quinta-feira, 5 de abril de 2007

Conhecemos a Sandee

Sandee: Stereo Animation Drawing Device.

É uma forma de desenhar e mostrar animações em 3 dimensões. Eles usam dois projetores, cada um com um filtro stereoscópico na frente da lente. O filtro stereoscópico funciona permitindo que a onda de luz só passe em uma direção, bloqueando todas as outras direções de ondas que saem das lentes dos projetores. Cada projetor então passa a mostrar apenas uma direção de onda. Um projetor mostra a imagem que deve ser vista pelo olho esquerdo e a outra mostra a que deve ser vista pelo olho direito, cada uma com uma direção de onda de luz específica.

Dai nós usamos óculos stereoscópicos que também bloqueiam a passagem das ondas. Assim o olho direto só vê a onda que o projetor 'direito' está mostrando e o mesmo acontece para o esquerdo.

Não é tão fácil montar uma sala de projeção (para pessoas normais). É necessário uma tela de prata, projetores de alta qualidade e o software que toca os dois vídeos ao mesmo tempo (além das películas stereoscópicas e dos óculos), mas também não é tão caro assim (para empresas é uma pechincha). É mais barato que alguns sistemas de home teather aqui do Canadá. E cada óculos custa apenas 1 dollar canadense. Bem mais baratos do que a outra tecnologia usada para imagens 3d que tem óculos eletrônicos.

É possível preparar animações feitas em qualquer software 3D para a Sandee (renderizando tudo com duas câmeras). Assim como também é possível gravar vídeos live action ou stopmotion com duas câmeras. Os únicos que ficam de fora são os animadores 2D, esses tem mesmo que desenhar no equipamento da Sandee.

O software no qual se desenha o 2D no espaço renderiza a animação tridimensionalmente em tempo real. Ele também tem interpolação automática e captura de movimentos. Desenhamos com pistolas virtuais, que parecem aqueles controles comuns de autorama. Cada pistola tem um reconhecimento espacial (como um controle de Wii) e um gatilho para gravar a pressão do traço.

Eu dei várias espiadas com e sem os óculos 3D para tentar compreender como o efeito funciona na prática e o que me pareceu é que, quanto mais próximas as imagens dos projetores aparecerem na tela, mais nítida a imagem 3D fica para nós e assim eles representam o que está em primeiro plano ou no foco da visão. Uma animação que tenha que estar distante então, acontecendo no último plano, além de aparecer menor na tela e por trás de tudo, vai também ter imagens mais separadas sendo mostradas pelos dois projetores. Ai é que está a dificuldade do efeito tridimensional e a impossibilidade de converter um filme originalmente feito em 2D para exibição stereoscópica.... Muito técnico né!? Mas não é tão difícil de entender com imagens.

Abaixo você pode ver alguns links para filmes feitos no sistema da Sandee ou transcritos para o sistema:
Falling in love
Moon Man
June

CTV news

Ontem saimos na tv local aqui de Montreal (CTV cfcf às 18:50 do dia 4/4/2007). A entrevista foi comigo, Jonas, Carla e eu acho que o Dale também falou um pouco. Não conseguimos ver na TV porque ficamos aqui na NFB até tarde. Também não consegui achar no site da CTV mas acho que essa foi a primeira vez que não gaguejei...tanto....

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Blog do Neil Gaiman

Um amigo meu me passou o endereço do Blog do escritor britânico Neil Gaiman. Gaiman é um fenômeno literáreo recente de vendas de livros no mundo todo, e importante roteirista de quadrinhos, autor de títulos famosos como Sandman e Livros da Magia, publicados pelo selo Vertigo da DC Comics. Eu gosto muito de seus títulos, particularmente esses dois citados, pois Gaiman e seus excelentes artistas conseguem criar uma poesia rara, fantasiosa e mórbida, que muito me agrada, além de uma riqueza visual, falando em diagramação, estilo e enquadramento. Um dos artistas que trabalham com Neil Gaiman e a sua maior parceria desde sempre, que transita entre quadrinhos, literatura e cinema, é o artista Dave Mckean, o qual é um dos artistas que eu mais admiro e me inspiro.

Recentemente, Neil Gaiman colocou alguns curtas bem legais em seu Blog, que seu amigo Dave Mckean lhe mostrou. Um deles, e o que mais gostei, é um filme chamado "Papillion D`amour", dirigido por Nicolas Provost, que é uma viagem com música e imagem espelhadas do filme Rashomon, do Akira Kurosawa. O Rashomon é um filme cheio de enquadramentos simétricos, muito bonito, e Nicolas Provost conseguiu criar uma coisa nova, bem sensível, poética e misteriosa, sobre ele.




Ele também, no mesmo post, colocou o filme Tyger, na íntegra. Tyger é um filme feito no Brasil, pela Trattoria, sob direção de Guilherme Marcondes, que está papando um monte de festivais pelo mundo. O filme merece, é excelente!




Por fim, ele também colocou o Rabbit, que é um filme que eu vi no Animamundi. Excelente. E sinistro.



Eu acabei colocando todos os vídeos aqui, mas quem quiser entrar no blog do Neil Gaiman e conferir lá, aí está o endereço.

www.neilgaiman.com



Pra finalizar, um curta do Dave Mckean que eu gosto bastante. Chama-se "The week Before"

Papo interessante com Paul Driessen

Hoje no almoço batemos um papo com Paul Driessen. Nossa, como ele tem história para contar.

Primeiro ele já produziu tantos filmes que já perdeu a conta. Na sua maioria foram curtas de arte. Ele só trabalhou em dois longas. Um foi temporário, só por alguns meses e o outro foi simplesmente o Yellow Submarine dos Beatles no qual ele trabalhou por 11 meses.

A história do Yellow Submarine é que os Beatles tinham um contrato de 3 filmes para fazer com uma grande distribuidora. Eles fizeram Help e A Hard Days Night. Mas, no último filme eles queriam ir para Índia e não estavam muito a fim de ficar para as gravações. O produtor resolveu dar uma folga para os garotos e disse:'Na verdade só precisamos das suas músicas'. Dai surgiu toda a idéia do filme em animação.

Paul chega a mencionar que ele mesmo não acha o Yellow Submarine um ótimo filme. São apenas boas idéias conectadas pelas músicas. A arte é ótimas mas.... Ele diz que o roteiro foi feito em uma noite. Depois ele foi refinado mas é bem próximo do que foi concebido na primeira tentativa.

Outra curiosidade é que naquela época eles não tinham deadline. Eles animavam no tempo em que as idéias surgiam. Muitos problemas aconteceram durante a produção do filme, muitas histórias e tal mas ele disse que os animadores não sabiam de nada, eles só entregavam a animação. Numa retrospectiva em Los Angeles todos perguntavam muito sobre todos esses segredos e Paul teve que ler um livro para ficar por dentro :)

Ele começou a animar na Holanda um pouco antes do Yellow Submarine fazendo comerciais para TV. Segundo ele naquela época o próprio animador tinha a idéia para o comercial e normalmente era aprovada na hora. Você basicamente fazia o que queria!

O diretor do Yellow Submarine foi treinado na NFB, com Normam Mclaren etc. Ele apresentou a Paul as produções da NFB que ficou bastante impressionado. A partir dai ele passou a se esforçar para vir para o Canadá e trabalhar aqui etc.

Apesar de tudo Paul nunca quis ser um diretor da equipe da NFB, sempre preferiu ficar como freelancer e separar suas produções entre a Holanda e o Canadá.

Abaixo você pode ver o filme The Killing of an Egg.

Cartoon Brew

Agora já posso morrer em paz.
Hot House no Cartoon Brew.

terça-feira, 3 de abril de 2007

Gerador de animações aleatórias em Flash


http://presstube.com/projects.php



Esse site é do amigo de um dos rapazes que está participando do Hothouse conosco aqui na NFB. Esse cara trabalha com Flash e mora em Montreal, e segundo esse meu amigo, James, ele é um gênio matemático... o cara criou umas funções no Flash pra gerar desenhos e animações randômicas, baseadas em alguns padrões que o autor define. Em outras palavras, o computador cria todos os desenhos e animações e morphings sozinho, e essas animações têm tantas variáveis que pode ser que essas imagens nunca se repitam.

Parece que quando ele tinha 17 anos a Bjork encomendou um site pra um dos discos dela, e ele fez um trabalho bem legal, que tá lá nesse site. Eu não faço idéia de como o cara consegue gerar todas essas imagens...

Dois exemplos disso tudo que estou falando:

http://presstube.com/project.php?id=229

http://presstube.com/project.php?id=218 (Dá pra baixar um screensaver desse. Eu o tenho usado aqui na NFB)



OBS: Nem todas as animações ali são frutos dessas funções que ele desenvolveu. Mas mesmo assim, são muito legais de ver.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Jaques Bensimon chega à ABPI-TV como consultor internacional

Com 40 anos de experiência no mercado audiovisual, Jaques Bensimon, ex- presidente do National Film Board do Canadá, foi contratado para ser o consultor internacional da Associação Brasileira de Produtores Independentes de Televisão (ABPI-TV). Com a atribuição de orientar a associação no mercado internacional, Bensimon sugere que antes mesmo de pensar em estratégias para o mercado externo, a ABPI-TV precisa estar “em ordem” nacionalmente.
“O mercado brasileiro é muito complexo e o primeiro objetivo a ser concretizado é criar uma massa crítica de talentos, pessoas e fundos para a produção”, diz.
Segundo o consultor, os primeiros passos a serem dados são: o desenvolvimento de uma estratégia concreta, a contratação de pessoas para trabalhar no projeto, e a capacidade de responder às necessidades do mercado.
Bensimon tem um plano de cinco anos junto à associação. Nesse período, o objetivo é tornar a ABPI-TV em um player estruturado no Brasil e internacionalmente. “Vamos rastrear tudo o que aconteceu para chegar ao momento atual”, diz. Ele sugere ainda que o real impacto da realização deste plano deverá ser sentido com mais intensidade no próximo outono.

Mercado internacional

Quando o assunto é estratégia internacional, ele diz que é necessário prospectar quais são os países e os players mais interessantes e desenvolver uma estratégia multilateral. Entre os países que podem ser interessantes parceiros de negócios para o Brasil, ele destacou o Canadá, os países asiáticos, os europeus, os países do oriente médio e os Estados Unidos. “O mercado norte-americano é ‘impenetrável’. Temos que entrar no mercado deles, seja por TV a cabo, empresas de telefonia ou pelo mercado de língua hispânica”, afirma.
Ele lembra ainda que embora a imagem do país no exterior seja boa quando o assunto é música e cinema, no caso da televisão isso ainda não acontece.
Na opinião do consultor, o país tem de impactar em produções para a televisão e nas novas plataformas. “Estou aqui para ajudar a ABPI a entender o mercado e não cometer os mesmos erros já cometidos no passado”, conclui.


Daniele Frederico - TELA VIVA News - 30/03/2007, 17h28

Teste na ilha Online

Aqui na NFB temos duas ilhas para edição dos curtas, além é claro da edição inicial que fazemos ao criarmos o filme. Uma é a ilha Offline onde vamos usar o Final Cut Pro ao lado de um editor profissional e vamos ajustar a decupagem do filme. Dar um ajuste mais finos, tirar ou atrasar tempo etc.

Depois, mais para o final temos a ilha Online. A ilha Online é que é o bicho. Lá cada segundo vale ouro pois o equipamento é carríssimo. Temos que agendar a visita com bastante antecedência porque não existem muitas ilhas Online e todos os filmes (live action ou animação) tem que passar por lá.

Na ilha Online o editor vai corrigir todos os possíveis erros e detalhes para todas as múltiplas versões do filme, desde da versão para o cinema, até a do DVD e da internet. Aplicar compressores, formatos, correção de cores etc.

Para não chegarmos na ilha Online com uma mão na frente e outra atrás, cheios de problemas para resolver vamos ter uma sessão na segunda para verificar se está tudo ok. Se o caminho que estamos tomando até agora é o certo e como ficará nosso filme no final se seguirmos por ele.

Nessa sessão certamente vamos dar maior atenção para o problema das cores. No cinema temos uma gama de cores maior do que no computador, no computador maior que na TV e assim por diante. Sendo assim temos que saber como as cores que estamos produzindo no computador vão se comportar na tela da TV, no cinema, no DVD etc. Adicionalmente já dá para testar também como o timing da animação vai se comportar na web e no DVD. Como as compressões vão afetar a qualidade da imagem etc.

Hoje fomos a NFB para terminarmos de preparar o arquivo para apresentar amanhã. Segue o meu teste. Os números estão bagunçados mesmo e no fim tem um still com a arte original da proposta. Dei uma caprichada nos vermelhos e na saturação geral para discutir logo na ilha até onde eu vou poder ir.



Ainda não é nada final mas acho que já está tomando forma.

domingo, 1 de abril de 2007

Albúm de Fotos

sábado, 31 de março de 2007

Underground do mercado de animação no Canadá

Ontem sai com Dale e sua namorada para um pub chamado Casa del Popolo , que por sinal é muito legal. Eles tem shows com Djs toda noite, o mês inteiro. Cada dia com um artista diferente. Quem tocou ontem foi uma mulher bem eclética, até funk Carioca rolou na parada, não pude conter as gargalhadas. Esse é o bar que o Kid Koala costuma tocar, mas pelo que vi no quadro de avisos lá parece que ele não vai sair da toca tão celo.


Foi uma pena ter de sair cedo por causa do horário do metrô. De qualquer forma deu para beber umas cervejas e tirar do Dale umas informações valiosas sobre o mercado de animação no Canadá.

Dale é de Toronto que acredito ser a cidade com maior mercado do país. Os animadores (tanto em Toronto como no resto dos estados) trabalham por contrato temporário que variam entre algumas semanas e alguns meses (No máximo 6). Isso se aplica na grande maioria para trabalhos individuais (propaganda, sites, e-learning etc) e, normalmente, se você está sendo contratado por um estúdio, você vai trabalhar lá dentro. Só recentemente o trabalho remoto está começando a virar moda ( recentemente mas rapidamente).

Quando é um freela para um cliente direto funciona como no Brasil, você trabalha em casa e se vira como puder. Nos estúdio os produtores são os responsáveis por ter dar os recursos e por te cobrar pelo trabalho, eles ficam em cima de você mas te dão toda ajuda necessária, assim como também o diretor do projeto. Dale contou uma história hilária sobre um animador mais "experiente" que foi lhe aconselhar sobre macetes do mercado e disse:"A primeira coisa que você tem que saber é: Não saia com sua produtora!" e continuou "A segunda é: Se sair, não seja um idiota!". Os produtores e os diretores são ótimos contatos para o próximo trabalho e ter uma boa relação com eles é essencial.

Outra coisa comum aqui e diferente do Brasil é o salário semanal. Todos contam por semana. Um animador em flash iniciante aqui (tipo estagiário) ganha $700,00 por semana. Isso pode ir bem mais longe conforme você vai progredindo. Dependendo do tipo de trabalho você pode ganhar de 2 em 2 semanas, por cenas ou por pacotes de trabalho produzido, mas o mais comum é por semana.

É muito raro um estúdio ter uma equipe fixa. O trabalho por contrato temporário é o padrão. Quando você está trabalhando em uma série o contrato pode chegar até a 1 ano, ou (agora vem a malandragem) eles podem colocar você de sócio do estúdio. O que em outras palavras quer dizer: funcionário sem benefícios. Não sei o quanto isso é comum maaaas....

A grande diferença com o Brasil é que aqui no Canadá tem estúdio a dar com pau. Mesmo em cidades menores (como Halifax) ou não tão voltadas para negócios (como Montreal) não é difícil achar emprego na área. No último caso você faz um bico com ilustração, ou trabalha 1 mês no Starbucks. Emprego aqui é o que não falta :) E mesmo quando falta, o salário que você ganha por projeto normalmente é o bastante para ficar uns 3 meses procurando o próximo projeto (segundo a namorada do Dale que trabalha com animação Stopmo a 10 anos em Toronto).

Outra coisa interessante é que, pelo que entendi, o mercado comercial e o mercado de arte não se dão muito bem aqui. Alguns amigos do Dale fizeram cara feia quando ele disse que vinha para NFB. Eu percebo (e isso sou eu, ninguém fala disso) que muitos diretores da NFB detestam trabalhar para o mercado comercial (pudera, é bem melhor fazer o seu filme do que ter que desenhar ursinhos etc).

Em Montreal parece que as coisas não são tão fáceis como em Toronto mas mesmo assim alguns conseguem sobreviver de animação (outros simplesmente se mudam para Toronto).

E o Brasil? me digam o que vocês acham da diferença!? Cada estado tem o seu mercado de animação. Eu só conheço os mercados do Rio e de São Paulo. Comentem sobre o seu estado. Nós sabemos que o Blog já se espalhou pelo Brasil, tem gente de Maceió, Salvador, Aracaju, Paulista, Porto Alegre.... como é o mercado na sua cidade? Se você é de outro país e fala português comente também. Sabemos que tem uma galera boa na América Central e na Europa acessando. Como é o mercado por ai! Estou curioso :P