sábado, 19 de maio de 2007

The Bill Plympton Show!

Antes de ontem fomos à Cinemateca de Quebec para assistir ao Workshop do Bill Plympton.

O cara é muito engraçado. Faz bem o tipão Cartunista Americano, sacando piadas de humor negro a torto e a direita. Não esconde que a sua intenção é viver fazendo o que gosta: Filmes de animação que fazem as pessoas rirem e o fazem viajar pelo mundo inteiro ganhando algum dinheiro.

O próprio workshop é parte dessa "estratégia de sobrevivência do animador independente"... Ele sai por ai dando o que ele chama de "The Bill Plympton Show" que é como se fosse uma comédia de palco (ou Stand Up Comedy como eles chamam por aqui). E a coisa parece ser bem ensaiada, ele conta as mesmas piadas e técnicas em todos os lugares... como podemos ver nos vídeos da UCLA e da Creanimax.

Ele começou falando bastante dos macetes e regras que ele usa para seus filmes. O primeiro ele chamou de Dogma para fazer curtas de animação de sucesso.
Dogma para fazer curtas de animação de sucesso:

  1. Curto: Isso significa algo entre 3 e 7 minutos. Filmes curtos não deixam a platéia de saco cheio, são mais fáceis de tapar buracos de programação para os compradores (brodcasters) e ficam prontos mais rápido. O curta acaba sendo o preferido de outros tipos de compradores também... como por exemplo a sociedade de câncer do pulmão que comprou o curta 25 maneiras de parar de fumar. O Filme é o mais bem sucedido comercialmente e dá dinheiro até hoje.

  2. Barato: Não contratar uma equipe gigante, não fazer um estilo impossível, não gastar dinheiro com efeitos especiais, não usar talentos de voz super conhecidos, não desenhar todos os quadros da animação (full animation ou by1).... em outras palavras: Manter simples e direto ao ponto. Ele diz que os filmes dele ficam com custo em torno de $1.000,00 (dolares americanos) por minutos e que mais de $5.000,00 por minuto fica difícil de dar lucro.

  3. Engraçado: "Quando as pessoas vêem um filme de animação elas esperam rir!"...Bill acha que rir tem um efeito medicinal e que é muito mais fácil um filme ser bem sucedido de for engraçado do que se for "chato".
Conclusão: O filme perfeito pra ele é "Bambi versus Godzilla" de Marvin Newland que é bem curto, super barato e muito engraçado. O filme só tem 15 quadros de desenho.


Ele falou bastante dos filmes de Don Hertzfeld também. Super baratos e super engraçados.

Esse vídeo é a abertura do Animation Show (como vocês podem perceber) que está rolando aqui em Montreal. Nós vamos tentar comparecer nas duas semanas que ainda nos restam, fiquem ligados para um post sobre isso.

Por outro lado, depois de ensinar tudo isso ele também diz: "O que eu sei na verdade!? Eu nunca ganhei um Oscar!"... Essa história toda é só o jeito que ele escolheu fazer seus filmes: "O filme Ryan por exemplo! É grande, caro e nem um pouco engraçado e ganhou um Oscar". Na verdade ele diz ainda que nem sabe porque o filme "My Face" foi nomeado, pra ele é uma idéia estúpida sobre a música que deu pra fazer na época com o dinheiro que ele tinha ...e é só isso!

Sinto que a todo momento ele transforma a própria obra em piada. Na verdade o mundo para ele é uma piada. Isso ficou bem claro ao assistir "O Sábio" onde Bill faz pouco da seriedade da filosofia e mostra sua própria filosofia 'escrachada' de vida. Como ele mesmo disse: "Pra mim todo animador deveria ter 8 anos de idade" e muitas vezes parece que ele tem mesmo (ou pelo menos uns 18 :)

Por outro lado ele afirma que sua carreira começou mesmo quando ele foi nomiado ao Oscar e numa segunda parte do Workshop dá uma lista de como mandar seus filmes para festivais que começa com o próprio...

Como mandar seus filmes para os festivais:
  1. Oscar: Mandar primeiro para o Oscar (todos acharam que ele estava brincando e houve uma grande gargalhada na sala)..."Funcionou com o Ryan!" - Disse ele sério... Para mandar você precisa pagar $400,00 (dolares americanos) para um cinema em Los Angeles exibir o filme durante algumas semanas (4 eu acho). Dai você passa a ser elegível para lista do Festival. Qualquer um pode entrar na lista. O Oscar então escolhe dos elegíveis os melhores (o que é chamado de Short List). Dessa Short List eles fazem mais uma seleção de onde saem então os nominados ao Oscar. Parece que no Oscar eles tem até categoria de estudantes e etc... Ou melhor, funciona quase como um festival normal.

  2. Cannes: Todos os compradores estão lá. Ótimo mercado para vender seus filmes.

  3. Sundance: Melhor lugar para curtas independetes.

  4. Annecy: "Se eles gostarem do seu filme vale a pena, vão te tratar como um rei". Ótimo mercado também.

  5. Os outros: Ottawa, Hiroshima, Zagreb, Stuttgart, Clermont Ferrand etc... O Anima Mundi infelizmente não entrou na lista... certamente porque ainda não tem o tipo de "mercado"($$$) que animadores como o Bill procuram.
O Workshop continuou assim. Como ganhar dinheiro e ser bem sucedido... Como ir aonde está o 'negócio' e como fazer seu 'marketing pessoal'...Notas de dinheiro voaram para todos os lados e... Digo, ele não falou de marketing pessoal mas na saída ele fez um desenho para cada pessoa dentro da sala em um cartão postal do seu novo filme. Vendeu livros e DVDs baratos e deu autógrafos em todos.
Outra dica que ele deu foi como tirar o máximo de grana dos seus filmes:
  1. Cinemas: Vender seus filmes para shows, compilações e exibições em cinemas (após ter colocado em todos os festivais possíveis, é claro). Um dos que pagam melhor é o Animation Show (já citado acima)... Ele disse que conseguiu $5.000,00 por "Guide Dog", o que já pagou praticamente toda a produção do filme.

  2. Exibições privadas (fora dos cinemas): Escolas, livrarias, corporações, linhas aéreas, hospitais, associações etc... Como os filmes dele sempre tem um teor "educativo" vale a pena explorar bem esse tipo de mercado.

  3. TV: Depois de fazer todas as exibições privadas possíveis vamos para os broadcasters (o que quer dizer que agora você está a um passo de perder o seu filme já que fica mais fácil de copiar em casa). Para as TVs do mundo inteiro ele faz contratos de 2 anos não exclusivos. O que quer dizer que ele pode vender para duas TVs no mesmo território. Pelo que eu entendo quer dizer que você vai cobrar menos para exibirem o filme mas em compensação você evita a famosa geladeira ou coisa parecida... O que quer dizer que o canal de TV não pode vetar seu filme se eles quiserem.

  4. DVD: Singles, Compilações e Especiais. Os singles são os DVDs que possuem apenas um curta (o que pra mim não é muito justo mas acho que o Bill não vende muitos singles).

    As compilações são um conjunto de curtas em um só DVD que podem ser de apenas um autor ou de um grupo de diretores (como é o caso do DVD Avoid Eye Contact feito apenas por diretores de Nova York).

    Os especiais são compilações que reunem filmes de um único tema. Um dos especiais que estavam a venda era uma compilação de filmes Ambientais que ele fez. A vantagem dos especiais é que eles apelam para a necessidades dos compradores. Por exemplo: Se você é um ativista do green peace provavelmente vai comprar o DVD ambiental, se você é um animador vai preferir o Collection of 2005 Academy Award Nominated Short Films.

    A NFB também faz muito isso, o problema é que se você acaba comprando o mesmo filme duas ou três vezes para poder ter todos os filmes que você quer comprando os especiais e as compilações. É tipo um macete para empurrar alguns filmes que nunca vendem também...vale a pena se você for comprar só uma compilação, mas dai ela tem que ser muito boa.... bom, acho que vocês entenderam o truque :)

  5. Internet: O próximo passo é a internet. Itunes foi basicamente o mercado que ele citou. Faz sentido. Depois que você explorou todas de todas as formas rentáveis você vai para web mas apostando em uma ferramenta que já funciona bem... Tipo, algumas pessoas (talvez não no Brasil ainda mas certamente em outros paises como EUA e Canadá) pagam um preço (pequeno mas considerável em termos de web) para dar download dos filmes e colocar em seus Ipods. Existem outros canais como sites que pagam por visualização de conteúdo etc... Um problema sério que ele aponta é o You Tube, claro, já que os filmes estão sendo exibidos sem retorno.

    Ele também citou a web como uma boa forma de promoção e merchandizing para produtos como DVDs, posters, livros, arte original (tipo frame dos filmes) etc.

  6. Comissão: O último retorno financeiro citado são os trabalhos comissionados que virão através da publicidade que o filme vai fazer por você: Comerciais de TV, Workshops e palestras etc... Abaixo dá pra ver como os filmes podem trazer esse tipo de retorno.



No dia seguinte exibiram alguns filmes no mesmo local: Os primeiros e os melhores trabalhos da carreira. Também foi exibido um filme que ele fez tirando sarro de animação abstrata. Depois desse veio um filme abstrato tirando sarro das animações dele feito por um outro diretor. Foi bem engraçado porque o filme era uma brincadeira com os filmes de Norman Maclaren mas no centro de tudo sempre viamos um frame do filme "My Face" e diversos sifrões ($) voando pela tela. Acho que Bill não gostou desse filme quando ele foi lançado mas agora parece que ele faz como todo o resto: Leva na Brincadeira.

Nesse segundo dia a Martine Chartrand também foi ao evento e descobrimos que ela é uma amiga antiga do Bill. Acabou que ela nos chamou pra Jantar com ele! Fizemos vários desenhos no papel da mesa do restaurante que demos de presente uns para os outros. Reclamou-se bastante do You Tube e todos encheram a cara de vinho....Foi um dos melhores vinhos que já bebi... e melhor ainda porque foi pago pelo curador de animação da Cinemateca de Quebec que estava com a gente :)

(da esquerda para direita) Diego Stoliar, O curador da Cinemateca, Bill plympton, Martine Chartrand, o marido dela e Jonas Brandão.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Terminamos!!

Ahhh. Finalmente. Ontem entregamos nossos filmes. Estou bastante contente com os resultados! Agora, estou ansioso para ouvir ao som final que o Luigi preparou. Eu ouvi apenas o começo da edição, mas não sei como ficou, no final das contas. Vou ver só na semana que vem, quarta feira, dia da nossa mixagem final.

Essa semana foi muito tensa. Eu tinha várias pequenas coisinhas pra mudar. E várias pequenas coisinhas dão um trabalhão, porque são várias, então eu fiquei muito tempo consertando tudo. Agora, que tudo está pronto, sinto o bom compromisso do "dever cumprido".

Aí vai um trechinho do vídeo final. :)





Agora, temos praticamente duas semanas só pra explorar Montreal. Semana que vem vou fazer outra visita ao pessoal da Toon Boom. Eles foram muito gentis em nos ceder duas licenças do Toon Boom Solo e do Toon Boom Storyboard para realizarmos os filmes. No meu caso, eu fiz o filme todo 99% no Solo. O 1% se deve a uns poucos ajustes que eu acabei fazendo no after. Nada importante. Vamos assistir a algumas produções feitas nos softwares lá na Toon Boom. E, de quebra, o Sergio de La Cruz, vendedor da Toon Boom, vai tentar marcar umas visitas a alguns estúdios de Montreal. Se a gente tivesse mais tempo e dinheiro, ele teria nos levado a Toronto e Ottawa. Muitos dos estúdios canadenses importantes estão por lá.

terça-feira, 15 de maio de 2007

Eliana Russi

Durante a nossa vinda para o Canadá, fizemos bons amigos, e conhecemos pessoas muito competentes e extraordinárias. Uma dessas pessoas, e uma colega nossa, é a Eliana Russi. A Eliana trabalhava no Consulado Geral do Canadá, e é uma das principais responsáveis pela nossa vinda aqui e da aproximação cultural Brasil-Canadá. Ela agora está deixando o consulado, e está indo para a ABPI-TV, onde certamente irá realizar um ótimo trabalho.

Segue abaixo a carta que Eliana mandou a todos os que estiveram envolvidos com o seu trabalho de alguma forma:


"Caros amigos e parceiros e colegas,

Nos últimos 3 anos implantei e desenvolvi Consulado Geral do Canadá o setor de Arte e Indústrias Culturais, com forte enfoque no audiovisual, acredito que foi um bom trabalho, muitas parcerias se fizeram, muitos projetos já estão em desenvolvimento e agradeço imensamente o apoio, profissionalismo e amizade de todos que compartilharam esse momento.

O esforço terá continuidade, as empresas canadenses e o Governo do Canadá têm interesse em manter fortes os laços de cooperação e comerciais.

Eu me despeço, novamente agradecendo a colaboração de todos e me coloco à disposição na Associação Brasileira de Produtores Independentes de Televisão, ABPI-TV, na função de Gerente Internacional, onde tenho o objetivo de fortalecer a presença comercial da produção de conteúdo audiovisual independente brasileiro no mercado internacional."

Muito obrigado pela força Eliana, e muita sorte e sucesso no seu novo trabalho!

segunda-feira, 14 de maio de 2007

GE996

Achei esse curta num site chamado Daily Motion. Ele foi feito por um artista chamado Pistachios.

Acho que tem alguma coisa a ver com meu filme.


Tirando a cena da boca no espaço gostei bastante, diz alguma coisa próxima do que eu quero dizer...não sei se isso faz sentido mas vai lá, o curta vale a pena.

O outro vídeo dele chamado Curare também é bem legal.

The Thief and the Cobbler

Em meados dos anos 60, o animador Richard Willians, responsável pela direção de animação de "Who frames Roger Rabbit", começou um projeto de longa de animação que demorou 26 anos para ser completado. O projeto recebeu o nome de"The Thief and the Cobbler", e foi finalmente finalizado e exibido em 1993.
Durante todo esse tempo, Richard Willians se dedicou ao filme longa durante suas horas vagas. Assim como Orson Welles, Willians pegava trabalhos pra TV para poder financiar o seu projeto. Foi nesse período que ele contratou alguns dos famosos "Nine old men", como Ken Harris e Art Babbit, para trabalhar no filme. Nessa época, Willians assistiu esses animadores em algumas sequências, de modo a aprender muito com eles. No "Animator`s Survival Kit", Willians comenta um pouco sobre a experiência.

O filme tem um visual super bonito, inspirado por arte persa, arte moderna, Escher, e um monte de outras referências. Segundo Richard Willians, para a Animation Magazine, ele havia feito todo o filme sem storyboard, de maneira a deixá-lo muito mais livre para criar.

Trailler do filme


O filme de independente passou pelas mãos de muitos estúdios, para poder ser finalizado e distribuido. Em 91, o filme estava sendo financiado pela Warner. Nesta mesma época, a Disney havia começado a trabalhar em Alladin, o que seria um adversário comercial para a Warner. A Warner pediu a Willians para elaborar uma versão do filme com sequências finalizadas, e o que não estivesse finalizado que fossem inseridas imagens do storyboard, para mostrar pros investidores. Como Willians não tinha feito nenhum storyboard, ele acabou fazendo pra essa exibição. Dizem que a Warner se irritou com o não comprometimento com os prazos de Willians, e não gostou da versão do filme que ele fez para mostrar pros investidores. Então Willians foi afastado do filme, e a produção foi para outro estúdio, que teve a meta de terminar o mais rápido e barato possível.

Acabou que o filme foi super modificado... colocaram diálogos no filme, coisa que originalmente ele quase não tinha... eliminaram sequências inteiras animadas, porque não gostavam de uma das personagens que aparecia... trocaram as vozes originais, colocaram cenas musicais... acabou que o filme foi finalizado, e muito mal exibido e distribuido. Foi lançado em VHS, em poucas cópias. O filme hoje é artigo de colecionador, e circula no submundo dos animadores em cópias de cópias. No Youtube é possível encontrar alguns vídeos relacionados ao filme.

Cena estilo Escher


Uma sequência do filme misturada com storyboard


Richard Willians trabalhando no filme

domingo, 13 de maio de 2007

Festival Internacional de Animação Erótica

Uhhh lá lá, está nu ar u site du Festival de animacion erótíca de 2007. Graaauuu....

Não, falando sério. Tem um clipezinho dos vencedores do ano passado no You Tube.


1)Deu no Jornal
2)Soda Sexo
3)Engolervilha (E a internacionalmente famosa cena da galinha)

Dêem uma olhada no site do Festival esse ano.

Mais do curso da NFB nos anos 80

Segue o texto enviado por Marcos Magalhães que fala sobre a criação do Curso da NFB nos anos 80. Tomei a liberdade de linkar os assuntos com informações relevantes e curiosidades. Divirtam-se:

O curso de animação do Núcleo de Animação da Embrafilme foi a primeira atividade do CTAv, construído graças ao primeiro acordo com o NFB nos anos 80. Em 1984, eu fui chamado por Carlos Augusto Calil, diretor de operações não-comerciais da Embrafilme e responsável pela aproximação com o Canadá, para organizar o projeto de animação do Centro, junto com o NFB.

Aqui conto uma historia curiosa:

Alguns anos antes, em 1981, eu morria de vontade de ir ao Canadá conhecer meu grande ídolo (e de quase todos os animadores da época e de hoje) Norman McLaren. Havia a chance de conseguir bolsas, pelo consulado e pela própria Embrafilme.

Neste ano veio ao Brasil um animador canadense (Jean-Thomas Bedard) para falar sobre o NFB na Cinemateca do MAM. Foi como um "papo animado" (do Anima Mundi) em que ele mostrou seus filmes ("Age de Chaise" era o mais famoso, por ter sido recentemente premiado em festivais) e falou do trabalho no NFB. No final, formou-se aquela clássica fila do gargarejo, com todos querendo falar e perguntar coisas ao convidado.

Eu era muito tímido e não quis insistir. Preferi sair e ir deixar minha namorada em casa. Ao descer no ônibus no Leme ficamos andando na calçada e eu lamentando a timidez e a oportunidade perdida... de repente, olho para uma pessoa vindo na direção contrária e era... o canadense que acabáramos de ver no MAM! Tremenda coincidência. Ali, foi muito fácil me apresentar e logo fomos tomar chope na Fiorentina e iniciar uma amizade.

Com as dicas do Jean-Thomas, me animei a tentar a ida ao Canadá e acabei conseguindo a bolsa que me fez viver um estágio pouco usual na época no NFB, pioneiro ao próprio Hot-House ( três meses, ampliados depois para cinco, de outubro de 1981 a março de 1982). Foi quando fiz o meu filme ANIMANDO e encontrei o mestre Norman McLaren, que me ajudou muito no filme.

Jean-Thomas confirmou sua amizade, inclusive nos ajudando (a mim e a minha namorada, que já se tornara minha esposa) a encontrar apartamento em Montreal e nos adaptar a esta vida estranha e gelada daí...

Pois bem, quando fui chamado para o trabalho do Núcleo me pediram indicações ou aprovação de nomes de animadores canadenses que estariam querendo vir ao Brasil para um trabalho mais longo, como professores de animação. Entre eles, estava o Jean-Thomas e o Pierre Veilleux, que foram escolhidos em comum acordo.

A próxima etapa era procurar os animadores brasileiros aptos a seguir o curso. Tarefa árdua, pois havia muito poucos no mercado. O medo era de indicações políticas e pistolões que arruinariam o bom projeto do curso. Para evitar isso, propus ao Calil uma excursão pelo Brasil para catar os animadores em suas cidades. Isso aconteceu, em cerca de 15 capitais, onde eu anunciava no principal cinema cultural da cidade o futuro Núcleo, exibia filmes canadenses e brasileiros e convidava animadores presentes a se inscreverem.

Hoje em dia me orgulho bastante desta seleção finalizada em conjunto com os canadenses. Todos os 10 tiveram bastante influência (ou continuam tendo) na formação e multiplicação da arte da animação no Brasil. Isso era o principal objetivo do projeto.

Aqui vale ressaltar um texto relevante sobre a criação do Anima Mundi e o papel que o Núcleo de Animação da NFB teve nessa história. Voltando ao texto do Marcos:

Desta forma, reunimos o Núcleo inicial de 10 alunos de todo o Brasil, a maioria na faixa de 20 e poucos anos:

  • Aida Queiroz - Mineira de Belo Horizonte, aluna da UFMG. Hoje co-diretora do Anima Mundi e da Campo4 Desenhos Animados.
  • Cesar Coelho - Cartunista carioca, formado em Belas Artes na UFRJ. Hoje co-diretor do Anima Mundi e da Campo4 Desenhos Animados.
  • Fábio Lignini - Animador de uma pequena empresa em Belo Horizonte, a "Pirilampo". Fez o curta mais premiado do CTAv, "Quando os Morcegos se Calam", entre outros vencedor do Festival de Hiroshima na categoria "Primeiro Filme". Hoje animador senior da Dreamworks em Los Angeles.
  • Rodrigo Guimarães - Arquiteto e animador gaúcho, hoje diretor da empresa Dr. Smith.
  • Léa Zagury - Designer formada na PUC, carioca. Fez mestrado na Cal Arts, em Los Angeles. Hoje co-diretora do Anima Mundi.
  • Patricia Alves Dias - assistente de cinema, pernambucana de Olinda, hoje produtora da MULTIRIO.
  • Telmo Carvalho - desenhista gaúcho, então radicado em Vitória, ES. Telmo hoje faz oficinas de animação por todo o Brasil e realizou vários curtas premiados.
  • Cao Hamburger - então animador de filmes super-8 em São Paulo, não pôde concluir o curso pois no meio do mesmo ganhou a verba para fazer o primeiro curta (Frankenstein Punk) de sua hoje gloriosa carreira de cineasta e diretor de TV.
  • José Rodrigues Neto - arquiteto cearense, o mais velho da turma (já estava perto dos 40), foi depois responsável pelo Núcleo de Animação de Fortaleza. Fez o curta esotérico "Evoluz", muito interessante.
  • Daniel Schorr - formado em comunicação na PUC, carioca. Meu ex-sócio na Oficina de Cinema de Animação (em Vila Isabel, no Rio) e na revista universitária de cartuns "Art&Manha". Participou do primeiro grupo que fundou o Anima Mundi. Hoje é um dos diretores brasileiros trabalhando no National Film Board do Canadá.
Depois da primeira fase apenas cinco destes alunos (Aida, Cesar, Patricia, Fábio e Rodrigo) ficaram para a segunda fase quando produzimos o filme coletivo "ALEX", em 1986. Os que sairam continuaram suas carreiras ou iniciaram a regionalização do projeto, levando trucas 16mm para Núcleos Regionais em seus estados.

Marcos Magalhães.

sábado, 12 de maio de 2007

Curso da NFB nos anos 80


Foto1 - Jean-Thomas Bedard.


Foto2 - Aida Queiroz.


Foto3 - Jose Rodrigues Neto.


Foto4 - Daniel apresentando as suas primeiras idéias de projeto final do curso para os professores e turma.
Na primeira mesa: Rodrigo Guimarães.
Na segunda, de costas: Aída Queiroz e Cesar Coelho. Lea Zagury escrevendo.
Na esquerda: os três professores - Jean-Thomas Bedard, Marcos Magalhaes (escondido atrás do Jean) e Pierre Veilleux.
Na terceira mesa: Fábio Lignini, Patricia Alves Dias, Cao Hamburger e Telmo Carvalho.


Foto5 - César Coelho.


Foto6 - Rodrigo Guimarães.


Foto7 - Marcos Magalhães e Patricia Alves Dias.
Detalhe do livro: "O que é BUROCRACIA" - Marcos procura entender a Embrafilmes e a National Film Board.


Foto8 - As obras no recém ocupado CTAv para construção dos estúdios de som. O prédio antigamente pertencia à Merenda Escolar, lá eram feitas as refeições para as escolas publicas do Rio de Janeiro. Ao ser transformado em centro de produção de filmes tudo foi reformulado (com projeto brasileiro e equipamentos canadenses). O Núcleo de Animação foi o primeiro a funcionar
e os primeiros filmes foram feitos em meio a poeira e barulho de obras. Quem já trabalhou com acetato, pode imaginar como é difícil lidar com poeira.


Foto9 - Um dos técnicos de cinema formados em estagio no NFB na época ajudando Pierre Veilleux a descarregar uma das 4 trucas 16mm portateis trazidas para o projeto e
depois distribuídas a varias cidades no Brasil.


Foto10 - Em algum restaurante de Vila Isabel ou São Cristovão (lugares mais habitáveis perto do CTAv).

Da esq p/ dir: Rodirgo Guimarães, José Rodrigues Neto, o garçon, Patricia Alves Dias (de costas), Sida, Jean-Thomas Bedard e Pierre Veilleux.


Foto11 - No refeitório do CTAv.

Da esq. p/ dir: Rodrigo Guimarães (RS) , José Rodrigues Neto (CE), César Coelho (RJ), Daniel Schorr (RJ), Telmo Carvalho (ES - escondido), Fabio Lignini (MG), Patricia Alves Dias (PE),
Lea Zagury (RJ).


Foto12 - Pierre e Aida Queiroz (MG).


Foto13 - Daniel Schorr (primeiro plano), Pierre e Aida Queiroz (fundo).


Foto14 - Fábio Lignini e Rodrigo Guimarães.


Foto15 - César Coelho e Rodrigo Guimarães.


Foto16 - Léa Zagury e Daniel Schorr.


Foto17 - Ainda sem descrição.


Foto18 - César Coelho, Fábio Lignini, Rodrigo Guimarães, Patricia Alves
Dias (de costas), Daniel Schorr e Telmo Carvalho (de costas).


Foto19 - Telmo Carvalho, José Rodrigues Neto e Fábio Lignini.


Foto20 - Fábio Lignini.


Foto21 - Daniel Schorr experimentando muletas para o exercício de animação
caminhadas, orientado por Jean-Thomas Bédard. Ao fundo: Lucia Mello,
assistente de produção do Núcleo, e Telmo Carvalho.


Foto22 - Léa Zagury, Pierre Veilleux e César Coelho.


Foto23 - A primeira turma do Núcleo (1985) trabalhando com animação sobre a
película.

Na mesa da frente: Patricia Alves Dias (de costas).
Do outro lado: Rodrigo Guimarães e Aida Queiroz.
Na segunda mesa: César Coelho (de costas), Cao Hamburger e Lea Zagury.
Ao fundo:José Rodrigues Neto.


Foto24 - Rodrigo Guimarães na truca 16mm.


Foto25 - Léa Zagury na truca.


Foto26 - Daniel Schorr na truca.


Foto27 - Fábio Lignini.


Foto28 - Jean-Thomas Bedard e Telmo Carvalho filmando o filme do Telmo ("O
Musico e o Cavalo") na truca 16mm.


Foto29 - Pierre (camisa listrada ao fundo), Daniel (camisa azul) e técnicos de som do NFB.


Foto30 - Fábio Lignini, de Belo Horizonte, hoje um dos animadores senior dos estúdios Dreamworks.


Foto31 - Rodrigo Guimarães, de Porto Alegre, hoje em dia à frente do estúdio Dr. Smith.


Foto32 - Pierre e Tim Rescala que foi o autor da brilhante trilha sonora (quase sinfônica) do desenho animado "ALEX" produzido coletivamente no segundo ano do Núcleo de Animação do CTAv. Este filme merece uma restauração..


Foto33 - Pierre Veilleux.

Agradecimentos:
Obrigado a Pierre Veilleux e ao Daniel Schorr por terem tido o trabalho de separar e scannear as imagens. Sem esse esforço inicial o álbum não seria possível.

Obrigado ao Marcos Magalhães por ter feitos um comentário extensivo para todas as imagens.

Obrigado a todos que comentaram e ajudaram a tornar o álbum o mais preciso possível.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Fedendo a Aranha

Homem Aranha realmente é um filme muito ruim. Eu falei que ia postar sobre ele mas acho que não vale a pena. É pior que 300, que eu já havia achado bem ruim.

Simplesmente espere para ver na TV aberta quando sair ai no Brasil! Não se enganem com o trailer... Vocês sabem, é bem fácil fazer um trailer atrativo para um filme, por exemplo:



Bom, pelo menos esse vídeo fez desse post algo que vale a pena ver :)

Chairman Stoliar Guevara met the Walrus

Hahahah... eu comprei um boné meio cubano aqui em Montreal, dai James fez um desenho meu durante a sessão de mix da música.

O estilo do James é muito característico. Ele submeteu um filme chamado I met the Walrus para o Animamundi desse ano que foi feito sobre uma entrevista gravada com John Lenon que nunca foi usada para nada. O filme é muito legal, cheio de piadas e referências. Eu adorei e acho que tem um grande potencial para festivais.



O estilo uma mistura de animação tradicional com Motion-Graphics. Tem um pacing rápido e inteligente. Vale a pena conferir se entrar na programação do Anima.