sábado, 7 de abril de 2007

Picture Lock está chegando...

Semana que vem, na terça, tem outro Progress Review. É o último Progress Review antes do Picture Lock, que deve acontecer no dia 20.

O Progress Review é uma reunião com os produtores (Maral Mohammadian, Michael Fukushima e David Verrall), a mentora (Torill Kove) e o especialista em efeitos visuais (Randall Finnerty), em que eles avaliam o andamento do teu projeto e te questionam para uma série de coisas que até então estão mal explicadas ou desenvolvidas.

O Picture Lock é uma reunião demonstrativa, ou apenas uma data (ainda não sabemos) do teu filme, quando todo o planejamento da sua animação está finalmente fechado. Ou seja, após essa data, o tempo das ações e do teu filme, principalmente, não será modificado, e é preciso deixar claro quais elementos visuais irão aparecer (Vai ter pássaros no céu? Vai ter carros passando atrás da tua ação?), em quais momentos e qual a duração desses elementos visuais. Após o Picture Lock, você não pode mudar nada significativo, principalmente em relação ao tempo.

A tua animação não precisa estar pronta para o Picture Lock. Mas você precisa ter um animatic bem desenvolvido, com todos os pingos nos i`s, porque esse vídeo que você exibe vai pra equipe de som, que no nosso caso é o Luigi Allemano, para que o trabalho de sonorização e composição da trilha comece. O editor de som vai trabalhando em cima do seu vídeo rascunhoso, ao passo que você continua animando e afinando o teu vídeo. É aí que tudo do teu vídeo tem que estar definido, o que é uma grande responsabilidade. Está todo mundo meio tenso aqui...



No meu caso, eu estou preparando uma versão do vídeo mais grosseira, mas animada, para apresentar no picture lock. Como todos, quero deixar a minha animação o mais completa possível para essa fase. O que eu estou fazendo está bem bruto, bem animação de recortes. Vai ficar faltando um monte de coisas, que eu vou me preocupar depois, como por exemplo animar os objetos que vão dentro dos balões de fala, melhor as expressões, adicionar mais coisas às animações. Uma vez com o filme animado grosseiramente, é só eu ir afinando e trocando alguns desenhos. Acho que dá pra eu acabar a animação propriamente dita um mês antes do prazo, o que é muito bom! :D

Este é o meu objetivo agora. E quero ver se consigo fazer isso até terça, pra mostrar no Progress Review. Não falta muito...

Cotton Eye John Weldon

Enquanto eu não passo os vídeos que fiz na festa para web vocês podem curtir uma versão de Cotton Eye Joe no you tube, dá pra sentir bem o clima da festa que bombou de Blue Grass e Folk music. Muitos banjos, bandolins e violinos completaram as duas rodas de cantoria dentro da casa.

Ficou muito lotada de animadores. Conheci a Janet Pearlman (Bully Dance), o próprio John Weldon que tem vários filmes bons de animação (provavelmente veremos na próxima semana) e um dos professores do workshop da NFB de 1986. Jonas conheceu o cara que fez a música para o Father and Daughter... muito legal.

Comi demais! e tivemos que voltar de taxi porque o metro já havia fechado. Parece que aqui a festa é como os 'pagode com churrasco' no Brasil, mas com menos pessoas rebolando.

Qualquer semelhança entre a musica folk e a quadrilha nordestina não é mera conhecidência. Existe toda aquela história do Forró ter vindo do "For All" por influência dos norte americanos etc.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Festa no John Weldon

Amanhã a noite, a partir das 4 da tarde, começa a grande festa anual do John Weldon. John Weldon é um animador das antigas aqui da NFB. Ganhou um oscar de melhor curta de animação pelo seu filme Special Delivery, em 1978.

Segundo todos dizem por aqui, a festa anual do John Weldon é o maior evento da animação no Canadá. Churrasquinho e cervejinha, com todos os animadores do Canadá, e de outros lugares do mundo. Rumores dizem até que Michel Ocelot estará lá. :)

Ou seja, pra quebrar essa neve que está caindo, cerveja gelada, linguiça na brasa, animadores bêbados, coisa e tal.

Semana que vem, na terça, tem outro Progress Review. É o último Progress Review antes do Picture Lock, que deve acontecer no dia 20.

O Progress Review é uma reunião com os produtores (Maral Mohammadian, Michael Fukushima e David Verrall), a mentora (Torill Kove) e o especialista em efeitos visuais (Randall Finnerty), em que eles avaliam o andamento do teu projeto e te questionam para uma série de coisas que até então estão mal explicadas ou desenvolvidas.

O Picture Lock é uma reunião demonstrativa, ou apenas uma data (ainda não sabemos) do teu filme, quando todo o planejamento da sua animação está finalmente fechado. Ou seja, após essa data, o tempo das ações e do teu filme, principalmente, não será modificado, e é preciso deixar claro quais elementos visuais irão aparecer (Vai ter pássaros no céu? Vai ter carros passando atrás da tua ação?), em quais momentos e qual a duração desses elementos visuais. Após o Picture Lock, você não pode mudar nada significativo, principalmente em relação ao tempo.

A tua animação não precisa estar pronta para o Picture Lock. Mas você precisa ter um animatic bem desenvolvido, com todos os pingos nos i`s, porque esse vídeo que você exibe vai pra equipe de som, que no nosso caso é o Luigi Allemano, para que o trabalho de sonorização e composição da trilha comece. O editor de som vai trabalhando em cima do seu vídeo rascunhoso, ao passo que você continua animando e afinando o teu vídeo.

No meu caso, eu estou preparando uma animação mais grosseira, mas animada, para apresentar no picture lock. Como todos, quero deixar a minha animação o mais completa possível para essa fase. O que eu estou fazendo está bem bruto. Vai ficar faltando um monte de coisas, que eu vou me preocupar depois, como por exemplo animar os objetos que vão dentro dos balões de fala, melhor as expressões, adicionar mais coisas às animações. Mas quero ter todo o filme animado, ainda que dessa maneira mais grosseira, para o picture lock. E quero ver se consigo fazer isso até terça, pra mostrar no Progress Review. Não falta muito...

Animações que você tem que ver!

Inaugurando a sessão "Animações que você tem que ver!"!
Começando pelos clássicos. Desenhos da UPA.

A UPA (United Production of America) surgiu em meados da década de 50, a partir da união de alguns artistas que romperam com a Disney, depois da greve de 41 no estúdio. Suas produções inauguraram o início da animação moderna nos EUA, quebrando com a busca pelo realismo de Disney, utilizando um estilo de arte mais estilizado, inspirados por alguns ilustradores da época, quebrando perspectiva, abusando do uso de cores chapadas, e as vezes texturas, brincando com as formas gráficas, simplificando o estilo de animação e reaproveitando desenhos. Eu gosto muito das animações dessa fase, são muito bonitas e criativas. A UPA influenciou Hanna-Barbera e todas as gerações de animadores que vieram depois. A influência é visível até hoje, nos desenhos do Cartoon Network e cia.

É da UPA os saudosos Mr. Magoo e Gerald McBoing Boing. E é com ele que eu começo a minha seleção. Seguem aí três filmes que eu gosto muito, e que representam bem o período e o que foi a empresa.

Gerald McBoing-Boing



Unicorn in the Garden



Christopher Crumpet



A UPA acabou terminando porque, como tudo nos Estados Unidos é realmente "democrático", a empresa foi tachada de organização comunista, por conta da suspeita sobre muitos artistas. Pouco a pouco a coisa foi ficando insustentável, e a Columbia Pictures, que havia injetado muitos recursos na empresa, foi retirando seus investimentos e logo as pessoas foram abandonando a companhia... E aí foi o que ninguém gostaria que tivesse sido.

Conhecemos a Sandee

Sandee: Stereo Animation Drawing Device.

É uma forma de desenhar e mostrar animações em 3 dimensões. Eles usam dois projetores, cada um com um filtro stereoscópico na frente da lente. O filtro stereoscópico funciona permitindo que a onda de luz só passe em uma direção, bloqueando todas as outras direções de ondas que saem das lentes dos projetores. Cada projetor então passa a mostrar apenas uma direção de onda. Um projetor mostra a imagem que deve ser vista pelo olho esquerdo e a outra mostra a que deve ser vista pelo olho direito, cada uma com uma direção de onda de luz específica.

Dai nós usamos óculos stereoscópicos que também bloqueiam a passagem das ondas. Assim o olho direto só vê a onda que o projetor 'direito' está mostrando e o mesmo acontece para o esquerdo.

Não é tão fácil montar uma sala de projeção (para pessoas normais). É necessário uma tela de prata, projetores de alta qualidade e o software que toca os dois vídeos ao mesmo tempo (além das películas stereoscópicas e dos óculos), mas também não é tão caro assim (para empresas é uma pechincha). É mais barato que alguns sistemas de home teather aqui do Canadá. E cada óculos custa apenas 1 dollar canadense. Bem mais baratos do que a outra tecnologia usada para imagens 3d que tem óculos eletrônicos.

É possível preparar animações feitas em qualquer software 3D para a Sandee (renderizando tudo com duas câmeras). Assim como também é possível gravar vídeos live action ou stopmotion com duas câmeras. Os únicos que ficam de fora são os animadores 2D, esses tem mesmo que desenhar no equipamento da Sandee.

O software no qual se desenha o 2D no espaço renderiza a animação tridimensionalmente em tempo real. Ele também tem interpolação automática e captura de movimentos. Desenhamos com pistolas virtuais, que parecem aqueles controles comuns de autorama. Cada pistola tem um reconhecimento espacial (como um controle de Wii) e um gatilho para gravar a pressão do traço.

Eu dei várias espiadas com e sem os óculos 3D para tentar compreender como o efeito funciona na prática e o que me pareceu é que, quanto mais próximas as imagens dos projetores aparecerem na tela, mais nítida a imagem 3D fica para nós e assim eles representam o que está em primeiro plano ou no foco da visão. Uma animação que tenha que estar distante então, acontecendo no último plano, além de aparecer menor na tela e por trás de tudo, vai também ter imagens mais separadas sendo mostradas pelos dois projetores. Ai é que está a dificuldade do efeito tridimensional e a impossibilidade de converter um filme originalmente feito em 2D para exibição stereoscópica.... Muito técnico né!? Mas não é tão difícil de entender com imagens.

Abaixo você pode ver alguns links para filmes feitos no sistema da Sandee ou transcritos para o sistema:
Falling in love
Moon Man
June

CTV news

Ontem saimos na tv local aqui de Montreal (CTV cfcf às 18:50 do dia 4/4/2007). A entrevista foi comigo, Jonas, Carla e eu acho que o Dale também falou um pouco. Não conseguimos ver na TV porque ficamos aqui na NFB até tarde. Também não consegui achar no site da CTV mas acho que essa foi a primeira vez que não gaguejei...tanto....

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Blog do Neil Gaiman

Um amigo meu me passou o endereço do Blog do escritor britânico Neil Gaiman. Gaiman é um fenômeno literáreo recente de vendas de livros no mundo todo, e importante roteirista de quadrinhos, autor de títulos famosos como Sandman e Livros da Magia, publicados pelo selo Vertigo da DC Comics. Eu gosto muito de seus títulos, particularmente esses dois citados, pois Gaiman e seus excelentes artistas conseguem criar uma poesia rara, fantasiosa e mórbida, que muito me agrada, além de uma riqueza visual, falando em diagramação, estilo e enquadramento. Um dos artistas que trabalham com Neil Gaiman e a sua maior parceria desde sempre, que transita entre quadrinhos, literatura e cinema, é o artista Dave Mckean, o qual é um dos artistas que eu mais admiro e me inspiro.

Recentemente, Neil Gaiman colocou alguns curtas bem legais em seu Blog, que seu amigo Dave Mckean lhe mostrou. Um deles, e o que mais gostei, é um filme chamado "Papillion D`amour", dirigido por Nicolas Provost, que é uma viagem com música e imagem espelhadas do filme Rashomon, do Akira Kurosawa. O Rashomon é um filme cheio de enquadramentos simétricos, muito bonito, e Nicolas Provost conseguiu criar uma coisa nova, bem sensível, poética e misteriosa, sobre ele.




Ele também, no mesmo post, colocou o filme Tyger, na íntegra. Tyger é um filme feito no Brasil, pela Trattoria, sob direção de Guilherme Marcondes, que está papando um monte de festivais pelo mundo. O filme merece, é excelente!




Por fim, ele também colocou o Rabbit, que é um filme que eu vi no Animamundi. Excelente. E sinistro.



Eu acabei colocando todos os vídeos aqui, mas quem quiser entrar no blog do Neil Gaiman e conferir lá, aí está o endereço.

www.neilgaiman.com



Pra finalizar, um curta do Dave Mckean que eu gosto bastante. Chama-se "The week Before"

Papo interessante com Paul Driessen

Hoje no almoço batemos um papo com Paul Driessen. Nossa, como ele tem história para contar.

Primeiro ele já produziu tantos filmes que já perdeu a conta. Na sua maioria foram curtas de arte. Ele só trabalhou em dois longas. Um foi temporário, só por alguns meses e o outro foi simplesmente o Yellow Submarine dos Beatles no qual ele trabalhou por 11 meses.

A história do Yellow Submarine é que os Beatles tinham um contrato de 3 filmes para fazer com uma grande distribuidora. Eles fizeram Help e A Hard Days Night. Mas, no último filme eles queriam ir para Índia e não estavam muito a fim de ficar para as gravações. O produtor resolveu dar uma folga para os garotos e disse:'Na verdade só precisamos das suas músicas'. Dai surgiu toda a idéia do filme em animação.

Paul chega a mencionar que ele mesmo não acha o Yellow Submarine um ótimo filme. São apenas boas idéias conectadas pelas músicas. A arte é ótimas mas.... Ele diz que o roteiro foi feito em uma noite. Depois ele foi refinado mas é bem próximo do que foi concebido na primeira tentativa.

Outra curiosidade é que naquela época eles não tinham deadline. Eles animavam no tempo em que as idéias surgiam. Muitos problemas aconteceram durante a produção do filme, muitas histórias e tal mas ele disse que os animadores não sabiam de nada, eles só entregavam a animação. Numa retrospectiva em Los Angeles todos perguntavam muito sobre todos esses segredos e Paul teve que ler um livro para ficar por dentro :)

Ele começou a animar na Holanda um pouco antes do Yellow Submarine fazendo comerciais para TV. Segundo ele naquela época o próprio animador tinha a idéia para o comercial e normalmente era aprovada na hora. Você basicamente fazia o que queria!

O diretor do Yellow Submarine foi treinado na NFB, com Normam Mclaren etc. Ele apresentou a Paul as produções da NFB que ficou bastante impressionado. A partir dai ele passou a se esforçar para vir para o Canadá e trabalhar aqui etc.

Apesar de tudo Paul nunca quis ser um diretor da equipe da NFB, sempre preferiu ficar como freelancer e separar suas produções entre a Holanda e o Canadá.

Abaixo você pode ver o filme The Killing of an Egg.

Cartoon Brew

Agora já posso morrer em paz.
Hot House no Cartoon Brew.