sexta-feira, 22 de junho de 2007

Entrevista com animador da Pixar

Estamos preparando uma entrevista com Mark Walsh, o animador da Pixar que estará dando o Workshop de design de personagens no Anima Mundi desse ano. Eu e Jonas estaremos fazendo um bate bola com ele. A entrevista será publicada no Jornal do Brasil. Vou tentar postar aqui também, logo depois que for publicada lá.

domingo, 17 de junho de 2007

A gente no animamundi!


"NFB - BRASIL

Dois jovens animadores brasileiros acabam de retornar de uma temporada no maior centro de produção, pesquisa e experimentação da animação mundial, o National Film Board of Canada. Diego Stoliar e Jonas Brandão vão expor ao público do Anima Mundi a sua experiência no programa HOT HOUSE 4 – um estágio de 3 meses antes aberto apenas a animadores canadenses e europeus, que pela primeira vez abriu suas portas para o Brasil.

RIO DE JANEIRO
04 de julho às 16h30
Local: Auditório CCBB"

http://www.animamundi.com.br/fest_mat.asp?cod=63

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Programa Hot House na National Film Board do Canadá

José Araripe, diretor do Ctav, nos pediu duas laudas resumindo nossa experiência no programa Hot House com o objetivo de nos prepararmos para o Workshop que realizaremos em breve. Achei uma idéia legal postar o meu resumo aqui e aproveitar para linka-lo com alguns momentos aqui no blog onde cada detalhe aconteceu. Jonas tem o resumo dele, tomara que ele se anime em postar também. Segue abaixo:

Apresentação da Idéia
A primeira coisa que fizemos foi desenhar as partes mais importantes de nossas idéias e montar uma apresentação para todos os integrantes do Hot house (diretores e produtores). Assim todos davam opiniões e discutíamos as partes mais problemáticas da história. Depois disso tivemos um tempo para aplicar as modificações propostas e melhorarmos os principais ponto para montarmos um storyboard.
Primeira exibição de projetos
História chata ou incompreensível?

Fechamento do Conteúdo
A entrega desse storyboard é marcada por mais uma reunião com todos onde apresentávamos as novas idéias e mais detalhes. Caso não houvessem mais problemas começávamos a construir um animatic para fecharmos o ritmo do filme e já começávamos a animar algumas cenas. Se ainda houvessem problemas com a história eles disponibilizavam mais alguns dias para melhora-la antes de fecharmos o conteúdo.
Fechamos a Estória(?)
Basic Love - Animatic

Balloon Animatic

Revisões de Progresso
Como a animatic e a animação são as partes mais demoradas tivemos várias reuniões para que todos tivessem certeza de que o progresso corria como esperado. Soluções e cortes eram feitos nessa fase se algum atraso fosse identificado.
Testes de Animação
Animando a Borboleta
Basic Love - Progress Review
Semana que vem tem outro Progress Review

Progress Review3

Edição Offline
Entre o fechamento do conteúdo e o fechamento do ritmo ainda tivemos a nosso dispor uma editora e uma ilha de edição. Ela discutia conosco como montar e apresentar da melhor forma nosso filme e fazia as alterações necessárias para que fechássemos nossos arquivos da melhor forma possível para a edição na Ilha Online.

Fechamento do Ritmo e da Imagem
Com o animatic pronto e algumas cenas mais importantes já animadas e coloridas fechávamos o ritmo do filme, o que foi essencial para a composição da música. A partir dessa fase não poderíamos mudar o tempo de mais nada, tudo estava planejado e organizado. Agora só precisávamos completar a animação das cenas que faltavam para terminar a parte visual.
O Picture Lock está chegando
Picture Lock! Picture Lock!
O dia P de Picture Lock
O final, de novo...

Direção Musical
Tendo o ritmo definido sentávamos com o compositor musical e discutíamos o briefing do filme novamente. Que novidades e mudanças havíamos incorporado ao projeto e como gostaríamos que a música participasse da história. Ele entrava com idéias e mantinha nossas ambições dentro das limitações do projeto com o objetivo de fazer a melhor peça musical no prazo que tínhamos.
Primeiro contato com o som
Nome do filme e conceito musical

Teste na Ilha Online
Enquanto a trilha musical de rascunho não ficava pronta fazíamos todos os testes possíveis para nos certificarmos de que nosso filme não estava sendo feito da forma errada. Levamos nossos testes para a Ilha Online onde tentávamos prever os problemas futuros em relação a cor e qualidade final de imagem do filme, assim como sua conversão para diferentes mídias (web, tv, cinema etc).
Teste na Ilha Online

Gravação de Efeitos (foley)
O próximo passo foi a gravação de efeitos sonoros onde, junto com nosso músico responsável (o mesmo que compôs as trilhas), dirigíamos a artista de foley. Intensidade, textura e efeitos eram trabalhados para ilustrar o movimento na tela e ajudar a narrativa.
Foley Session

Gravação Musical
Depois de sentarmos para conversar sobre a música rascunho o compositor musical fazia a partitura final para gravação com os músicos contratados. No estúdio de gravação tentávamos sempre gravar o que estava escrito antes para garantir e depois começávamos a improvisar e inventar novas frases musicais. Assim tínhamos uma biblioteca de sons que poderíamos usar ou não na mixagem.
Music Recording Session

Fechamento da Animação
No meio disso tudo tínhamos que terminar a parte visual do filme no prazo estipulado. As últimas cenas precisavam ser animadas e cortes começavam a ser feitos para evitar que qualquer um de nós estourasse o prazo. Mais uma reunião com todos era feita para discutir qualquer detalhe que estivesse faltando e, na maior parte dos casos, comemorar o fim da fase de animação.
Terminamos

Mixagem de som
Com toda a biblioteca de som de efeitos sonoros e gravação musical criávamos nosso arquivo final, eliminando sons que certamente não entrariam na mixagem final.
Music Mix

Edição Online
Com a imagem pronta íamos para a ilha Online onde fazíamos o retoque final na cor, qualidade e efeitos do filme. Como tínhamos pouco tempo para correções nesse ponto qualquer problema era dramático e a correria inevitável. Esse era o último contato que teríamos com a imagem da peça e não havia forma de voltar atrás se algo saísse errado.

Mixagem Final
O último passo do som. Aqui entravamos num misto de sala de cinema e estúdio de som onde podíamos ver nosso filme na tela grande e unificar a imagem final ao som final. Efeitos, volume de som, fades e distribuição 5.1 eram processos principais feitos nessa sala.
Fim da linha

Apresentação Final
Aqui todas as pessoas que participaram do projeto (diretores, produtores, pessoal técnico, jornalistas etc) foram convidadas para ver o resultado final. Agradecimentos e festa de encerramento.

Workshops
Durante toda produção tivemos contato com todos da equipe para tirar dúvidas e pedir opiniões sobre qualquer assunto. Além dos Workshops oficiais que nos davam uma visão geral dos processos que enfrentaríamos (mixagem, edição etc) antes que eles ocorressem para que todos se preparassem da forma correta.
Workshops

Todos foram super atenciosos e respeitaram a visão artística dos diretores aspirantes. Aprendemos a levar mais a sério a profissão e a tratar de assuntos que antes eram mais abstratos para nós (como história ou música) de forma mais concreta. Entendemos como o processo é importante para a obtenção de um resultado mais profissional, conciso e consciente. E aprendemos muito sobre as diferenças e semelhanças culturais entre o Canadá e o Brasil. Foi uma experiência única!

Tirando os links foi isso que mandei para o Ctav/Minc :)

Palestra no Anima Mundi

No dia 4 de julho daremos uma palestra no Anima Mundi Rio sobre o Hot House. Jonas está vendo ainda como ele vai fazer para vir para o Rio. Marcos vai sentar com a gente na mesa e possivelmente o Daniel Schorr, se ele conseguir vir para o festival.

Essa palestra já é uma previa para o Workshop que daremos na seqüência no Ctav. Ainda não temos detalhes mas parece que vai ser coisa de 10 dias de curso.

Mais notícias a seguir.

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Retrato de família

Adieu Quebec, Adieu Canadá!

Hoje é o nosso vôo. Primeiro vamos pegar um avião até Toronto (1 hora de vôo) e depois um para São Paulo (11 horas de vôo) e depois eu ainda tenho que pegar um para o Rio (mais 1 horinha). Sendo que vou passar umas 10 horas no aeroporto de São Paulo esperando por esse último vôo.

É o fim da nossa jornada mas não o fim da história. Vamos continuar postando Workshops atrasados, histórias e feedbacks sobre bastante coisa que aconteceu aqui no Canadá e não tivemos tempo de colocar no Blog. Vamos manter vocês atualizados sobre o lançamento dos filmes na web, exibições em festivais etc...e também vamos estar postando datas e feedbacks sobre as palestras e Workshops que nós daremos no Brasil, eu no Rio e Jonas em São Paulo.
Além de fotos e vídeos de passeios, viagens e outras aventuras.

Bom, até lá! Vejo vocês no Brasil!

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Debutante animada - Jornal o Dia (Kamille Viola)

Anima Mundi chega a sua 15ª edição, em junho, consagrado como evento de animação que mais atrai público no mundo. E com o mérito de ter estimulado a produção nacional.

Rio - Em junho, o Anima Mundi chega à 15ª edição, com o status de terceiro mais importante festival de animação do mundo — atrás dos de Annecy, na França, e Hiroshima, Japão — e o de maior público. Mas seu principal mérito é ter estimulado a produção nacional em animação. O evento, de 29 de junho a 8 de julho no Centro Cultural Banco do Brasil e na Casa França-Brasil (além da edição em São Paulo ), foi essencial para o desenvolvimento e crescimento do mercado brasileiro na área.

“Em 1993, quando começou, o Anima Mundi fez uma retrospectiva de tudo o que Brasil tinha produzido em curtas-metragens autorais de animação. No ano seguinte, tinha um filme brasileiro. Essa era toda a produção nacional. Em 1995, não tinha nenhum”, lembra o animador Marcelo Marão, 35 anos, que participou da competição cinco vezes e levou dois prêmios: pelos curtas ‘Chifre de Camaleão’ (2000) e ‘Engolervilha’ (2003).

“Em 1996, terminei ‘Cebolas São Azuis’ e tinha cinco filmes brasileiros competindo. Por mais ridículo que pareça, na época isso foi saudado como um renascimento da produção brasileira. Este ano, foram mais de 300 curtas brasileiros inscritos”, comemora ele.

O Anima Mundi também foi importante ao dar acesso, em tempos pré-YouTube, ao melhor da produção estrangeira. O longa ‘A Viagem de Chihiro’, de Hayao Miyazaki, foi visto por aqui pela primeira vez no festival, em 2002. O francês ‘Bicicletas de Belleville’, de Sylvain Chomet, foi mostrado em 2003 no evento. ‘O Velho e o Mar’, de Alexander Petrov, vencedor do Oscar de melhor curta de animação em 2000, foi exibido pelo Anima Mundi no mesmo ano.

Os debates e workshops trouxeram gente do quilate do brasileiro Carlos Saldanha, um dos diretores de ‘A Idade do Gelo’; Jason Spencer-Galsworty, de ‘A Fuga das Galinhas’, e Doug Sweetland, da Pixar, entre outros. “É um dos pontos altos do festival. Você vê coisas que não veria no circuito e sai dali cheio de idéias”, diz Eliane Gordeeff , uma das autoras de ‘Sete Kptais’, selecionado para este ano. “Fiz um workshop em 2002 e no ano seguinte tive um filme escolhido”, conta Erica Valle, que agora concorre com ‘Primeiro Movimento’.

PREMIADOS DE TODO O MUNDO

A 15ª edição começa dia 29 de junho, mas a lista dos concorrentes aos prêmios já foi divulgada. Entre os destaques, Bill Plympton, que teve dois curtas selecionados: ‘Don’t Download This Song’, clipe de Weird Al Yankovic, e ‘Shut Eye Hotel’. Ian Mackinnon, do estúdio que fez os bonecos de ‘A Noiva-Cadáver’, participa com ‘Adjustment’, que já levou vários prêmios e concorre também no Festival de Annecy, na França, o mais importante do mundo. Também merecem atenção ‘Lavatory — Love Story’, novo curta do russo Konstantin Bronzit, já premiado no festival; ‘Chestnuts Ice Lolly’, de JJ Villard, que já teve filme exibido em Cannes, e ‘Conte de Quartier’, de Florance Miailher, que competiu em Cannes ano passado.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Fim da Linha

Agora é oficial. ACABOU.... acabo de sair da sala de cinema onde fizemos o mix final do som com a versão final do filme. Não foi fácil...o que segue é um resumo de todo o drama que rolou nos últimos 2 dias.

22 de Maio: Online
Chegamos cedo na NFB (eu e Jonas) para nossa sessão de Online que foi feita ao mesmo tempo para os dois filmes e para abertura da Torill.

Basicamente o que fazemos no online é corrigir as cores já que toda nossa edição é feita offline (na sala de avid e final cut). Quando um documentário vai para o online se faz muito mais edição que numa animação.

Eu não sei se entendi bem essa parte mas acho que a grande diferença do online e do offline é a seguinte: Quando editamos offline vemos uma versão preview (com compressão) do filme numa ilha comum (um bom Mac com avid ou final cut já é o bastante). Dai não temos conexão nenhuma com a imagem final mas podemos fazer o 'básico' da edição em tempo real (cortes, movimentos de câmera etc).

Depois de todo esse grosso feito vamos para a ilha online, onde usamos um equipamento super caro (o software principal se chama Symphony) para ver como a imagem final vai se comportar no monitor de tv, numa tela de LCD widescreen etc. A ilha online é tão cara que não podemos usa-la por muito tempo. Temos que marcar hora e usar da melhor forma o tempo que temos... Existe uma fila inacabável de filmes da NFB esperando para passar pelo online (por isso existe a edição offline para o grosso, que é muito mais barata).

O meu problema foi que meu filme tem várias cores e todas elas estavam em movimento, com degrades e chapadas em um mesmo arquivo de vídeo.... Isso significa que para corrigir qualquer problema tínhamos que ir frame a frame e isso não era uma opção viável. A outra opção seria ter elementos separados em diferentes layers.

Por sorte 70% das cores funcionaram bem mas o azul no final ficou verde e sem nenhuma saturação... O que tivemos que fazer então foi re-renderizar algumas coisas separadas do meu projeto de After para poder isolar o fundo azul e corrigir as cores. Isso é muito fácil quando você tem tempo mas estávamos no meio da sessão quando decidimos por essa solução.

O que resultou numa corrida final para ter tudo pronto até as 17:00 quando a fita final tinha que ser gravada. Entre uma e outra correção David (o técnico do Online) fez o filme do Jonas e da Torill.... No fim eu já estava uma pilha de nervos :) Principalmente porque até aquele momento eu havia estado bem tranqüilo quando aos meus prazos e resultados. Eu tinha bastante tempo para corrigir cores ou renderizar elementos separados SE eu soubesse que iríamos precisar disso na última hora. Na verdade eu nem sabia que podíamos fazer isso na sessão de online... Houve uma certa falta de comunicação nesse caso... Tudo porque o Online é algo caro e fechado (quem sabe dos detalhes está trabalhando e quem não sabe não pode ajudar muito).

No fim acabamos conseguindo. Não acho que ficou perfeito meu online mas é o projeto Hot House (fazemos o que podemos).

22 de Maio: Final Mix
No dia seguinte pensei comigo que não teríamos mais nenhum problema mas quando chegamos na sessão descobrimos que a versão final que saiu do online havia sido fechada com 23.98 frames por segundo e não 24 como deveria ter sido.

Pra quem sabe o que significa até faz sentido porque quando você converte de 24 frames por segundo (que é o fps original no qual animamos) para 23.98 fps fica mais fácil para irmos para 29.97 que é a contagem para vídeo (TV, DVD etc) sem perdas.... Entendeu? Nem eu....

O que acontece é que toda essa conversão técnica não casa com a música e acabou que tínhamos que esperar o vídeo com 24fps para finalizarmos o Final Mix. Enquanto isso trabalhamos com a versão do filme que tínhamos que era o meu Picture Lock. Isso foi bem ruim porque essa versão não tinha toda a animação que precisávamos.... Só na última hora de Final Mix é que usamos a versão final do filme.

O filme abaixo além de provavelmente estar fora de sync ainda mostra o vídeo antigo.


Quanto a edição de áudio do Final Mix acho que foi ótima. Esgotamos as possibilidade, testamos diferentes efeitos para os momentos de impacto e acho que fizemos o melhor que podíamos.

Fechamos bem essa parte e agora só vou ver a versão final mesmo na segunda quando nossos filmes vão passar na sala de cinema, com o público (pela primeira vez) e com o mínimo de compressão possível.... Ou melhor, vai ser o dia decisivo para ver a reação que as pessoas vão ter sobre o filme.

Eu sai da sala de cinema (após a sessão de Final Mix) com uma sensação estranha... é engraçado porque sei que algumas pessoas vão odiar, outras vão andar e outras vão gostar... e provavelmente eu mesmo vou acabar odiando o filme daqui a alguns anos. Mas a sensação continua. É uma mistura de saudade antecipada disso tudo + dever cumprido + acho que fiz M. Não sei explicar.

sábado, 19 de maio de 2007

The Bill Plympton Show!

Antes de ontem fomos à Cinemateca de Quebec para assistir ao Workshop do Bill Plympton.

O cara é muito engraçado. Faz bem o tipão Cartunista Americano, sacando piadas de humor negro a torto e a direita. Não esconde que a sua intenção é viver fazendo o que gosta: Filmes de animação que fazem as pessoas rirem e o fazem viajar pelo mundo inteiro ganhando algum dinheiro.

O próprio workshop é parte dessa "estratégia de sobrevivência do animador independente"... Ele sai por ai dando o que ele chama de "The Bill Plympton Show" que é como se fosse uma comédia de palco (ou Stand Up Comedy como eles chamam por aqui). E a coisa parece ser bem ensaiada, ele conta as mesmas piadas e técnicas em todos os lugares... como podemos ver nos vídeos da UCLA e da Creanimax.

Ele começou falando bastante dos macetes e regras que ele usa para seus filmes. O primeiro ele chamou de Dogma para fazer curtas de animação de sucesso.
Dogma para fazer curtas de animação de sucesso:

  1. Curto: Isso significa algo entre 3 e 7 minutos. Filmes curtos não deixam a platéia de saco cheio, são mais fáceis de tapar buracos de programação para os compradores (brodcasters) e ficam prontos mais rápido. O curta acaba sendo o preferido de outros tipos de compradores também... como por exemplo a sociedade de câncer do pulmão que comprou o curta 25 maneiras de parar de fumar. O Filme é o mais bem sucedido comercialmente e dá dinheiro até hoje.

  2. Barato: Não contratar uma equipe gigante, não fazer um estilo impossível, não gastar dinheiro com efeitos especiais, não usar talentos de voz super conhecidos, não desenhar todos os quadros da animação (full animation ou by1).... em outras palavras: Manter simples e direto ao ponto. Ele diz que os filmes dele ficam com custo em torno de $1.000,00 (dolares americanos) por minutos e que mais de $5.000,00 por minuto fica difícil de dar lucro.

  3. Engraçado: "Quando as pessoas vêem um filme de animação elas esperam rir!"...Bill acha que rir tem um efeito medicinal e que é muito mais fácil um filme ser bem sucedido de for engraçado do que se for "chato".
Conclusão: O filme perfeito pra ele é "Bambi versus Godzilla" de Marvin Newland que é bem curto, super barato e muito engraçado. O filme só tem 15 quadros de desenho.


Ele falou bastante dos filmes de Don Hertzfeld também. Super baratos e super engraçados.

Esse vídeo é a abertura do Animation Show (como vocês podem perceber) que está rolando aqui em Montreal. Nós vamos tentar comparecer nas duas semanas que ainda nos restam, fiquem ligados para um post sobre isso.

Por outro lado, depois de ensinar tudo isso ele também diz: "O que eu sei na verdade!? Eu nunca ganhei um Oscar!"... Essa história toda é só o jeito que ele escolheu fazer seus filmes: "O filme Ryan por exemplo! É grande, caro e nem um pouco engraçado e ganhou um Oscar". Na verdade ele diz ainda que nem sabe porque o filme "My Face" foi nomeado, pra ele é uma idéia estúpida sobre a música que deu pra fazer na época com o dinheiro que ele tinha ...e é só isso!

Sinto que a todo momento ele transforma a própria obra em piada. Na verdade o mundo para ele é uma piada. Isso ficou bem claro ao assistir "O Sábio" onde Bill faz pouco da seriedade da filosofia e mostra sua própria filosofia 'escrachada' de vida. Como ele mesmo disse: "Pra mim todo animador deveria ter 8 anos de idade" e muitas vezes parece que ele tem mesmo (ou pelo menos uns 18 :)

Por outro lado ele afirma que sua carreira começou mesmo quando ele foi nomiado ao Oscar e numa segunda parte do Workshop dá uma lista de como mandar seus filmes para festivais que começa com o próprio...

Como mandar seus filmes para os festivais:
  1. Oscar: Mandar primeiro para o Oscar (todos acharam que ele estava brincando e houve uma grande gargalhada na sala)..."Funcionou com o Ryan!" - Disse ele sério... Para mandar você precisa pagar $400,00 (dolares americanos) para um cinema em Los Angeles exibir o filme durante algumas semanas (4 eu acho). Dai você passa a ser elegível para lista do Festival. Qualquer um pode entrar na lista. O Oscar então escolhe dos elegíveis os melhores (o que é chamado de Short List). Dessa Short List eles fazem mais uma seleção de onde saem então os nominados ao Oscar. Parece que no Oscar eles tem até categoria de estudantes e etc... Ou melhor, funciona quase como um festival normal.

  2. Cannes: Todos os compradores estão lá. Ótimo mercado para vender seus filmes.

  3. Sundance: Melhor lugar para curtas independetes.

  4. Annecy: "Se eles gostarem do seu filme vale a pena, vão te tratar como um rei". Ótimo mercado também.

  5. Os outros: Ottawa, Hiroshima, Zagreb, Stuttgart, Clermont Ferrand etc... O Anima Mundi infelizmente não entrou na lista... certamente porque ainda não tem o tipo de "mercado"($$$) que animadores como o Bill procuram.
O Workshop continuou assim. Como ganhar dinheiro e ser bem sucedido... Como ir aonde está o 'negócio' e como fazer seu 'marketing pessoal'...Notas de dinheiro voaram para todos os lados e... Digo, ele não falou de marketing pessoal mas na saída ele fez um desenho para cada pessoa dentro da sala em um cartão postal do seu novo filme. Vendeu livros e DVDs baratos e deu autógrafos em todos.
Outra dica que ele deu foi como tirar o máximo de grana dos seus filmes:
  1. Cinemas: Vender seus filmes para shows, compilações e exibições em cinemas (após ter colocado em todos os festivais possíveis, é claro). Um dos que pagam melhor é o Animation Show (já citado acima)... Ele disse que conseguiu $5.000,00 por "Guide Dog", o que já pagou praticamente toda a produção do filme.

  2. Exibições privadas (fora dos cinemas): Escolas, livrarias, corporações, linhas aéreas, hospitais, associações etc... Como os filmes dele sempre tem um teor "educativo" vale a pena explorar bem esse tipo de mercado.

  3. TV: Depois de fazer todas as exibições privadas possíveis vamos para os broadcasters (o que quer dizer que agora você está a um passo de perder o seu filme já que fica mais fácil de copiar em casa). Para as TVs do mundo inteiro ele faz contratos de 2 anos não exclusivos. O que quer dizer que ele pode vender para duas TVs no mesmo território. Pelo que eu entendo quer dizer que você vai cobrar menos para exibirem o filme mas em compensação você evita a famosa geladeira ou coisa parecida... O que quer dizer que o canal de TV não pode vetar seu filme se eles quiserem.

  4. DVD: Singles, Compilações e Especiais. Os singles são os DVDs que possuem apenas um curta (o que pra mim não é muito justo mas acho que o Bill não vende muitos singles).

    As compilações são um conjunto de curtas em um só DVD que podem ser de apenas um autor ou de um grupo de diretores (como é o caso do DVD Avoid Eye Contact feito apenas por diretores de Nova York).

    Os especiais são compilações que reunem filmes de um único tema. Um dos especiais que estavam a venda era uma compilação de filmes Ambientais que ele fez. A vantagem dos especiais é que eles apelam para a necessidades dos compradores. Por exemplo: Se você é um ativista do green peace provavelmente vai comprar o DVD ambiental, se você é um animador vai preferir o Collection of 2005 Academy Award Nominated Short Films.

    A NFB também faz muito isso, o problema é que se você acaba comprando o mesmo filme duas ou três vezes para poder ter todos os filmes que você quer comprando os especiais e as compilações. É tipo um macete para empurrar alguns filmes que nunca vendem também...vale a pena se você for comprar só uma compilação, mas dai ela tem que ser muito boa.... bom, acho que vocês entenderam o truque :)

  5. Internet: O próximo passo é a internet. Itunes foi basicamente o mercado que ele citou. Faz sentido. Depois que você explorou todas de todas as formas rentáveis você vai para web mas apostando em uma ferramenta que já funciona bem... Tipo, algumas pessoas (talvez não no Brasil ainda mas certamente em outros paises como EUA e Canadá) pagam um preço (pequeno mas considerável em termos de web) para dar download dos filmes e colocar em seus Ipods. Existem outros canais como sites que pagam por visualização de conteúdo etc... Um problema sério que ele aponta é o You Tube, claro, já que os filmes estão sendo exibidos sem retorno.

    Ele também citou a web como uma boa forma de promoção e merchandizing para produtos como DVDs, posters, livros, arte original (tipo frame dos filmes) etc.

  6. Comissão: O último retorno financeiro citado são os trabalhos comissionados que virão através da publicidade que o filme vai fazer por você: Comerciais de TV, Workshops e palestras etc... Abaixo dá pra ver como os filmes podem trazer esse tipo de retorno.



No dia seguinte exibiram alguns filmes no mesmo local: Os primeiros e os melhores trabalhos da carreira. Também foi exibido um filme que ele fez tirando sarro de animação abstrata. Depois desse veio um filme abstrato tirando sarro das animações dele feito por um outro diretor. Foi bem engraçado porque o filme era uma brincadeira com os filmes de Norman Maclaren mas no centro de tudo sempre viamos um frame do filme "My Face" e diversos sifrões ($) voando pela tela. Acho que Bill não gostou desse filme quando ele foi lançado mas agora parece que ele faz como todo o resto: Leva na Brincadeira.

Nesse segundo dia a Martine Chartrand também foi ao evento e descobrimos que ela é uma amiga antiga do Bill. Acabou que ela nos chamou pra Jantar com ele! Fizemos vários desenhos no papel da mesa do restaurante que demos de presente uns para os outros. Reclamou-se bastante do You Tube e todos encheram a cara de vinho....Foi um dos melhores vinhos que já bebi... e melhor ainda porque foi pago pelo curador de animação da Cinemateca de Quebec que estava com a gente :)

(da esquerda para direita) Diego Stoliar, O curador da Cinemateca, Bill plympton, Martine Chartrand, o marido dela e Jonas Brandão.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Terminamos!!

Ahhh. Finalmente. Ontem entregamos nossos filmes. Estou bastante contente com os resultados! Agora, estou ansioso para ouvir ao som final que o Luigi preparou. Eu ouvi apenas o começo da edição, mas não sei como ficou, no final das contas. Vou ver só na semana que vem, quarta feira, dia da nossa mixagem final.

Essa semana foi muito tensa. Eu tinha várias pequenas coisinhas pra mudar. E várias pequenas coisinhas dão um trabalhão, porque são várias, então eu fiquei muito tempo consertando tudo. Agora, que tudo está pronto, sinto o bom compromisso do "dever cumprido".

Aí vai um trechinho do vídeo final. :)





Agora, temos praticamente duas semanas só pra explorar Montreal. Semana que vem vou fazer outra visita ao pessoal da Toon Boom. Eles foram muito gentis em nos ceder duas licenças do Toon Boom Solo e do Toon Boom Storyboard para realizarmos os filmes. No meu caso, eu fiz o filme todo 99% no Solo. O 1% se deve a uns poucos ajustes que eu acabei fazendo no after. Nada importante. Vamos assistir a algumas produções feitas nos softwares lá na Toon Boom. E, de quebra, o Sergio de La Cruz, vendedor da Toon Boom, vai tentar marcar umas visitas a alguns estúdios de Montreal. Se a gente tivesse mais tempo e dinheiro, ele teria nos levado a Toronto e Ottawa. Muitos dos estúdios canadenses importantes estão por lá.