempo pra animar. Tirei um peso das costas.

O Sergio é um cara bem legal. Ele irá agendar uma visita para a gente conhecer alguns estúdios de Montreal e Ottawa. Um deles é o Mercury Filmworks, que é bem grandinho. Vamos conhecer como funcionam as produções de desenho animado para séries em estúdios no Canadá, o que parece ser muito interessante. A Toon Boom é uma empresa bem legal e é bem acessível à parcerias. O pessoal no Brasil que tem interesse em aprender a usar seus softwares, experimentar, comprar, ou tentar qualquer tipo de parceria, deveria tentar. Alguns amigos meus da Universidade Federal de São Carlos acabam de ganhar licensas temporárias do Toon Boom Solo e Storyboard para fazer seu filme de conclusão de curso, Hugo. Vai ser bem bacana.

Dificuldades

Estamos tendo muitas dificuldades em encontrar um lugar pra ficar aqui em Montreal. Por enquanto, estamos em um hotel provisoriamente. Ele está nos custando 122,00 dolares canadenses por dia, o que é caro. Há uma grande dificuldade em encontrar apartamentos, pelo fato de a maioria estar disponível apenas por contrato de 1 ano. Os que aceitam o que eles chamam de no lease, ou seja, quartos por temporada, ou estão disponíveis a partir de abril, maio (Deve ser o ínicio de alguma temporada. Talvez a primavera, não sei, o que deve atrair alguns turistas), ou estão disponíveis agora, mas não tem mobília.

Há um lugar que parece ser bem bacana, e vai ser o nosso segura-as-pontas por enquanto. Chama-se Chez Brasil, e fica perto da estação de metrô Sherbrooke, no centro de Montreal. É uma propriedade de duas brasileiras, Ana e Eliana, que elas alugam pra brasileiros. É uma pousada, tem várias facilidades, como aquecimento, internet e lavanderia, além de ter o café da manhã incluso, e custa 65 dolares por dia para duas pessoas. A Eliana tem sido bastante atenciosa, e nos permitiu ficar uma semana alojados em sua pousada, até acharmos algo mais definitivo. O lugar não fica muito longe daqui e devemos nos mudar amanhã cedo, antes de irmos pra NFB.

terça-feira, 6 de março de 2007

Primeiro dia na National Film Board

Ontem pela primeira vez cruzamos as portas do National Film Board. O predio eh gigantesco, e nohs nos perdemos. Ha milhares de corredores, e todos eles tem nome, pras pessoas se localizarem, como Av. Norman Mclaren ou Lotte Reiniger Street. Alem disso, as paredes estao cobertas de cartazes, fotos, posters, fotos do Norman Mclaren, bonecos de resina, e todas essas coisas legais, alem de vez ou outra algumas estatuetas do Oscar ou Annecy, espalhadas por ai, entao mesmo se perdendo por aqui pode ser bacana, porque tem muita coisa pra olhar. As pessoas sao muito receptivas, e eh possivel voce bater, entrar na salinha, e ver o que a pessoa esta fazendo. Espero conhecer muitos trabalhos e pessoas por aqui.

Tivemos nossa primeira reuniao, onde pudemos conhecer todos os envolvidos no Hothouse, alem de todos os participantes. Ha somente 3 estrangeiros aqui: Eu, Diego e Maya, uma Turca radicada no Canada. Ela se considera uma canadense turca. Somos ao todo 8 participantes, e trabalhamos todos na mesma sala. Eu ganhei um computador com dois monitores, uma tablet gigante e uma mesa de luz, alem de um telefone que fica na minha escrivaninha.

Esta quinta teremos que apresentar um storyboard, com o filme mais ou menos definido. Ainda nao comecei, mas estou trabalhando no roteiro, e devo ter tudo pronto pra quinta em breve.

Aqui em Montreal encontramos uma pessoa maravilhosa, que tem sido nosso padrinho desde antes de chegarmos aqui, o animador Daniel Shorr. Ele fez alguns filmes na NFB (Seu ultimo filme, Dominoes, estreiou ha pouco tempo). Ele nos emprestou varias roupas, nos levou pra conhecer a cidade, e esta nos ajudando a encontrar um apartamento melhor e mais barato. Ele e sua esposa, Belinda, tambem animadora do NFB, nos ofereceram sua casa provisoriamente, ate nos arrumarmos alguma coisa.

Em breve, voltaremos a falar mais sobre aqui. Sao tantas coisas, mais do que podemos escrever. (me desculpem os acentos, meu teclado esta configurado para a lingua inglesa, e ainda nao consegui mudar isso)

domingo, 4 de março de 2007

Bonjour Canada!


Após intermináveis 10 horas de viagem São Paulo-Toronto, e mais 50 minutos Toronto-Montreal, chegamos e já estamos alojados. Estamos num hotel no centro de Montreal, próximos ao metrô. O hotel é provisório, e esperamos até terça feira estarmos num lugar definitivo.

Está frio pra caramba. Quando a gente sai na rua, o olho começa a lacrimejar, e as mãos de vez em quando formigam. Tanto montreal quanto Toronto são cidades muito diferentes do que vemos no Brasil. Estas são as maiores cidades do Canadá, mas não há muitos prédios altos, e não parece ter congestionamento. As ruas são largas, e os bairros são planejados. A cidade está coberta de neve e, lá do alto, se parece muito com um chip ou uma placa mãe. Além de tudo, Montreal é cinza e plana!

O nosso novo companheiro aqui no Canadá, o animador brasileiro Daniel Shorr, que também trabalha na NFB, irá nos ajudar a encontrar um lugar bacana pra ficarmos! Devemos hoje ainda comprarmos algumas roupas, e dar uma caminhada pelo centro, para conhecermos mais. Em breve, mais notícias!

sábado, 3 de março de 2007

Montreal - 30 cm de neve

Semana passada, o animador brasileiro Arnaldo Galvão e eu nos encontramos rapidinho. Ele me colocou em contato com Daniel Schorr, um animador brasileiro que mora há alguns anos em Montreal, e que trabalha na National Film Board. O Daniel me passou seu telefone, e é um contato bem bacana pra nos mostrar tudo por lá. Ele disse que há um manto de neve de 30 cm cobrindo a cidade de Montreal.

Comprei algumas roupas e não sei se elas serão o suficiente para aguentar a temperatura de lá. Tomara que dê tudo certo. De qualquer forma, assim que chegarmos e acharmos algum lugar, eu vou dar uma corrida pra ver se eu acho alguma loja de departamentos pra comprar alguma peça mais quente, e outra troca de roupa, possivelmente. As roupas aqui no Brasil são muito caras.

Adios Brazil

É hoje! O grande dia! Sã0 7:15 e já estou pronto para ir pro aeroporto (o vôo só sai as 11:00 para São Paulo mas o check in é as 9:30). Sei que com certeza vou esquecer alguma coisa essencial.... nenhuma novidade quanto a isso.

Vou sair daqui pelo aeroporto do Galeão para o de Guarulhos e de lá pegaremos o vôo internacional. Acho que a previsão de chegada no Canadá é 20:00 de domingo. Até lá não esperem ouvir notícias de nós :)

Eu só vou estar colocando a mão no meu passaporte com o visto para o Canadá em São Paulo já que o Jonas acabou tendo que resolver tudo sozinho mesmo, pessoalmente, lá de São Paulo. Meu seguro de saúde internacional também está com ele! Valew Jonas.

Ainda não temos lugar para ficar mas a estratégia vai ser: chegar lá e se hospedar em qualquer hotel que não seja absurdamente caro e depois procurar um lugar mais em conta com a ajuda do pessoal do NFB.

Bom, cambio desligo, até o Canadá!